Cavalos utilizados no Centro de Equoterapia da PM ganham festa de Natal
Bruno Lins nasceu com paralisia cerebral. Quando tinha 13 anos, chegou ao Centro de Equoterapia da Polícia Militar do Pará carregado pela mãe. Não sabia andar, balbuciava poucas palavras e tinha medo de tudo. Hoje, com 31 anos, Bruno é formado em duas faculdades, disputa provas em três modalidades de atletismo paralímpico e exibe um semblante tão altivo quanto o do cavalo “Chocolate”.
“Chocolate” é um dos seis cavalos do Centro de Equoterapia da Polícia Militar do Estado do Pará. Há 22 anos, o método funciona na reabilitação física e psíquica de pessoas com deficiência ou necessidades especiais. O movimento do cavalo acontece de forma tridimensional e com isso, estimula o paciente a exercitar o corpo inteiro. Através da equoterapia e do convívio diário com o cavalo, Bruno desenvolveu a força muscular, teve consciência corporal, ganhou coordenação motora e equilíbrio. “Eu devo tudo aos cavalos. Com eles, eu aprendi a me movimentar sozinho, ser alguém no mundo, conheci pessoas, interagi, melhorei meu convívio familiar e ganhei autoestima”, disse o rapaz, entre um afago e outro no cavalo Rubi, que na manhã desta quinta-feira, 17, trazia um chapéu imitando a cabeça de uma rena. O clima natalino fez também o melhor amigo de Bruno ganhar um traje especial. Chocolate, de gorro de Papai Noel na cabeça, ganhou de presente de Bruno duas cenouras e um vidro de óleo de amêndoas, para manter seu pêlo brilhante durante todo o ano.
No Natal dos cavalos do Centro de Equoterapia, que está acontecendo durante esta semana, no Complexo Sócio Hípico Operacional da PM, no bairro do Mangueirão, vem sendo assim. Uma oportunidade de as pessoas, que ganharam uma nova vida com a ajuda dos cavalos, retribuírem os animais com presentes e ainda mais afeto. Todos os cavalos do Centro de Equoterapia ganharam presentes: cenouras, shampoos, perfumes, sabonetes de côco e outros mimos. A confraternização contou também com a presença das famílias dos pacientes.
Trabalho - O Centro de Equoterapia da PM recebe diariamente, de segunda a sexta-feira, 61 pacientes em reabilitação. A equipe é formada por 11 militares e 7 civis, entre instrutores de equitação, fisioterapeutas, psicólogos e fonoaudiólogos. Na coordenação da equipe está o Capitão da PM e fisioterapeuta há 11 anos, Angelo Scotta. “O nosso Natal é durante todo o ano. A gente ganha presentes diariamente, vendo cada um desses pacientes mudar não só a sua vida, mas como a de toda a sua família”, disse o fisioterapeuta, que durante mais de 10 anos trabalhou na recuperação física de jogadores de futebol de Remo e Paysandu e até hoje auxilia na preparação de Lyoto Machida, ex-campeão de MMA, na categoria meio-pesado. Para Angelo Scotta, a realidade do trabalho atual contagia muito mais sua vida profissional. “Perceber que o Bruno, que chegou aqui carregado pela mãe, hoje é um rapaz seguro, articulado, vaidoso, vê-lo com sua namorada, não tem preço”, pontua.
Os seis cavalos que fazem parte do Centro estão em Belém desde 2012, vindos da região Sul do Brasil. Eles têm uma altura diferenciada para auxiliar no tratamento, medem até 1,50m. Os animais não participam dos serviços diários da Polícia Militar, são exclusivos para o tratamento dos pacientes em reabilitação.