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Secretaria de Estado de Igualdade Racial apresenta espaço do Memorial da Escravidão

Equipamento será instalado ao lado da Igreja de Santo Alexandre, em Belém

Por Elck Oliveira (SEIRDH)
06/06/2024 11h56

A Secretaria de Estado de Igualdade Racial e Direitos Humanos (Seirdh) realizou, na quarta-feira (5), uma visita técnica guiada aberta ao casario onde será implantado o Memorial da Escravidão em Belém, um dos projetos prioritários da Seirdh. O prédio está localizado na rua Padre Champagnat, na Cidade Velha, no Complexo Feliz Lusitânia, ao lado da Igreja de Santo Alexandre, onde funciona o Museu de Arte Sacra. A iniciativa contou com a participação do titular da Seirdh, Jarbas Vasconcelos, e da secretária adjunta, Edilza Fontes. 

A visita foi guiada por técnicos da Seirdh e da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), pasta à qual o casario pertencia, até então. O momento reuniu estudantes, pesquisadores, representantes de movimentos sociais e de diferentes órgãos envolvidos com a causa racial em Belém e no Pará.

O secretário estadual, Jarbas Vasconcelos, explicou ao público que a escolha do local onde será implantado o memorial foi precedida de um parecer histórico, elaborado por três pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA), que aponta qual era o local de aportamento das pessoas escravizadas Belém, capital do Grão-Pará, no período da escravidão negra. 

“Então, foi feito esse estudo, que está disponível ao público no site da nossa secretaria, e por meio dele foi possível constatar que o primeiro pelourinho da cidade, o mais importante, estava localizado na praça Frei Caetano Brandão, e depois ele foi deslocado para onde hoje é o Mercado de Carne, em frente ao Mercado de Ferro do Ver-o-Peso. Esta foi a grande surpresa deste estudo, porque o primeiro pelourinho já era bastante conhecido, mas este segundo, a localização, trazida para os dias de hoje, é algo inédito. É a primeira vez que se faz um estudo sobre isso. Então, nós decidimos alocar este Memorial entre um pelourinho e outro, escolhemos, portanto, o Feliz Lusitânia, que é um complexo que marca a colonização portuguesa, mas que também precisa marcar que Belém, o Pará e a Amazônia são negras”, frisou Jarbas Vasconcelos. 

Depois de passar pelos espaços que compõem o casario - que incluem um anfiteatro, entre outras salas - o público pode fazer perguntas à equipe da Seirdh e dar sugestões sobre o futuro Memorial da Escravidão do Pará. 

A museóloga e professora do curso de Museologia da UFPA, Luzia Gomes, parabenizou o governo do Pará pena iniciativa e chamou a atenção para que o Memorial possa ser pensado a partir de uma ótica que priorize não apenas a violência sofrida pelo povo negro escravizado.

“A minha contribuição é que a gente possa pensar esse Memorial de uma forma que seja um espaço para refletir não apenas o racismo do passado mas o racismo do presente. E que se reproduzam imagens dignas das pessoas que foram escravizadas, para que não caiamos na estetização da violência, ou seja, vamos falar da violência sem sermos violentos. Que seja um espaço onde as pessoas se sintam representadas”, pontuou a museóloga. 

A secretária adjunta da Seirdh e professora do curso de História da UFPA, Edilza Fontes, lembrou que a Seirdh e a Secult articulam a passagem do projeto do Museu da Consciência Negra, que também está em fase de implantação em Belém, para a primeira, considerada mais adequada para tratar do tema com a sociedade. “Então, com o Museu da Consciência Negra, vamos ter dois espaços voltados para essa temática, precisaremos ter cuidado para não repetir as mesmas questões, mas, ao mesmo tempo, fazer com que elas estejam interligadas”, avaliou. 

A Seirdh dará início, nos próximos meses, as obras de adequação do espaço, a fim de que o Memorial da Escravidão possa ser entregue à população de Belém e do Pará ainda neste ano.