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Hospital de Clínicas usa Inteligência Artificial para reduzir lesão por pressão na UTI Coronariana

Ferramenta adotada desde abril já ajudou a reduzir em 100% a incidência de escaras entre pacientes que precisam ficar nos leitos por longos períodos

Por Governo do Pará (SECOM)
27/06/2024 18h35

UTI Coronariana do Hospital de Clínicas: cuidados redobrados para evitar as lesõesA equipe da Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (HC) responsável pelos atendimentos na UTI Coronariana (destinada a pacientes cardíacos) conseguiu reduzir os casos de úlcera por pressão utilizando um equipamento conectado à Inteligência Artificial (I.A.). A úlcera por pressão, ou escara, é o dano ao tecido ou à pele que ocorre quando há uma diminuição da circulação sanguínea provocada pela pressão aplicada a uma área específica. Pacientes que, por necessidade do tratamento, precisam ficar imóveis, acabam por desenvolver escaras, geralmente nos calcanhares, tornozelos, quadris e no cóccix.

A forma de evitar o problema é a mudança de posição do paciente. Porém, mesmo com esse cuidado constante, os casos de escaras fazem parte da rotina de uma UTI. Por isso, a equipe encontrou um aliado para intensificar os cuidados na prevenção à úlcera por pressão: um equipamento de I.A., que alerta a equipe para a necessidade de mobilizar o paciente. Os primeiros resultados já apareceram em junho, quando a equipe comemorou a marca de quase 80 dias sem nenhum registro de paciente com lesão por pressão. Quadro do reconhecimento: palavras que retratam a gratidão pelo empenho da equipe da UTI Coronariana

Segundo o cardiologista Ricardo Palheta, que atende na UTI, a lesão por pressão é uma intercorrência que preocupa as equipes médicas dos hospitais, especialmente nas unidades de Terapia Intensiva, “porque o surgimento dessas lesões, que são inesperadas, mas ocorrem, aumenta o risco do paciente, o risco de mortalidade, de infecção”. Ainda segundo o cardiologista, ”quando o paciente fica muito tempo numa única posição, acabam ocorrendo lesões, principalmente na região sacral”.

Cardiologista Ricardo Palheta: lesões aumentam riscos para os pacientesEntre as medidas criadas para minimizar o risco e o surgimento dessas lesões está a utilização da I.A. e de sistemas para a contagem dos dias sem o registro das escaras. O uso da ferramenta se dá, desde abril, por meio de um equipamento programado para tocar uma música a cada duas horas, alertando a equipe para a necessidade de mover o paciente, de um lado para outro, para que a circulação fique livre, evitando a falta de oxigenação da pele, o que causa o surgimento da lesão.

Estímulo - Antes da utilização do novo sistema de alerta e monitoramento a incidência de lesões era alta para os padrões aceitáveis em uma UTI. “A gente chegou ao ponto de ter uma lesão por semana, e isso é muito”, informou o médico. O primeiro passo para mudar foi a motivação da equipe responsável pelo atendimento dos pacientes no leito. Para isso, foi afixado um placar no quadro de avisos, no qual a equipe pode checar os dias transcorridos sem o registro de úlceras por pressão. Isso, segundo o cardiologista, “acaba estimulando a equipe, que passa a procurar aumentar os dias sem o surgimento de lesões, e dessa forma, alcançando a nossa meta”.

Cardiologista Alaís Brito destaca a preparação da equipeA cardiologista Alais Brito, que junto com a médica Valléria Galucio foi responsável pelo introdução do sistema, explicou que o alerta veio para se juntar à rotina de mudança dos pacientes de posição para evitar as lesões.” É interessante ter um som para lembrar a mudança de corpo, já que a gente fala sempre em mudança de corpo, mas às vezes um ou outro paciente ficava sem a mudança. Agora, a cada duas horas, todos os dez pacientes são movimentados”, disse a especialista.

Outra forma de prevenção às escaras é a utilização da tabela afixada sobre o leito do paciente, que informa para qual lado os pacientes devem ser mudados. “Nós temos treinamento com a equipe explicando também que isso é importante. Sempre é bom explicar para a equipe o porquê de fazer aquilo, porque é importante prevenção de pressão para o paciente não ficar mais tempo internado, para não infectar, para diminuir a mortalidade”, enfatizou a cardiologista.

Enfermeira Thais Machado: em busca da meta de 100 diasSegundo a chefe da Enfermagem da UTI, Thais Machado, “nós conseguimos atingir metas importantes, que nunca tínhamos conseguido anteriormente. Nós chegamos a conquistar 30 dias sem nenhuma lesão por pressão. Nós tivemos uma premiação. Foram dados equipamentos para a nossa copa, para o uso de toda a equipe. Quando nós atingimos 60 dias, também tivemos outra doação”.

Em junho, a equipe alcançou a marca de 78 dias sem nenhum caso de lesão por pressão na unidade. “Nossa equipe toda está de parabéns, e nós vamos melhorar ainda mais o nosso plano de ação, para que nós consigamos atingir a meta dos 100 dias. Nós vamos perseguir, nós conseguiremos atingir nosso objetivo com melhorias na nossa assistência e supervisão”, ressaltou a enfermeira Thais Machado.O equipamento que ajuda a equipe no cuidado com os pacientes

Agradecimento - Essa dedicação é reconhecida pelos pacientes atendidos na UTI Coronariana, que junto com seus acompanhantes registram a gratidão em bilhetes, afixados em um quadro denominado “Memórias no caminho dos pacientes”, que fica no corredor de acesso à UTI.

Os bilhetes, que vão ocupando o quadro, palavras e declarações emocionadas, retratando fé e agradecimento aos médicos e à equipe da Unidade, são a recompensa aos responsáveis pelo atendimento prestado no Hospital de Clínicas.

Texto: Felipe Gillet - Ascom/HC