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Hospital Octávio Lobo integra programa internacional de tratamento contra câncer em crianças e adolescentes

Unidade participa do 'Hora Dourada' que tem a meta de aumentar em 60% a taxa mundial de sobrevida dos pacientes até 2030 

Por Leila Cruz (HOL)
26/07/2024 08h10

Regiane Santos, 33 anos, mãe da Rayla Lorrane Nascimento, de 13 anos, recebeu orientações sobre o projeto.Referência no diagnóstico e tratamento do câncer infantojuvenil na Amazônia, o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol) aderiu ao Projeto “Hora Dourada: minutos que salvam vidas”, da Aliança Amarte (Apoiador Maior, Aumentando Recursos e Treinamento Especializado). 

O programa foi idealizado pelo Hospital de Amor, de Barretos (SP), e faz parte da Aliança Global Contra o Câncer Infantil. A iniciativa foi lançada em 2018 pelo St. Jude Children's Research Hospital, nos Estados Unidos, com o objetivo de padronizar protocolos, tratamento e diagnóstico de todas as instituições participantes e construir um trabalho colaborativo para reduzir a mortalidade dos pacientes nas próximas décadas.

A cada ano, cerca de 400 mil crianças e jovens, de 0 a 19 anos, desenvolvem câncer no mundo. No Brasil, são estimados mais de 7 mil casos novos por ano. No Pará, o Hoiol é uma Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), gerenciada pelo Instituto Diretrizes, sob contrato de gestão da Sespa, e atende pacientes dos 144 municípios paraenses e até de Estados vizinhos. 

Dados Somente de 2019 a julho de 2024, a unidade assistiu 1.126 casos novos de câncer. Desse total, 598 casos são de pacientes oncohematológicos, sendo as leucemias predominantes.

A gestão do hospital mostrou interesse em fazer parte do esforço mundial e recebeu o representante no Brasil, o doutor Luiz Fernando Lopes, no início deste ano. A meta do Hospital de St. Jude é estabelecer uma taxa de sobrevida desse paciente em 60% até o ano de 2030. 

“O programa ‘Hora Dourada’ é um projeto exitoso implementado em outros serviços de referência em oncologia pediátrica pelo país e no mundo. Trazer essa boa prática clínica para o hospital, possibilita melhorias contínuas no suporte ao paciente oncológico pediátrico e torna o processo do cuidar cada vez mais seguro”, destacou a diretora técnica do Hoiol, Alayde Vieira.

Combate à infecção

A ideia é combater uma das principais causas de morte em crianças e adolescentes em tratamento quimioterápico no planeta: a infecção. Segundo a líder do projeto e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (Scih) do Hospital Octávio Lobo, Adrielle Monteiro, “a febre é o principal sinal de alerta e, normalmente, está associada à queda das células de defesa do sangue (neutrófilos), a chamada neutropenia febril”. 

O projeto piloto iniciou em abril na Unidade de Atendimento Imediato (UAI) do Hoiol, serviço que assiste as intercorrências oncológicas do público infantojuvenil. “O objetivo é aplicar a primeira dose de antibiótico em 70% dos pacientes com febre  ou com temperatura igual ou superior a 37.8 ºC, em 60 minutos. Existe toda uma rede de apoio envolvida para o alcance desse objetivo global, a partir do momento que a mãe verbaliza que o filho está com alteração da temperatura na recepção do hospital”, esclareceu a Líder do Projeto.

“Existe a ficha Hora Dourada que é preenchida pela enfermagem, assim que identifica o paciente com febre para que os demais profissionais possam acompanhá-lo durante a permanência na unidade. A enfermagem imediatamente direciona a criança para o médico, que registra o horário da avaliação, da indicação e da administração do antibiótico. O técnico de laboratório também deve realizar as coletas de exames e liberá-los o mais breve possível, assim como a farmácia deve fazer a liberação do fármaco para a execução”, explicou Adrielle Monteiro.

Além da líder do projeto envolve a equipe médica, conta com a equipe de terapia intensiva e gestão de qualidade para executar as ações dentro do hospital.Consultoria especializada
Para desenvolver o projeto, a equipe do Hoiol receberá consultoria do Institute for Healthcare Improvement (IHI) e do Hospital de Barretos até março de 2025. As duas instituições orientam sobre as atividades de sensibilização, tanto das equipes médicas e de enfermagem quanto das atuantes na recepção, farmácia e laboratório, bem como auxiliam na mensuração de resultados. 
Os pais ou responsáveis também são orientados para que compreendam a febre como uma emergência oncológica e comuniquem sobre o estado da criança para que seja encaminhada à triagem.

“O intuito é fazer com que os nossos profissionais reconheçam a febre como um sinal de gravidade dentro do nosso perfil de oncologia pediátrica e ajam em tempo hábil. Assim,  evitaremos que o paciente tenha um choque séptico, necessite de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou evolua a óbito. E, enquanto hospital de referência nesse perfil assistencial, nos sentimos honrados em ser a única instituição do Pará a participar desse programa internacional  e contribuir com essa política pública de saúde”, afirmou a líder do projeto, Adrielle Monteiro.

A dona de casa, Regiane Santos, 33 anos, é mãe da Rayla Lorrane Nascimento, de 13 anos, que está em tratamento contra a Leucemia Linfoide Aguda (LLA). “A iniciativa é excelente, fiz alguns relatos sobre experiências que vivenciei com minha filha. Esse projeto traz uma palavra-chave para conseguirmos evitar algumas intercorrências, certamente vai melhorar a qualificação dos profissionais e promover a realização de exames que podem evitar situações mais graves”, disse.

Os indicadores são inseridos em uma plataforma do projeto onde consta o número de atendimentos de pacientes com febre e neutropênicos, assim como quantos deles receberam o antibiótico dentro do tempo estipulado. A partir desses dados, o Hospital vai emitir um relatório, discutir internamente e trabalhar ações de melhoria. 

A execução do projeto é multidisciplinar, além da líder do projeto envolve a equipe médica, conta com a equipe de terapia intensiva e gestão de qualidade para executar as ações dentro do hospital.