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CIIR proporciona planos terapêuticos para reabilitandos que farão o Enem

Em Belém, equipe de psicopedagogos do Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR) auxiliam usuários no desenvolvimento de conhecimentos

Por Pallmer Barros (CIIR)
03/11/2023 12h13

Nos dois próximos domingos, 5 e 12 de novembro, entre os milhares de estudantes brasileiros que participarão das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), processo seletivo unificado para ingressar no Ensino Superior, conduzido pelo Ministério da Educação, estarão presentes Pessoas com Deficiência (PcD) e entre elas reabilitandos assistidos pelo Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), em Belém.

Um deles é Felipe Almeida, de 17 anos, diagnosticado com autismo, que pela primeira vez participará do certame. A preparação do estudante que pretende cursar Designer ou Artes Visuais vem há cinco anos desde que ele iniciou o acompanhamento no CIIR. 

Segundo a equipe de psicopedagogos, que acompanha os passos escolares do Rafael, o método de preparação mescla entre terapias, escola e família com auxílio da Psicopedagogia, uma especialidade dentre as terapias que estimula o reabilitando a trabalhar a interação social mediante o raciocínio lógico, que mistura a matemática com língua portuguesa por intermédio de jogos educativos, sendo complementada pela leitura com habilidades.

“O Rafael chegou ao CIIR muito disperso. Não tinha concentração. Os terapeutas conduziam atividades e ele não conseguia ter foco. A interação com as pessoas também era uma dificuldade. Isso estava o atrapalhando no desenvolvimento cognitivo. A partir disso, montamos um plano terapêutico que incluímos jogos educativos, justamente para trabalhar o lado cognitivo e resgatar a concentração, memória e leitura”, pontua a terapeuta Tatiane Lisboa, acrescentando que as atividades propostas durante as sessões de terapias são levadas pelo reabilitando para a sala de aula que potencializa a compreensão dos conteúdos das disciplinas.

Ela complementa ainda que dependendo do grau do diagnóstico, existe estudante/reabilitando em que a concentração é tão baixa que não sabe diferenciar qual o nome da disciplina ou até os professores. Para mudar este panorama, a Psicopedagogia alinha com a compreensão. Também, durante as sessões de terapias na especialidade, a Tatiane Lisboa destaca ter incluído a redação com temas factuais com probabilidade de ser tema do Enem 2023. 

Para a irmã, Clara Almeida, de 24 anos, aponta que o jovem conseguiu conquistar a comunicação e relação pessoal por intermédio dos atendimentos. “Agora, na reta final do ensino médio que ele foi criando amizades na escola ficando mais comunicativo com as pessoas. Isso certamente fez com que o meu irmão evoluísse no aprendizado escolar”, observou afirmando que dentro do CIIR, o Rafael conquistou autoconfiança. 

O interesse em cursar Artes é justamente em razão da Oficina de Artes Visuais em que ele participa promovida pela instituição em paralelo as terapias. “Eu creio que quando a pessoa consegue interagir com as outras pessoas, ela obtém aprendizado, pois há troca de conhecimentos. O CIIR foi uma ferramenta muito importante para o desenvolvimento dele”, completa Clara Almeida. 

Como complemento para conquistar o resultado positivo, Rafael Almeida participa semanalmente do Grupo de Habilidades Socioemocionais (GHS) direcionado para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) que enfatiza a importância das palavras e o feedback da interação social e familiar. “Juntos, psicólogos e psicopedagogos trabalham estes aspectos que ajudam não somente para a preparação ao Enem, mas sim, para a vida de modo geral. O grupo também atua no lado emocional para lidar com as negativas. Por que isso? Caso não consiga passar no vestibular, os integrantes do grupo não ficarem tristes e desanimados. Seja vestibular ou outro projeto na vida”, explica Robson Matos, psicopedagogo e um dos condutores da atividade. 

Exemplo a ser seguido - “Eu só tenho a agradecer toda a equipe multiprofissional do CIIR. A partir de 2019, a vida do meu filho mudou para melhor. Superou barreiras, preconceitos e dúvidas das pessoas. O acompanhamento terapêutico foi a oportunidade que ele teve de mostrar o seu valor. Eu digo aos pais que lutem pelos seus filhos, seja qual for o diagnóstico. Persista com eles. Não é fácil, mas no fim, tudo valerá a pena”. 

As palavras são da dona de casa Sueli Ferreira, de 49 anos, que traduzem a emoção com a aprovação do filho, Antônio Ferreira, de 28 anos, no vestibular de 2023 na Universidade Federal do Pará (UFPA), no curso de Educação Física.

Estudando sozinho em casa em meio a livros e internet, o suporte de terapias cognitivas foi essencial para o Antônio que recebeu o diagnosticado de autismo há três anos. A mãe conta que o rapaz enfrentou muitos desafios com o diagnóstico tardio. 

“O trabalho com o Antônio começou envolvendo a formação de palavras. Eu dizia a ele: - Vamos criar a palavra bola. Com o passar do tempo fomos aumentando o nível. Começamos a criar frases. Às vésperas do vestibular, o usuário já estava produzindo redações. Foi uma trajetória de terapias, desde 2019. Não foi de um dia para o outro essa evolução”, explicou Robson Matos, psicopedagogo  que acompanhou o usuário e ainda considera a língua portuguesa um ponto essencial nas terapias.

Segundo o profissional, com a dinâmica, a pessoa em reabilitação tem ideia de como escrever uma redação elaborando frases maiores. “Para aumentar o ritmo de aprendizado, ele levava para casa atividades de produção textual. Além disto, conversava com ele, em sala de terapia, temas de assuntos do cotidiano que poderiam ser abordados na prova”, acrescentou.

Desta forma, para a mãe, a Psicopedagogia reforçou o desenvolvimento e o conteúdo das disciplinas. Além desta especialidade, o Antônio conta com a Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Psicologia e Educação Física.

Incentivo – Antônio Ferreira concluiu o ensino médio aos 17 anos. Ao longo dos últimos anos ele tentou, por diversas vezes, conseguir a vaga no ensino superior. Sem o diagnóstico, Antônio estudava em cursinhos preparatórios, mas sem sucesso e suporte na aprendizagem. 

“Depois que iniciou as terapias e os profissionais conhecendo a história dele, incentivaram muito o meu filho a não desistir. Isso também foi fundamental, a rede de apoio do CIIR após 10 anos tentando passar no vestibular”, enfatizou Sueli Ferreira.

Ainda de acordo com a mãe, toda esta construção também o auxilia na vida acadêmica. Cursando o primeiro semestre de educação física, “o Antônio está indo bem na faculdade e foi recebido por toda equipe da Universidade com carinho e atenção. Está interagindo mais com as pessoas. Superou todas as expectativas”, comemora com sorriso largo no rosto.  


Estrutura -
O CIIR é referência no Pará na assistência de média e alta complexidade às Pessoas com Deficiência (PcDs) visual, física, auditiva e intelectual. Os usuários têm acesso aos serviços do Centro por meio de encaminhamento das unidades de Saúde, acolhidos pela Central de Regulação de cada município, que por sua vez encaminha à Regulação Estadual. O pedido será analisado conforme o perfil do usuário pelo Sistema de Regulação Estadual (SER). 

Serviço: O CIIR é um órgão do governo do Pará, administrado pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). O Centro funciona na Rodovia Arthur Bernardes, n° 1000, em Belém. Mais informações pelo telfone (91) 4042-2157/58/59.