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MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO

Em Roma, governador do Pará indica a sociobioeconomia como caminho para a preservação florestal e segurança alimentar

Governador destacou, com números, potencial da bioeconomia amazônica e o Plano Estadual desenvolvido com pioneirismo pelo Pará para impulsionar o setor

Por Igor Nascimento (SEMAS)
17/10/2023 14h48

O governador do Pará e presidente do Fórum dos Governadores da Amazônia Legal, Helder Barbalho, participou, nesta terça-feira (17), do Fórum Mundial da Alimentação (WFF, sigla em inglês), promovido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em Roma, na Itália, e defendeu soluções a partir da sociobioeconomia amazônica para o que considera os maiores desafios atuais: o da preservação ambiental e o da segurança alimentar, que afeta milhares de pessoas no mundo. 

Firmando-se cada vez mais como um porta-voz na defesa de um novo modelo econômico baseado em floresta viva, com baixas emissões de gases de efeito estufa, justiça social e com preservação ambiental, Helder Barbalho destacou, com números, o potencial da bioeconomia como nova matriz econômica a ser impulsionada e lembrou que o Pará é o primeiro Estado do Brasil a desenvolver um Plano voltado para o segmento. 

“A bioeconomia na Amazônia representa hoje a geração de 84 mil empregos diretos no Brasil, 347 mil de forma direta e indireta, agregando um valor ao nosso Produto Interno Bruto em um patamar de 12 bilhões de reais, portanto, ainda pequeno dadas as dimensões de oportunidades, além de um valor bruto de produção de 15 bilhões de reais. Mas quando estimamos a partir do conhecimento tradicional associado, da pesquisa aplicada e da perspectiva do que a bioeconomia pode representar para o nosso Estado, nós estamos falando da oportunidade de chegar, até 2037, a 120 bilhões de dólares em exportação de produtos oriundos da nossa sociobiodiversidade”, disse o governador. 

Ao discursar na abertura da mesa redonda “Destravando o potencial da bioeconomia da Amazônia”, ao lado do diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, o governador destacou a bioeconomia e os produtos da sociobiodiversidade como nova força motriz da economia paraense e amazônica para os próximos anos.

O evento contou também com participações da diretora-geral adjunta da FAO, Maria Helena Semedo; da secretária Nacional de Bioeconomia do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Carina Pimenta; da vice-ministra da Agricultura e Pecuária da Colômbia, Aura María Duarte; do presidente do Parlamento Amazônico (Parlamaz), senador Nelsinho Trad, além da embaixadora Carla Carneiro. 

“Aproveito essa oportunidade para agradecer e convocar a FAO, para que possam fazer, junto com a gente, da bioeconomia com envolvimento das pessoas, a nossa nova grande vocação econômica, que permitirá que encontremos duas soluções urgentes: a da preservação da floresta e a solução do desafio social, garantindo comida na mesa daqueles que mais precisam, onde a sociobioeconomia certamente deve ser vista como a grande oportunidade de transformação”, disse. 

Mudança histórica - “Saímos do estado que historicamente representou o maior nível de desmatamento no Brasil e nos últimos quatro anos, iniciamos um processo de transformação e de mudança da realidade do uso da terra, pautados em pilares que partem da Política Estadual de Mudanças do Clima, com ações de comando, controle e fiscalização, a partir de medidas efetivas de combate ao desmatamento e redução de emissões e com a construção de um novo modelo socioeconômico para o uso do solo, fazendo da nossa sociobiodiversidade amazônica a nova grande vocação econômica do Pará”, disse o governador. 

Helder Barbalho destacou que somente na Amazônia brasileira existem 29 milhões de pessoas, que ainda convivem com desafios extraordinários no campo social e que precisam participar de um processo de desenvolvimento sustentável e inclusivo que concilie os desafios climáticos e da garantia de alimentos ao planeta, mas acima de tudo que olhe pelas pessoas. 

“É fundamental que possamos destacar este olhar, de que defendemos a economia verde de que a floresta viva precisa valer mais do que floresta morta e para isso é preciso que ela gere produção, inclusão, olhando para as diferentes Amazônias e olhando para o sul global, que detém o maior estoque de florestas do planeta e que precisa encontrar um modelo de desenvolvimento sustentável que olhe pelas pessoas”, destacou. 

Pioneirismo - O governador também destacou o processo de escutas etnoregionais e multissetoriais que resultaram no Plano Estadual de Bioeconomia. “Em 2022, na COP 27, no Egito, o Pará apresentou o Plano Estadual de Bioeconomia, disponibilizado aos que aqui estão presentes, que foi resultado de várias oficinas, ao longo de mais de um ano, onde envolvemos as comunidades tradicionais, trazendo os conhecimentos ancestrais dos povos da floresta, valorizando a agricultura familiar, além dos setores da academia, setor privado, ONGs e o próprio governo. Para nós, é fundamental que possamos compreender que a floresta viva possa valer mais que uma floresta morta”, disse. 

“Certamente teremos a grande oportunidade de chegar até 2025, quando Belém terá o privilégio de sediar a COP 30, mostrando que o Estado que mais enfrentava problemas ambientais virou a chave, transitou e construiu um novo olhar para a sustentabilidade”, destacou. 

Cooperação - Na programação, o governador e sua delegação participaram de reuniões bilaterais com o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, e com a diretora-geral adjunta da organização, Maria Helena Semedo. Nas ocasiões, foram discutidas a possibilidade de ser firmada uma cooperação entre a entidade e o Governo do Pará para fortalecer as políticas ambientais do Estado, sobretudo na área da bioeconomia.

Na ocasião, o governador informou ainda que está articulando com o presidente Lula a inclusão da bioeconomia na agenda da reunião do G20, grupo formado pela União Europeia e 19 países, que representa 85% do PIB global.