Relatório entregue em Brasília mostra baixos investimentos do Ministério do Turismo no Pará
Já está nas mãos do ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, um relatório completo sobre os valores repassados ao estado do Pará pela pasta nos últimos três anos. O documento, entregue nesta quarta-feira, 2, em Brasília, indica um repasse ao setor de apenas R$ 250 mil, em média, entre os anos de 2012 e 2015, e traz ainda uma análise mostrando que a indústria do turismo, não só no Pará, mas em toda a Amazônia Legal, precisa de mais apoio da parte da União. O relatório foi elaborado pelos técnicos da secretaria de Turismo do Pará (Setur) e analisado pela bancada paraense na Câmara dos Deputados.
A reunião entre os parlamentares paraenses e o ministro foi o resultado mais concreto da audiência pública realizada no último dia 26, na Câmara dos Deputados em Brasília, e que debateu a falta de apoio ao turismo na Amazônia Legal. O encontro reuniu, além do ministro, do secretário de Turismo do Pará e da deputada Simone Morgado (PMDB/PA), presidente em exercício da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (Cindra), outros representantes da indústria do setor, como o presidente da Confederação Nacional de Turismo, Nelson de Abreu Pinto, o secretário Nacional de Políticas do Ministério do Turismo, Junior Coimbra, e o coordenador do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo no Pará (Prodetur), Álvaro do Espírito Santo. O deputado federal Arnaldo Jordy (PPS/PA) e o chefe da Representação do Governo do Pará no Distrito Federal, Ophir Cavalcante Júnior, também participaram da reunião.
O ministro do Turismo falou dos planos do Governo Federal para incentivar o setor, um dos mais rentáveis e produtivos em vários países do mundo. Segundo Henrique Eduardo Alves, áreas especiais de interesse turístico, mas ainda inacessíveis para os turistas devem ser objeto de análise para serem liberadas. "Muitas dessas áreas são fechadas à visitação pública por serem consideradas de segurança nacional ou de proteção ambiental, por isso vamos conversar com os comandantes das Forças Armadas e com o Ibama visando liberações totais ou parciais", disse o ministro. "Entre as áreas mais atrativas estão justamente na Amazônia, sendo lá que vamos concentrar esforços para o incentivo ao turismo", completou.
Adenauer Góes disse que ficou satisfeito com a demonstração de interesse do ministro, mas que é preciso caminhar de forma mais rápida quanto à análise de projetos já existentes e o posterior repasse de verbas. "O que se espera já há algum tempo são resultados objetivos e práticos em relação a essa construção dentro de um planejamento do Turismo, tanto no estado do Pará quanto no cenário nacional", disse Adenauer. "Esperamos, a partir de agora, uma sinalização no sentido de reabrir projetos já existentes para o setor em nosso estado e ver a possibilidade de aprová-los e contemplá-los. O Pará continua trabalhando de uma forma objetiva e concreta para sintonizar os projetos do Estado com os do Ministério e por meio dessa sintonia construir uma relação que nos permita sermos vistos de uma forma diferente da que estamos sendo vistos ao longo dos últimos anos", concluiu Adenauer.
Segundo o titular da Setur, entre os anos de 1996 e 2015, o Pará teve aprovados no Ministério do Turismo somente 1.470 convênios, no valor de R$ 893 milhões. No mesmo período, a região nordeste recebeu repasses que perfizeram um total aproximado de R$ 5,9 bilhões. Na região Norte, mesmo com todo o potencial turístico que possui, o Pará foi apenas o quarto estado em número de repasses, destinados, segundo Adenauer, principalmente à área de infraestrutura, como estradas e pequenos portos, "demonstrando a falta de sintonia entre o que o Governo Federal tem como prioridade e o que turismo estadual realmente necessita". Ainda de acordo com secretário, de 2012 a 2015 foram aprovados repasses de pouco mais de um milhão de reais, ou seja, algo em torno de 250 mil reais por ano apenas.