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Polícias preparam mais de 2,5 mil novos agentes de segurança para atuar no Pará

Por Redação - Agência PA (SECOM)
29/10/2017 00h00

Depois de um longo processo seletivo composto por provas objetivas (de caráter eliminatório e classificatório), teste de capacitação física, exames médico e psicológico, e investigação social e criminal dos candidatos, 483 homens e mulheres que continuam na disputa pelos cargos de investigador (300), escrivão (180) e papiloscopistas (20) do concurso público C-203, da Polícia Civil do Pará, seguem agora no curso de formação.

Os quase 500 alunos da Academia de Polícia Civil do Pará (Acadepol) iniciaram as aulas práticas de duas disciplinas: ‘Armamento, Munição e Tiro Defensivo’ e ‘Defesa Pessoal Policial’. O curso é ofertado no Instituto de Ensino de Segurança do Pará (Iesp), localizado em Marituba, região metropolitana de Belém. As aulas são ministradas para turmas de até 30 alunos, de modo que o aprendizado seja mais efetivo.

A disciplina ‘Armamento, Munição e Tiro Defensivo’, com duração de duas semanas e meia, tem como objetivo garantir que o futuro policial conheça em detalhes o funcionamento das armas que vai utilizar no exercício das atividades cotidianas, para que possa manuseá-la com destreza, eficiência e responsabilidade. “Apesar de o escrivão trabalhar na parte cartorária e o papiloscopista com a investigação datiloscópica, eles também são policiais assim como o investigador, que atua nas operações, por isso esse curso é primordial e requer a participação de todos”, explicou Marco Antônio Sena, instrutor de tiro da Acadepol.

Enquanto alguns aprendiam as técnicas de tiro, outros alunos acompanhavam as aulas de Defesa Pessoal Policial. O professor Ribamar Pereira, instrutor da Acadepol desde 1992, explica que o principal objetivo dessa disciplina é capacitar o policial para usar o corpo como primeira defesa. “Na ordem progressiva da força, o uso da arma letal é o último nível que o policial tem que chegar. Antes disso a orientação é que ele utilize de todos os recursos necessários e, se precisar, só então faça uso da arma letal”, detalhou o instrutor.

Durante o treinamento, além de aprender as técnicas de defesa e ataque, os alunos simulam situações que vão fazer parte da rotina policial, como algemação, condução de presos, imobilização, revista pessoal e táticas de luta, como rolamentos, quedas e projeções. O curso também envolve candidatos a todos os cargos funcionais, com o diferencial da carga horária, que para investigadores é maior: de 35 horas/aula.

A diretora da Acadepol, delegada Marlise Tourão, afirma que o curso ofertado na academia paraense é um dos melhores do país e se destaca por ter disciplinas inéditas. “Antes de iniciarmos o curso para os novos concursados, fizemos uma reunião ampla, onde ouvimos diretores de seccionais, das UIPPs, e de delegacias do Estado, tudo para sabermos quais as necessidades que eles têm e o tipo de profissional que precisam. Em seguida, realizamos uma jornada acadêmica, ouvindo cada profissional da Acadepol, fazendo uma triagem do que é mais importante para a formação do policial civil atualmente. Foi então que introduzimos na grade curricular da Academia, algumas disciplinas importantes e em alguns casos, inexistentes no país. É o caso, por exemplo, das disciplinas de Lavagem de Dinheiro, Fraudes Veiculares, Atuação no combate ao Crime Organizado, Libras, Oratória e Relacionamento com a imprensa e as mídias sociais”.

Marlise afirma ainda que todas essas disciplinas são importantíssimas para que o policial possa, de fato, ter o melhor aprendizado. “Estamos trabalhando para formar excelentes policiais, com a magnitude necessária para atender os princípios voltados à dignidade da pessoa humana, além do respeito ao ordenamento jurídico que todos esperam, pois novas modalidades de crime surgem sempre. Por isso, o policial precisa saber atender a população para que ela se sinta efetivamente protegida. A partir desse leque de temáticas e inquietações sociais da atualidade, o profissional vai saber como se posicionar, por exemplo, diante de crimes virtuais, que envolvam menores, por exemplo”, avaliou.

Questionada sobre o trabalho da Acadepol, ela afirma que o objetivo da formação não é apenas atender as demandas da área de segurança em termos de quantidade, mas de qualidade. “Queremos profissionais fortes, pessoas formadas e se que sintam capazes de enfrentar esse ofício com lucidez e entendimento dessa dinâmica do que é ser policial. Estamos na segunda etapa do concurso, que é de caráter eliminatório e classificatório. Já tivemos algumas desistências - alguns por terem passado em outros concursos, outros porque seguiram carreira militar e dois por não terem se identificado com a função. Mas o que queremos é que a população saiba que daqui sairão profissionais diferenciados”, esclareceu.

Candidata ao cargo de investigador, a jovem Natália de Macedo, 27 anos, natural de Fortaleza (CE), está satisfeita com tudo que tem aprendido na Academia do Pará. “Minha vontade era ser Policial Federal, mas quando surgiu essa oportunidade não pensei duas vezes. Fiz, passei e estou aproveitando bastante esse aprendizado. Estamos tendo aulas de segunda a domingo, o dia inteiro. Além das aulas práticas, as de atendimento ao público, por exemplo, são importantíssimas, pois sabemos da responsabilidade de atender bem as pessoas”, opinou.

Outro que passou no concurso foi o advogado Romero Brasil, natural de Óbidos. Ele, que sempre teve a vontade de ser delegado de polícia, afirma que não teve dúvida em prosseguir no certame depois de ser aprovado para o cargo de investigador. “Só o fato de já estar dentro da instituição Polícia Civil, já me traz uma vivência muito boa para que, mais adiante, eu conquiste o meu objetivo. Quando fui aprovado não hesitei em deixar minha carreira de advogado de lado.”

E destaca ainda o trabalho de capacitação desenvolvido pela corporação. “Posso dizer que estamos tendo uma formação excelente, com treinamento intensivo, aulas teóricas com todos os elementos que precisamos para atender bem a sociedade e fazer um bom trabalho. Aqui somos orientados a ter uma percepção macro do contexto de violência que encontramos hoje, dos grupos mais vulneráveis a essa realidade, do atendimento a um público que é muito diverso. A partir das aulas compreendemos que não basta só estar na linha de frente, mas atender o cidadão da forma que ele espera que o Estado o atenda, com mais proximidade. Se formos ter como parâmetro os outros estados brasileiros, poucos têm academias de polícia com a estrutura desta, de que dispomos no Pará. Somos privilegiados e estamos nos empenhando para melhorar cada vez mais, para quando estivermos no exercício das nossas atividades podermos atender bem a população”, finalizou.

Polícia Militar – Outra instituição que também deu início à formação dos novos policiais que deverão atuar a partir de 2018, lotados em diversos municípios do Estado, é a Polícia Militar. Dois mil novos alunos aprovados no último concurso público para o cargo de Praças passaram a ter aulas desde o dia 17 deste mês.

O novo Curso de Formação de Praças tem duração de nove meses e é dividido em três módulos. Ao todo, são 720 horas/aulas, distribuídas em 44 disciplinas ministradas de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 12h e das 13h30 às 18h30; e aos sábados, de 7h30 as 12h50.

Uma novidade na formação é a inclusão de algumas disciplinas na nova grade curricular. Sobre o tema, o tenente coronel Marcelo Siqueira, comandante do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP) e coordenador do Polo Belém, comenta. “A disciplina de Policiamento Comunitário é uma das novidades. Ela foi incluída por ser utilizada mundialmente e de forma comprovadamente eficaz como ferramenta do trabalho do policial e, claro, que ela não poderia deixar de existir no Pará. Outra importante disciplina é a de Condutor de Veículos de Emergência, que irá capacitá-los a conduzir com habilidade as viaturas policiais. O cidadão pode esperar que em pouco tempo teremos policiais capacitados para atender a população com o respeito que ela merece”, explicou.

Aurélio Souza, de 29 anos, que iniciou as aulas no CFAP, está satisfeito com o que tem aprendido. “Já vinha estudando para concursos e, quando surgiu o da Polícia Militar, me interessei; tanto pela função, quanto pela remuneração. Hoje o Pará é um dos poucos estados onde o salário está em dia, e isso também foi um atrativo”, relatou.

Com apenas 20 anos, Cristina Pantoja é uma das 117 mulheres que fazem o Curso de Formação de Praças em Belém e está bastante satisfeita com o que vem aprendendo. “O universo militar sempre me atraiu desde criança e no momento que surgiu a oportunidade do concurso me dediquei muito pra passar. Aqui, no curso de formação, comecei a compreender melhor como é a sociedade lá fora e de que forma vamos trabalhar para que tenhamos nossos atos pautados na proteção da sociedade. Não somos formados para sermos apenas repressores da violência, agindo de forma arbitrária, mas, para atuar preventivamente, com disciplina, sempre orientando a população.”

Além da capital paraense, onde estão sendo treinados 495 novos praças, as formações acontecem também em Santa Isabel do Pará (90), Castanhal (135), Barcarena (135), Soure (50), Capanema (80), Bragança (40), Paragominas (90), Tucuruí (100), Marabá (135), Breves (90), Parauapebas (90), Conceição do Araguaia (135), Altamira (100), Santarém (135) e Itaituba (100).