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Ophir Loyola reitera o compromisso de oferecer terapias avançadas na rede pública

Procedimentos inéditos, mutirões de cirurgias de alta complexidade e entregas de novos espaços na instituição beneficiam usuários do serviço

Por Ellyson Ramos (HOL)
15/12/2023 12h44

Quando indagada sobre qual o maior desafio que já enfrentou, a atleta Sandra Faustino, de 52 anos, é categórica: “o câncer”. A lida com a doença iniciou em 2021, quando ela começou a sentir dores nas costas, até então creditadas ao treino de ciclismo que fazia diariamente para as competições. A suspeita de lesão muscular foi descartada após exames e consultas com especialistas. O diagnóstico de mieloma múltiplo a amedrontou de imediato, mas foi da doença que Sandra tirou lições para a vida e entrou para a história da saúde pública do Norte do Brasil ao ser submetida ao primeiro Transplante de Medula Óssea via Sistema Único de Saúde (SUS) na região.

“Agradeço a Deus e ao hospital por me darem oportunidade de viver essa nova etapa da minha vida. Há cinco meses eu passei por um transplante que mudou muita coisa em mim. Eu aprendi a me ver melhor e até a gostar mais de mim. (O transplante de medula) mexeu com a minha autoestima e o apoio da equipe do hospital, dos amigos e da família me ajudou muito a enfrentar a doença. Ainda não recuperei o corpo de atleta, mas voltei para a academia e pedalo em casa, atividades que não imaginava que conseguiria praticar tão cedo”, revela Sandra.

A auxiliar administrativa conta que, antes do transplante de medula, os movimentos do corpo eram limitados e que não conseguia abaixar ou caminhar dentro da própria casa sem a ajuda de muletas. Depois do procedimento, Sandra admite seguir as recomendações médicas e que, desde a alta hospitalar em julho deste ano, retoma a rotina aos poucos.

“Logo quando voltei para casa e vi a minha bicicleta, o capacete e a sapatilha, senti uma saudade imensa de pedalar. Depois de 15 dias, eu tirei a poeira de tudo e fui para o rolo fixo, um equipamento que a gente prende na traseira da bicicleta para treinar sem sair do lugar. Comecei com cinco minutos, depois fiz dez e hoje chego a fazer uma hora de treino. O ciclismo serve para eu me avaliar e superar o meu próprio desempenho. Não me refiro só às competições. Para mim, a ‘bike’ significa liberdade e pedalar é estar livre. Eu até voltei para a academia e já levanto uns pesinhos para ganhar um muque”, disse Sandra aos risos.

Responsável por atender cerca de 90% da demanda oncohematológica de todo o Pará e de estados vizinhos, o hospital foi credenciado pelo Ministério da Saúde (MS) para a retirada e transplante de células-tronco hematopoiéticas em maio deste ano. Sandra passou pelo procedimento autólogo, no qual a medula do próprio paciente é utilizada no tratamento. O sucesso do TMO foi celebrado pela equipe médica, chefiada pelo Oncohematologista Thiago Xavier Carneiro.

Vale ressaltar que o TMO do HOL é realizado com cooperação técnica da Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa). A oferta gratuita do tratamento proposto para algumas doenças que afetam as células do sangue ampliou as modalidades de transplantes no Pará por intermédio da Central Estadual de Transplante (CET), da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).

Cultura solidária - Atuante na captação, preservação e destinação de córneas em conformidade com a CET, o Banco de Tecido Ocular do HOL superou neste ano a marca de 300 doações de córnea. O número representa um aumento significativo quando comparado às 103 doações catalogadas no ano anterior. Além do trabalho das equipes, o crescimento deve-se à cooperação técnica com o Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL) e o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), da Polícia Científica do Pará (PCEPA). O reforço também é creditado ao sucesso da campanha “Doação de Córnea: Responsabilidade Social”, promovida pelo BTO em parceria com os principais clubes do Pará.

Mutirões - O tumor maligno de próstata é o tipo de câncer mais incidentes nos homens paraenses, principalmente àqueles entre 60 a 65 anos. Para dar celeridade ao atendimento de pacientes acometidos por essa neoplasia, o HOL montou um Plano de Ação para melhorar os indicadores cirúrgicos e de internação. Com o Mutirão Novembro Azul, 37 pacientes foram submetidos às cirurgias de alta complexidade no penúltimo mês do ano e, se somadas aos procedimentos cirúrgicos eletivos, a instituição ultrapassa a marca de 420 intervenções urológicas.

No âmbito da saúde da mulher, a campanha Outubro Rosa no Ophir Loyola foi marcada por um mutirão de cirurgias de reconstrução mamária. Os procedimentos recuperaram a autoestima de 15 mulheres submetidas à retirada total ou parcial dos seios em decorrência do câncer de mama. O mutirão foi realizado em paralelo ao plano que utiliza o recurso de mais de R$ 840 mil enviado pelo MS, por meio da Portaria nº 553, de 10 de julho de 2023, para as plásticas reconstrutivas.

“Eu fiz a retirada da mama direita há seis anos. Senti um alívio por saber que o tumor não estava mais no meu corpo, mas encarar o espelho não foi fácil. Não me via completa e minha autoestima veio ao chão. A minha fé em Deus e a minha família me deram o apoio necessário e hoje estou aqui, bem. Demorei para acreditar quando o hospital me ligou para a avaliação e chorei de emoção quando me informaram que eu seria internada para fazer a cirurgia”, disse a paciente Rosiane Coelho, de 46 anos, beneficiada pelo mutirão.

Os planos de ações traçados pela instituição permitiram ainda que a fila de cirurgias de câncer ósseo fosse zerada em maio deste ano. Já o mutirão de cirurgias reparadoras para lesões de pele beneficiou 180 pacientes com lesões mutilantes ou desfigurantes em áreas expostas do corpo. Com a iniciativa, usuários que aguardavam por pequenas cirurgias para sanar danos causados por tumores malignos cutâneos tiveram a função e a forma das áreas afetadas reestabelecidas.

Ineditismos - O HOL passa diversas reestruturações físicas e logísticas a fim de oferecer maior comodidade e conforto aos usuários. No novo centro cirúrgico, entregue pelo governador Helder Barbalho neste semestre, a equipe médica do HOL realizou mais um procedimento inédito pelo SUS no Brasil: a  Pipac (sigla em inglês para Quimioterapia Aerossolizada Intraperitoneal Pressurizada). A terapia avançada é minimamente invasiva e alternativa à quimioterapia endovenosa que potencializa a efetividade do medicamento e garante uma recuperação mais rápida do paciente.

No mês de agosto, o Serviço de Cirurgia Torácica do HOL realizou a retirada de um tumor endobrônquico utilizando o bisturi de argônio, que cauteriza superfícies a partir de um jato do gás. O procedimento foi pioneiro no SUS, na Região Norte e, além de ser uma das melhores alternativas terapêuticas para melhorar condições respiratórias dos pacientes, a tecnologia reduz o tempo da cirurgia e os riscos de infecção e de hemorragia. Após ressecção, a paciente de 25 anos, moradora do município de Brasil Novo, sudoeste paraense, retornou para casa no dia seguinte.

E pela primeira vez uma cirurgia de tireoidectomia total por via endoscópica transoral foi realizada na rede pública de saúde do Pará. O procedimento contribui com maior qualidade de vida a usuários com câncer de tireoide, pois remove a glândula por meio de pequenos orifícios entre os lábios e os dentes. A paciente, de 34 anos, submetida ao método menos invasivo, recebeu alta médica dois dias após a intervenção cirúrgica.

O hospital também foi o primeiro do SUS, na região Norte, a oferecer a laringe eletrônica a usuários que tiveram câncer e passaram pela cirurgia de laringectomia total. Ao ser posicionado próximo à garganta, o aparelho permite a emissão de onda sonora contínua, que facilita a comunicação. A parceria com a empresa Atos Medical deu voz robótica a pacientes como o aposentado Nazareno da Silva, de 59 anos, que perdeu totalmente a fala em decorrência da doença. “Com o aparelho eu posso me comunicar. Estou muito feliz com essa vitória”, comemorou ele naquela ocasião.

Saúde de precisão - Em parceria com o Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP), o Serviço de Pesquisas Clínicas do HOL executa o projeto de pesquisa Mapa Genoma Brasil. O estudo propõe a estruturação de um banco de dados com informações genotípicas e fenotípicas de pacientes com cânceres de mama ou colorretal. A partir dos dados coletados, serão apontadas estratégias com diretrizes sobre fatores de riscos modificáveis, ou seja, aqueles relacionados aos maus hábitos de vida, bem como os não modificáveis, como a predisposição genética e o envelhecimento.

O hospital investiu também na especialização em Estomaterapia do Hospital Albert Einstein para formar enfermeiros estomatoterapeutas habilitados para atuarem na prevenção, tratamento e reabilitação de pacientes acometidos por lesões que afetam a integridade da pele. O hospital paraense sustenta ainda parcerias com o Hospital Sírio-Libanês (HSL), na execução do “Projeto Lean Nas Emergências”, e com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), com incentivos ao ensino e pesquisa desenvolvidos na instituição nortista.

Vitrine - A tradição no ensino e pesquisa marca a história do HOL, certificado como Hospital de Ensino pelo MS. Na instituição são desenvolvidos estudos, como a pesquisa sobre as mutações de citomegalovírus em receptores de transplante renal, na qual aponta que o surgimento de cepas resistentes a medicamentos, especialmente em indivíduos imunocomprometidos com infecção ativa, é uma condição potencialmente fatal. O estudo foi publicado recentemente na revista internacional Cell Transplantation, da editora norte-americana SAGE Publishing.

O hospital também foi representado no 46° Congresso Mundial dos Hospitais (WHC), em Lisboa, Portugal. Considerado o maior evento de gestão em saúde do mundo, o fórum reuniu líderes e organizações com o intuito de promover conhecimento e inovações. Presentes entre os 50 trabalhos orais apresentados no congresso internacional, o HOL apresentou experiências bem-sucedidas sobre a aplicação de ferramentas na redução do tempo de atendimento dos usuários.

“Somos referência no tratamento multidisciplinar do câncer e de doenças crônico-degenerativas na região Norte do Brasil. E diante da grandeza do Hospital Ophir Loyola, investimos em tecnologias e no aperfeiçoamento dos nossos profissionais, pois isso reflete em atendimentos mais humanos e especializados. Reforçamos ainda nosso campo de ensino e pesquisa e, como resultado, internacionalizamos cada vez mais a nossa produção técnico-científica. A presença da instituição em publicações e em eventos internacionais reiteram a nossa relevância”, afirmou o diretor-geral João de Deus.


Prestando assistência nas áreas de oncologia, neurologia, neurocirurgia, nefrologia e transplante, o HOL realiza mais de 1 milhão de atendimentos anualmente. Cerca de 3.500 cirurgias de alta complexidade são realizadas todos os anos e, para oferecer maior comodidade aos usuários e servidores, o governo do Pará inaugurou neste ano a nova fachada e recepção da instituição; o refeitório dos servidores; e o auditório Luiz Geolás de Moura Carvalho, espaço que apresentava problemas estruturais e estava em desuso há quase uma década.

Outras obras devem ser entregues pelo governo do Pará em 2024. O setor de radioterapia passa por readequação para a instalação de novos aceleradores lineares e de um tomossimulador, equipamento que calcula a quantidade de radiação e aplicações necessárias no combate de cada tumoração. O serviço de Medicina Nuclear também passa por reforma e ampliação para a instalação da Gama-câmara e do Pet-Scan, tecnologias usadas no diagnóstico e estadiamento do câncer.

Avançam ainda as obras da nova Central de Material Esterilizado, do Laboratório de Análises Clínicas e do Casarão, antiga residência do vice-governador do Estado situada no anexo da unidade e que passa por restauro. No próximo ano, o Estado também entregará a nova Unidade de Cuidados Paliativos Oncológicos (CCPO), que oferecerá assistência especializada, controle da dor e de demais sintomas de pacientes com o câncer em progressão.