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Diagnóstico precoce do ceratocone evita transplante de córnea, alerta especialista do Hospital Ophir Loyola

Doença de origem genética e hereditária afeta a córnea. O problema atinge uma a cada 2 mil pessoas no Brasil e afeta cerca de 150 mil brasileiros por ano

Por Leila Cruz (HOL)
10/11/2023 14h37

Um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou que o ceratocone é responsável por cerca de 15 a 20% dos casos de transplante de córnea no País. A doença de origem genética e hereditária afeta a córnea, tornando-a mais fina e com curvatura no formato de um cone. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), o problema atinge uma a cada 2 mil pessoas no Brasil e afeta cerca de 150 mil brasileiros por ano. Geralmente, acomete adolescentes e adultos jovens, com idades entre 10 e 25 anos, mas pode progredir até os 40 anos de vida ou se estabilizar com o tempo. 

A principal causa para o desenvolvimento da doença é o hábito de coçar os olhos, costume que desestabiliza a estrutura da córnea e faz com que vá cedendo para frente. “A prevenção ocorre por meio da correção desse hábito. As pessoas com rinite alérgica ou outras alergias dermatológicas que causam coceira devem ter acompanhamento profissional adequado”, informou Cláudia Gomes, coordenadora do Serviço de Transplante de Córnea do Hospital Ophir Loyola.

O principal sintoma é a piora de visão, com necessidade frequente de troca das prescrições dos óculos ou lentes de contato devido ao aumento progressivo do grau. “O paciente começa a perceber que a visão está ruim e que o grau do óculos começa a mudar frequentemente. Ele necessita ir muitas vezes ao oftalmo porque o grau aumenta num curto período  de tempo”, disse a especialista.

“O diagnóstico é realizado pelo oftalmologista por meio do exame de topografia de córnea. Caso a doença seja identificada, o tratamento deve ser iniciado com a técnica indicada para o grau de comprometimento conforme a fase da doença para evitar a progressão. Se não tratada de forma adequada, a enfermidade avança e evolui para cegueira”, completou a Cláudia Gomes.

O ceratocone já liderou o ranking entre as principais indicações de transplante de córnea. A evolução da medicina e um melhor acesso aos médicos especialistas permitiram uma mudança nesse cenário. Atualmente, o procedimento somente é indicado quando já ocorreu uma perda significativa da visão e uma grande deterioração do tecido corneano.

“Dentre os principais tratamentos realizados, o principal é o crosslinking que é uma técnica utilizada para fortalecer as moléculas de colágeno da córnea a fim de evitar que o tecido continue abaulando. Outras opções são as lentes de contato adaptadas e também temos o implante de anéis instraestomais para regular a curvatura da córnea, utilizados em uma fase mais avançada para corrigir o astigmatismo provocado pela deformidade. Hoje, o transplante só é indicado em último caso”, explicou  a especialista.