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'II Mostra de Reinserção Social' destaca avanços alcançados pela Seap

Leitura, alfabetização e oficinas de trabalho estão entre as iniciativas que despertam nos internos a determinação para uma nova vida

Por Caroline Rocha (SEAP)
08/12/2023 00h30

Várias iniciativas que buscam apresentar novos caminhos para internos do sistema penal paraense foram destaques, nesta quinta-feira (7), durante a “II Mostra de Reinserção Social”, fruto da parceria entre a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e o Tribunal de Justiça do Pará (TJPA). Mais de 140 integrantes de projetos de reinserção das casas penais da Região Metropolitana de Belém (RMB) e de Abaetetuba, na Região de Integração Tocantins, expuseram no auditório Maria Lúcia Gomes Marcos dos Santos, no Anexo I do edifício-sede do Poder Judiciário, as boas práticas realizadas dentro do cárcere.Desfile da coleção produzida pelas internas da Coostafe

As principais atividades apresentadas foram em marcenaria, corte e costura, artesanato, confecção de sandálias e corais. O objetivo foi demonstrar o potencial das atividades de educação, trabalho e renda.

Raquel Lima, coordenadora de Trabalho e produção da SEAP ressaltou que “A II Mostra de Reinserção Social reafirma o compromisso da SEAP em proporcionar às pessoas privadas de liberdade o acesso à educação, trabalho e renda por meio de vários programas, projetos e parcerias. Nestes últimos anos, essa mudança de posicionamento da secretaria tem contribuído para uma custódia mais digna e humanizada, permitindo que essas pessoas possam entrar em um processo de reintegração social efetivo”. 

Nessa mesma linha de pensamento, Gerson Santos, gerente de produção da Diretoria de Reinserção Social (DRS) da Seap, aponta as principais bases de reinserção trabalhadas.  “A remissão de pena pela leitura, alfabetização pelo método do Instituto Brasileiro de Educação e Meio Ambiente (Ibraema), as oficinas de trabalho, todos são a base para reinserção. O primeiro evento foi em janeiro, e a gente também trouxe essas mesmas atividades e algumas unidades produtivas, como a marcenaria, a produção de uniformes e a produção de sandálias, demonstrando realmente todo o fluxo, todo o processo produtivo dentro do sistema carcerário paraense”, disse.

Ele ressaltou ainda a importância de eventos como esse, com parceiros que acreditam na reinserção como ferramenta de ressignificação pessoal e social. “Essa mostra laboral é um uma parceria com o Tribunal de Justiça, e isso demonstra como o Poder Judiciário está atuando junto com a Administração Penitenciária, por meio da Vara de Execuções Penais da Região Metropolitana de Belém”, acrescentou Gérson Santos.

A programação contou com apresentações dos corais, regidos por membros das instituições religiosas parceiras da Seap, e que oferecem auxílio religioso nas unidades penais. O encerramento da programação contou com desfile de moda da Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe), o principal “case” da Seap na área de reinserção. As cooperadas lançaram no “Amazônia Fashion Week”, em novembro, uma coleção inspirada nas palmeiras da Amazônia, e realizaram novamente o desfile com as peças, finalizando a programação.

Boa vontade - O evento contou com as participações da desembargadora Rosi Maria Gomes de Farias; do defensor público Márcio da Silva Cruz; do pastor Samuel Câmara, presidente da Igreja Assembleia de Deus em Belém; do corregedor-geral de Justiça do Pará, desembargador José Roberto Pinheiro Maia Bezerra Júnior, e de familiares das pessoas privadas de liberdade.

“Esta mostra evidencia e comprova a recuperação, que passa por uma questão muito simples: a boa vontade do Estado em proporcionar meios para que seja possível, e boa vontade do recuperando em querer aproveitar esta oportunidade. E para que esta boa vontade se concretize, se faz necessário um esforço de cada um dos agentes envolvidos. O principal esforço é do recuperando; é a vontade de reescrever sua história. Todos nós cometemos erros, e muitas vezes tomamos decisões infelizes em nossas vidas. Mas elas são momentos, e não nos definem como seres humanos”, frisou o desembargador.Apresentação de coral regido por membros de instituições parceiras

Apoio familiar - O juiz titular da Vara de Execuções Penais da Região Metropolitana de Belém, Deomar Alexandre de Pinho Barroso, falou sobre o apoio da família ao interno. “Temos que enxergar no encarcerado um irmão que perdeu a liberdade, mas não perdeu a dignidade; continua sendo homem e mulher, e merece a minha compreensão”, disse o juiz.

Cursando Administração, o monitor da biblioteca da Unidade de Custódia de Reinserção (UCR) de Abaetetuba, Rodrigo Louzada, detalhou os ciclos vividos para “poder alcançar a mudança”. Rodrigo contou ainda que precisou de autoconhecimento para entender as mudanças que precisava fazer. “Qualquer pessoa possui poder para transformar sua vida, basta que queira e se conscientize disso. Nos mais de oito anos que estou privado de liberdade, temos realizado e alcançado metas antes não obtidas. Alfabetizamos vários iletrados com o Projeto Tempo de Ler, preparamos os internos para as avaliações do ensino fundamental, preparatório para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Em tudo obtivemos grande aproveitamento”, informou.