Escola Estadual de Itaituba está entre as 10 melhores do mundo com ação de reflorestamento e educação especial
Única finalista do Brasil na categoria 'Ação Ambiental', a Escola Maria das Graças segue para a etapa de voto popular, concorrendo ao prêmio de US$ 10 mil dólares
A iniciativa de reflorestamento da Escola Estadual Professora Maria das Graças Escócio Cerqueira, do município de Itaituba, trouxe reconhecimento internacional para o Pará. A unidade escolar foi selecionada entre as 10 melhores do World’s Best School Prizes (Prêmio Melhores Escolas do Mundo) na categoria Ação Ambiental. O anúncio foi divulgado nesta quinta-feira (13) pela organização britânica T4 Education. A partir de agora, até o dia 28 de junho, está aberta a votação pública pelo link, acesse e vote aqui. O anúncio dos três finalistas acontecerá no mês de setembro.
“É uma alegria muito grande e uma honra, especialmente nessa categoria Ação Ambiental, pois estamos vivendo um momento histórico do Brasil, do Pará, do mundo, vindo para a Amazônia fazer a COP. Criamos um componente curricular de Educação Ambiental e ter uma escola entre as melhores do mundo é algo fantástico. Fruto de um trabalho incrível da professora, dos estudantes, um projeto que tem inclusão com alunos, pessoas com deficiência e que tem uma repercussão não só na comunidade, mas mundial. Agora, é hora de apoiar, a gente precisa participação do público para votar, porque é a única escola do Estado e do Brasil nesta categoria”, disse Rossieli Soares, secretário de Educação.
A unidade de ensino foi reconhecida por educar os alunos como guardiões ambientais da Amazônia, aumentando a biodiversidade e o envolvimento da comunidade, além de a Escola ter como alvo os desafios apresentados pelo desmatamento, perda de biodiversidade e disparidades socioeconômicas.
Emocionada, a professora Eliude Ramos, que inscreveu a escola na premiação, recebeu a divulgação da lista com muita ansiedade e logo preparou os próximos passos com os estudantes e o corpo da escola. “Foi bem emocionante. Quando recebi o e-mail da organização, fiquei muito nervosa, pois em seguida já solicitaram uma entrevista para verificar as informações do projeto e encaminhar todos meus documentos. Após um tempo, eles entraram em contato me informando que a escola tinha sido selecionada. Foi um momento único, a escola ter esse reconhecimento por ações que resultaram no aumento da conscientização dos estudantes sobre a importância crucial do plantio de espécies nativas para a preservação do ecossistema e da biodiversidade. Além de promover uma aprendizagem enriquecedora e uma compreensão profunda dos processos ecológicos, incluindo as interações entre plantas, animais e microorganismos”, conta a professora.
O projeto - A professora Eliude Ramos desenvolveu com a turma do Atendimento Educacional Especializado (AEE), um projeto sobre meio ambiente que coleta e recebe sementes da comunidade e desenvolve mudas de espécies nativas da Amazônia, a fim de ampliar a conscientização de toda a comunidade escolar sobre a preservação da natureza.
Tudo começou com a turma de Atendimento Educacional Especializado (AEE), do Ensino Médio. A escola é rodeada por quatro ipês amarelos. A árvore, reconhecida pela qualidade da madeira, está dispersa por todos os biomas do país. No mês de setembro de 2022, resolveram coletar suas sementes, guardá-las em papel de seda e doá-las como lembrança para quem visitou o “Brechó – Moda Circular e Sustentável”, realizado na unidade.
Inicialmente, o projeto ganhou o nome de “Desenvolvimento de mudas de Ipê Amarelo com alunos do AEE”, que funcionava da seguinte maneira: a turma de estudantes surdos e com deficiência intelectual montou no Instagram uma loja virtual com peças usadas, chamada Moda Circular. Os alunos surdos usavam a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) para falar sobre os detalhes das roupas, as formas de pagamento e os demais sinais necessários para a compra e venda. Com envolvimento de toda a escola em outros projetos com a temática sustentabilidade, foi decidido um dia para a culminância de todos os projetos da escola, a partir disso foi feita a venda presencial em LIBRAS com o apoio da professora Eliude na interpretação dos sinais. Além de ganhar sementinhas de ipê, os visitantes puderam aprender LIBRAS com os estudantes.
Logo após o evento, os alunos se inscreveram em uma olimpíada estudantil com o tema “Meio Ambiente”, onde produziram bolas de sementes - pequenas esferas feitas de argila, terra e sementes. Essa etapa contou com a participação ativa dos estudantes com deficiência, fornecendo suporte e adaptações necessárias para suas necessidades individuais.
Com as sobras das sementes, foi decidido criar berçários improvisados, feitos de caixas de ovos, caixa de papelão e de isopor para guardá-las. Para plantar as mudas, bem como as bolas de sementes, foi escolhido diferentes lugares: o ambiente escolar, um igarapé perto da escola, uma unidade de ensino infantil e as margens do lago Bom Jardim, localizado no município de Itaituba.
Os participantes receberam orientações sobre como preparar o solo, cavar buracos, além de terem a chance de jogar as bolas de sementes no meio ambiente, para germinarem. O projeto também abarcou diferentes variedades de sementes amazônicas, como açaí, buriti e jatobá. Ao todo, 280 mudas foram plantadas na região.
Os estudantes ainda participaram de visitas em instituições que trabalham com sustentabilidade, como o Instituto Federal do Pará (IFPA) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio). Entre os alunos que participam do projeto, está o Albert Pereira, estudante com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
“Eu ajudei nos plantios, fizemos diversas quebras de dormência, fizemos até as bolas de semente que misturam com a argila e a semente também. Nós fizemos as placas para apresentar os tipos de plantas e árvores que existem. Achei incrível, bem criativo e também achei muito peculiar para a gente aprender. Isso impacta na nossa sabedoria, nós tiramos a sabedoria da natureza, das plantas e através do estudo delas. E, para o futuro, eu quero ser biólogo, para ensinar as pessoas que a natureza também tem os seus direitos, de ser respeitada pelo homem”, relata Albert Pereira, alunos e participante do projeto.
Sobre a Escola - Fundada em 2004, a unidade fica localizada no município de Itaituba e educa os estudantes como guardiões ambientais da Amazônia, aumentando a biodiversidade e o envolvimento da comunidade. O corpo docente é composto por 27 professores (20 permanentes e 07 temporários).
A Escola Estadual Professora Maria das Graças Escócio Cerqueira atende, atualmente, 273 estudantes do Ensino Médio, sendo 168 na modalidade Integral e 105 no Regular e EJA.
Reconhecimento Internacional - O World’s Best School Prizes foi criado pela T4 Education e apoiado pela Fundação Lemann para compartilhar boas práticas que estão transformando a vida dos estudantes e fazendo diferença nas comunidades onde as escolas estão inseridas.
"Mesmo com a pandemia já superada, seu legado duradouro continua a ser sentido no sistema educacional do Brasil. Para enfrentar as lacunas de aprendizagem abertas pela pandemia e preparar nossos jovens para serem bem-sucedidos em um mundo em rápida mudança, precisamos aprender com as escolas mais ousadas e inovadoras. Parabéns à EEEM Professora Maria das Graças Escócio Cerqueira, ao Núcleo de Ensino da Unidade de Internação de Santa Maria, ao Colégio Militar de Manaus e à Escola Estadual Deputado Pedro Costa por terem sido pré-selecionados para o prêmio World's Best School Prizes e por mostrarem o caminho às instituições do nosso país e do mundo inteiro”, disse Denis Mizne, CEO da Fundação Lemann.
O prêmio conta com cinco categorias: Ação Ambiental; Inovação; Superação de Adversidades; Colaboração Comunitária e Apoiando Vidas Saudáveis. Em cada uma, três escolas serão selecionadas como finalistas. Os vencedores de cada categoria serão escolhidos por uma academia de juízes especializados e serão anunciados em novembro.
Texto de Bianca Rodrigues / Ascom Seduc