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Governo do Pará aprimora serviços para ampliar transplantes de córneas 

Ophir Loyola inicia nova etapa na história da captação no Pará, com aumento de mais de 200% nas doações dos tecidos oculares

Por Leila Cruz (HOL)
27/06/2024 10h55

Em razão do exponencial aumento de mais de 200% nas doações dos tecidos oculares e do alcance de 346 doações catalogadas, o Banco de Tecido Ocular (BTO) do Hospital Ophir Loyola (HOL) inicia uma nova etapa na história da captação no Pará. A partir deste mês de junho, o serviço vai disponibilizar córneas selecionadas à Central Estadual de Transplante (CET) para o uso de técnicas modernas. A estratégia quer ampliar o número de procedimentos e contribuir ainda mais na redução do tempo de espera por uma doação.

A seleção dos tecidos oculares vai permitir a realização do transplante de córnea endotelial (Descemet Membrane Endothelial Keratoplasty – DMEK). Metodologia  usada como recurso terapêutico para doenças que afetam apenas porções mais internas (camada do Endotélio e camada de Descemet) e não toda a espessura das córneas doadas, como ocorre nos transplantes tradicionais. Os transplantes endoteliais representam, hoje, um avanço na técnica cirúrgica, ao permitir manobras minimamente invasivas, sem suturas e com mais rápida recuperação visual. A faixa etária dos doadores é de 40 a 60 anos.

Em anos anteriores, o Hospital firmou cooperação técnica com o Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL) e o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), da Polícia Científica do Pará (PCEPA), sob a coordenação da Secretaria Estadual de Saúde (Sespa). 

“O plano de ação contribuiu com a eficiência operacional da rede de transplante e trouxe mais agilidade no atendimento daqueles que esperam por uma doação. Agora, o Pará será o primeiro da região Norte a adotar essa estratégia de seleção de tecidos para DMEK. Isso atesta a eficácia da nossa resolutividade em saúde no serviço público”, informou a secretária estadual da Sespa, Ivete Vaz.

Especialista em oftalmologia, Alan Costa, é o responsável técnico pelo setor, e explica que a iniciativa do Banco de Tecido Ocular busca acompanhar os maiores centros de referência nacional na seleção dos tecidos para reposição. “Atualmente, recebemos a média de 30 doações mensais, ou seja, são 60 córneas disponibilizadas em razão da bilateridade ocular. O BTO adere às novas técnicas de processamento a fim de aproveitar o máximo dos tecidos doados e disponibilizá-los para diferentes tipos de procedimentos cirúrgicos com finalidades terapêuticas. O nosso objetivo é aprimorar e expandir ainda mais os transplantes personalizados e individualizados, conforme a necessidade de cada paciente”.

A córnea é um tecido fino e transparente, situado na região anterior do globo ocular, cuja função é refratar e transmitir a luz. É possível transplantar apenas uma parte desse tecido, que é dividido em cinco camadas: epitélio, membrana de Bowman, estroma, membrana de Descemet e endotélio. 

Em geral, o transplante ocorre quando há  mudança na curvatura, ruptura da membrana e opacidade. Alguns casos podem ser sanados com apenas uma fina camada do endotélio. Isso será possível a partir da implantação da técnica cirúrgica pelos centros transplantadores.

No Ophir Loyola, o tipo de transplante passará a ser indicado conforme a região afetada ou do tipo de patologia que acomete a córnea. Ainda segundo Alan Costa, as pessoas submetidas ao transplante tradicional têm uma taxa de rejeição em torno de 5% a 30%, e podem levar até dois anos para recuperar a visão. “As intervenções com técnica DMEK trazem muitas vantagens, às intercorrências caem para 1%, não há necessidade de suturas e a recuperação é quatro vezes mais rápida. 

“O transplante penetrante é preconizado em casos em que todas as partes da córnea foram danificadas. Mas caso a visão do paciente tenha sido afetada por Ceratocone, doença que afeta a região anterior e o estroma corneano, é indicado o transplante lamelar, que substitui apenas uma parte da córnea. Já a ceratopatia bolhosa e a distrofia Fuchs acometem o endotélio e a membrana de Descemet, portanto é recomendado o transplante de córnea endotelial. Todas as possibilidades cirúrgicas continuarão a ser ofertadas”, explicou o oftalmologista.

O Banco de Tecido Ocular do HOL atua em todas as etapas do processamento dos tecidos oculares doados no estado e elabora estratégias para aumentar a adesão das famílias paraenses à doação e reduzir a fila de espera. “O melhor aproveitamento da córnea, por meio da oferta de tecidos por camadas, possibilitará aos centros transplantadores utilizarem técnicas mais modernas, que já são realidades em outros centros do País. É um avanço na medicina de precisão que resulta em tratamentos direcionados e melhor eficácia terapêutica”, destacou Jaques Neves, diretor-geral do hospital.

Quem pode doar córnea

A doação pode ser realizada por quem for a óbito, entre  2 até 72 anos. Há critérios específicos de exclusão, como pacientes portadores de HIV e dos vírus causadores de Covid-19 e hepatites B e C. Os tecidos oculares podem ser retirados até seis horas após o óbito. 
Preservadas, as córneas têm até 14 dias para serem implantadas em um receptor. Para fazer a doação, a família pode entrar em contato com Banco de Tecido Ocular pelos telefones (91) 3265-6759 e (91) 98886-8159 ou com a Central Estadual de Transplantes através do telefone (91) 97400-6456.