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CULTURA E DIVERSÃO

Casa das Artes tem programação gratuita pelo Dia Internacional da Dança

Data é comemorada em 29 de abril, e a Fundação Cultural do Pará promove diversificada programação com oficinas e mesas temáticas, entre outras ações

Por Helena Saria (FCP)
27/04/2024 12h17

A Fundação Cultural do Estado do Pará, por intermédio da Coordenação de Artes Cênicas da Casa das Artes, abriu, na sexta-feira (26), a programação em comemoração ao Dia Internacional da Dança. O evento intitulado "Casa em dança: partilhas do corpo em movimento", reúne oficinas, mesas temáticas e espetáculos cênicos.

A programação começou às 16h, com uma Oficina de Processos Criativos em Dança Clássica, ministrada pelo professor Carlos Dergan, da ETDUFPA (Escola de Teatro e Dança da UFPA. Em seguida, foi realizada uma mesa temática sobre produção cultural no Pará, com a participação de Waldete Brito, artista da dança, professora, diretora e produtora cultural; Gabrielly Albuquerque, professora da ETDUFPA; Danilo Bracchi, Coordenador de Artes Cênicas e Musicais da Casa das Artes; e Igor Marques, produtor cultural e presidente do Colegiado de Dança do Pará.

O dia se encerrou com o experimento cênico "Sem retorno", de Jean Gama, que aborda questões sociais e políticas relacionadas ao corpo idoso, trazendo uma importante reflexão para os espectadores e espectadoras.

“Tivemos uma oficina com o professor Carlos Dergan e depois uma mesa em parceria com o Colegiado de Dança do Pará sobre produção em dança, e debatemos sobre as linhas de produção em dança aqui em Belém. Inclusive eu apresentei, em números, quantos projetos de dança foram aprovados no ano passado - entre o edital de pesquisa e experimentação e o edital de incentivo à arte e à cultura, promovidos pela FCP - e a linguagem que entregou o maior número de projetos foi a dança. Ou seja, a gente está sabendo que os profissionais da área estão se debruçando para escrever projetos”, destaca o coordenador da FCP, Danilo Bracchi.

Daniele Ramos, técnica da Fundação Cultural do Pará, ressaltou a construção colaborativa da programação, que buscou valorizar os artistas premiados e promover um diálogo produtivo sobre a produção cultural na área da dança. “A programação foi construída entendendo o propósito da Casa das Artes, que é trazer a perspectiva da pesquisa, experimentação, o incentivo à cultura, então esse foi um dos enfoques principais".

"Trazer também para a programação artistas representativos da linguagem da dança que foram premiados no edital do ano passado. E para além disso, esse diálogo muito importante com o colegiado de dança trouxe a possibilidade de trazer uma mesa temática para abordar um tema de grande importância, que é a produção cultural em dança. Então, a gente teve na tarde de hoje, artistas e produtores da dança que puderam trazer essa perspectiva da produção cultural, tanto pela via dos trabalhos que têm sido feitos do colegiado - que tem se organizado de uma forma maravilhosa, articulando profissionais de dança e produtores culturais - quanto pela fala do próprio Danilo Bracchi, que é o coordenador de artes cênicas aqui da Casa das Artes, e que pôde trazer toda essa perspectiva do que vem sendo desenvolvido aqui no espaço da Casa das Artes, enquanto um dos equipamentos de grande importância da Fundação Cultural. Então eu percebo que foi de uma forma muito integrada, coletiva, parceira, essa organização da programação”, explica a técnica da Fundação Cultural do Pará, Daniele Ramos.

Waldete Brito, artista da dança e debatedora na mesa temática, enfatizou a importância do espaço proporcionado pela Casa das Artes para o desenvolvimento das diversas linguagens artísticas. “Esse espaço da Fundação e sobretudo da Casa das Artes, que desde a sua inauguração, desde que foi pensado esse espaço para as artes, sempre abriu as portas para todas as linguagens artísticas, então isso é muito importante. É uma casa que nós nos sentimos sendo a nossa casa realmente, e participar dessa programação em função do mês de abril, em que se comemora o Dia Internacional da Dança, que é dia 29, e juntamente com uma parceria com o Colegiado de Dança, para nós artistas da dança, pesquisadora como eu sou, professora, produtora também de cultura, é muito importante, porque aí você percebe que nós estamos trabalhando num coletivo, que a própria fundação, com toda a sua equipe, vai cumprindo seu papel também junto com os atores sociais”, compartilha Brito.

A professora de dança também fala sobre a mesa sobre produção cultural: “a parte de produção especificamente para dança ainda é um lugar de ação muito embrionário, pouquíssimas pessoas em Belém fazem produção para as companhias e grupos de dança, são poucas que existem na cidade produzindo de forma ininterrupta. Belém tem um grande movimento de dança e acho que colocar esse tema na mesa de hoje foi muito importante”. 

Jean Gama, responsável pelo espetáculo "Sem Retorno", compartilhou sua experiência de pesquisa e experimentação financiada pela Fundação, ressaltando o papel crucial da arte na reflexão e revalorização do corpo idoso na sociedade contemporânea. “hoje, nesse dia super especial, essa programação linda que a Fundação nos está contemplando, é um prazer enorme poder trazer essa reflexão de um projeto que fala do corpo idoso, das questões e das discussões que atravessam esse corpo no sentido social, político, e dando realmente espaço para que a gente possa cada vez mais refletir e discutir sobre esses lugares onde, muitas das vezes, a sociedade coloca a pessoa mais velha, mais idosa, quase sempre desvalorizando toda uma memória, uma história construída ao longo de uma vida”, explica Gama. E continua detalhando como o corpo do artista vai expressar exatamente essas reflexões. “É como se, de repente, você chegasse aos 60 anos, que é a idade estabelecida na fase idosa, e você já não tivesse mais uma perspectiva de futuro, num sentido de o que a sociedade realmente pensa sobre valores. Então, cada vez mais a gente precisa trazer essas poéticas dentro da cena, da dança, para que essas discussões não fiquem abafadas, para que a gente volte realmente a olhar com um olhar novo, porque essas pessoas estão super ativas, estão dando aula, produzindo, elaborando projetos, estão em ação”.

Neste sábado (27), as atividades terão continuidade com a segunda parte da Oficina de Processos Criativos em Dança Clássica, seguida por uma Mostra Cênica que apresentará os resultados das oficinas e contará com a participação de companhias de dança convidadas. O dia será encerrado com o espetáculo "Onde encosta meu corpo: ancestralidades cruzadas", de Cláudia Messeder.