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AGRICULTURA E PESCA

Pará é autossuficiente na produção de sementes de cacau com sustentabilidade

Total de 13 milhões e 400 mil sementes híbridas de cacau foram produzidas com recursos do Funcacau, coordenado pela Sedap

Por Rose Barbosa (SEDAP)
26/03/2024 08h30

O cacau e o chocolate estão intrinsecamente ligados, este ano, na semana em que se comemora a Páscoa, também é celebrado o Dia Nacional do Cacau, nesta terça-feira (26). O Pará tem muito o que comemorar sobre a cacauicultura.

De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), o Estado ocupa o primeiro lugar na produção nacional do fruto e isso já é motivador. E, o Pará apresenta uma série de outros fatores positivos que o fazem ter orgulho da produção cacaueira sustentável. Na primeira reunião deste ano do Conselho Gestor do Fundo de Desenvolvimento da Cacauicultura do Pará (Funcacau), em 8 deste mês, o balanço apresentado mostrou que aproximadamente 13 milhões e 400 mil sementes híbridas de cacau foram produzidas ano passado com recursos financiados pelo Fundo, coordenado pela Sedap.

Produtor Francisco Cruz, de Novo Repartimento, no Pará Em todo o Pará, foram distribuídas 11.548.490 sementes para 5.587 produtores de 69 municípios paraenses, o que possibilita a implantação anual de cerca de 8 mil hectares de novos cultivos de cacau.

O governo do Estado, por meio da Sedap, garante uma atenção especial à cadeia produtiva do cacau. A secretaria tem o Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Cacauicultura no Pará (Procacau). O trabalho realizado pela equipe do programa – formada por engenheiros agrônomos e o pessoal de apoio na área administrativa, possibilitou a autossuficiência na produção de sementes com o consequente aumento da produtividade da cultura, colocando o Pará como o maior produtor nacional.

Os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram que em 2022 o Pará produziu 145. 994  toneladas de amêndoas de cacau. O gerente do Procacau da Sedap, Ivaldo Santana, informou que a independência na produção de sementes permite ao Pará comercializá-las às indústrias multinacionais.

"Nós somos autossuficientes na produção de sementes híbridas que são produzidas pela Ceplac e distribuídas aos novos produtores que se incorporam à cadeia do cacau a cada ano, são em torno de mil produtores. Também é distribuída aqueles que querem aumentar a sua área plantada", afirmou o engenheiro agrônomo.Produtor premiado, Robson Brogni, de Medicilândia

De acordo com o especialista, as variedades que formam as sementes híbridas são originárias da Amazônia. As principais são as do tipo crioulo, forasteiro  e trinitário. "Essas sementes que produzimos no ano passado foram distribuídas para os produtores do Pará, em sua grande maioria - 11 milhões e 500 mil - e a outra parte vai para os estados do Amapá, Amazonas e Roraima", esmiuçou Santana. 

A grande vantagem desse tipo de semente, como defendeu o coordenador do Procacau, é que os plantios dessas árvores que produzem as sementes híbridas são muito bem conduzidos. É necessário, segundo orientou, uma polinização muito bem feita. "São contratadas 100 pessoas por cada campo para fazer a polinização no momento correto para a gente fazer sementes de qualidade; todo ano elas são produzidas porque os filhos dessas sementes que formam novas plantas -  que é geração 'F2' como a gente chama - já não é tão vigoroso quanto a semente original", explicou.

Cada fruto de cacau produz em média  40 sementes e, conforme Ivaldo Santana, é feito um cálculo. "Se um produtor vai plantar, por exemplo, um hectare, são 1.111 plantas, a gente calcula que cada fruto tem essa quantidade de sementes, fazemos a distribuição dos frutos e na sua propriedade, o produtor quebra os frutos, tira a  mucilagem da semente e já faz o plantio no saco plástico para ficar no viveiro ou no sub-bosque e alguns meses depois já vai a campo para o plantio definitivo".  

Premiadas - As amêndoas se tornaram em pouco tempo uma das mais conhecidas mundialmente. Em fevereiro deste ano, por exemplo, o estado recebeu dupla premiação. Os produtores Miriam Federicci e Robson Brogni levaram o primeiro e segunda lugar, respectivamente, na premiação Cocoa of Excellence, realizado em Amsterdã, na Holanda, como as melhores amêndoas do planeta. Ambos produtores são de Medicilândia, município localizado na Região de Integração do Xingu - na extensão da rodovia BR -030 , conhecida mais popularmente como Transamazônica.

O produtor Robson Brogni destaca a importância das sementes híbridas. Ele inclusive chegou a ser premiado utilizando esse tipo de semente. A família Brogni possui quatro propriedades de cacau totalizando em torno de 300 mil plantas. Entre essas propriedades está o Sítio Ascurra, que é onde ele mora e gerencia.

"No Sitio Ascurra temos hoje cerca de 50 mil cacaueiros, onde absolutamente todos esses são 
provenientes de sementes híbridas. Temos lavouras de várias idades, onde a mais nova tem 14 
anos e a mais velha 38 anos. Desde o primeiro plantio de cacau nos anos 80, todas nossas 
sementes foram fornecidas diretamente pela Ceplac, tendo assim a certeza que adquirimos 
material genético de boa procedência", garante  Brogni. 

A grande variedade genética dos híbridos forma no campo um stand de plantas com  alta resistência de sua base genética a pragas e doenças, como afirma Brogni. 

"Eu vejo que cacaueiros híbridos tem grandes vantagens para o produtor, desde a lavoura em si até a qualidade final de um produto feito com suas amêndoas de cacau. Lavouras hibridas com origem Ceplac tiveram e ainda têm sua genética e comportamento muito estudados antes de ficarem a disposição do produtor. Isso garante uma longa vida útil e saudável aos cacaueiros, claro que tendo um manejo correto. Esse tipo de cacaueiro já está adaptado ao clima da nossa região e com isso também fica mais resistente a doenças e pragas, o que por exemplo não acontece com algumas variedades genéticas oriundas de outras regiões", observou Robson Brogni. 

Para se ter uma ideia a média de produtividade do Sitio Ascurra é entre 1,5 Kg e 2 Kg de cacau seco por planta, acima da média regional, que é em torno de 1 Kg/planta, segundo informou. "Nossa lavoura mais antiga há uns anos atrás chegou a atingir 2,7 Kg/planta. Esses números são alcançados devido a uma boa genética dos cacaueiros híbridos acompanhado de um manejo adequado nas lavouras", explica.

Sensorial - Outra questão importante em relação ao cacau hibrido, segundo destacou o produtor, é a quantidade de manteiga contida nas amêndoas e o sensorial que essas amêndoas possuem.

"Já está cientificamente comprovado que as amêndoas de cacau hibrido da região Transamazônica têm na sua composição mais de 50% de manteiga, chegando em alguns casos a quase 60%. Isso é muito bom tanto para a indústria do chocolate quanto para a indústria de cosméticos. Já na questão sensorial as amêndoas hibridas são espetaculares", avaliou o produtor.

A sua mistura genética, que consiste em mais de 15 variedades misturadas aleatoriamente nas lavouras, proporciona um resultado considerado incrível pelo produtor a cada novo lote de cacau que é fermentado.

"Isso claro que resulta no sabor final dos produtos derivados dessas amêndoas, principalmente no chocolate. Os sabores de um chocolate que é bem feito com cacau hibrido são peculiares. A combinação de uma amêndoa de cacau bem fermentada com a dedicação e competência de um bom Chocolate Maker transforma qualquer lote de cacau de excelência num chocolate maravilhoso", ensinou o premiado produtor. 

 Direto do Sítio Clima Bom, no assentamento Tuerê, localizado no município de Novo Repartimento, na Região de Integração do Lago Tucuruí, o produtor Francisco Cruz também defende a utilização das sementes híbridas. Ele diz que observou uma grande qualidade e produção com esse tipo de semente. "Percebe-se, no recebimento das sementes, um grande cuidado da parte do pessoal que traz elas para nós, se preocupam com a qualidade, são frutos maduros, não são doentios e essa qualidade eu tenho percebido que tem melhorado bastante porque são sementes diversas, não é somente de uma genética, então para mim é de grande valia receber essas sementes da Ceplac", opina o produtor. 

Ele trabalha na propriedade de nove hectares e com distanciamento dos frutos plantados entre quatro por quatro e três por três com um total de  6 mil plantas.