Em 2023, Trasladação leva 1,5 milhão de pessoas às ruas de Belém e é marcada pela emoção dos fiéis
Berlinda com a imagem de Nossa Senhora de Nazaré seguiu com multidão de devotos até a chegada à Igreja da Sé, por volta das 22h50 deste sábado (07)
Realizada este sábado (7), a Trasladação, segunda maior procissão do Círio de Nazaré, foi marcada pela emoção dos fiéis que acompanharam o trajeto de 3,7 quilômetros até a catedral da capital paraense, a Igreja da Sé, no percurso inverso daquele tradicionalmente feito na manhã de domingo. A "Procissão das Luzes", como é conhecida entre os devotos, levou cerca de 1,5 milhão de pessoas às ruas de Belém, segundo estimativa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Na programação religiosa, que teve início às 16h30 com a tradicional missa no colégio Gentil Bittencourt, a multidão seguiu tomada pela emoção, do início ao fim. A imagem de Nossa Senhora de Nazaré deixou o Colégio Gentil em direção à Catedral Metropolitana às 18h16, após um atraso causado pela estrutura de atrelamento de uma das estações ligada à corda, chegando à Sé por volta das 22h50.
O governador Helder Barbalho destacou a união do povo paraense durante o Círio de Nazaré.
“Todos os anos nós temos que agradecer por tudo o que Nossa Senhora de Nazaré tem feito pelo nosso estado. O Pará este ano tem consolidado seu protagonismo e vencido desafios, por isso devemos agradecer a Nossa Senhora, que tem iluminado nosso povo e protegido nossa gente. Que possamos, cada vez mais, sermos capazes de vencer o nossos desafios e temos esperança de que vamos vencê-los com muita fé e união em torno do Pará, com as bênçãos de Nossa Senhora de Nazaré”, destacou o chefe do Executivo estadual.
Emoção - A estudante Layana Souza compareceu à procissão para agradecer pela recuperação de um ente querido que sofreu um acidente há um ano. “Ano passado, eu estava com alguém muito especial internada na UTI e passei o Círio inteiro clamando pela vida dela e deu tudo certo. Hoje ela está bem, com vida, mas eu nunca pensei passar por nada do que eu passei, do que a família dela passou. Ainda não tinha conseguido chorar, mas só de ver a berlinda e lembrar do sufoco que passamos o ano passado, e este ano poder comemorar a vida dela, pra mim é uma vitória, por isso, estou muito emocionada”, contou.
A biomédica Marcele Leitão também foi à romaria em gesto de agradecimento. “Ano passado, eu fiz o traslado e pedi pra Nossa Senhora me abençoar com a minha gestação. Eu não sabia que já estava gestante. O meu filho nasceu prematuro, com pé torto congênito e desde que completou dez dias de vida, a gente começou o tratamento dele com o ortopedista. Estou aqui, com um dos gessos que ele usou, pedindo pra Nossa Senhora interceder junto ao Pai e curar o meu filho. Espero chegar até o final. Tenho muita fé em Nossa Senhora e sei que Ela vai me abençoar com essa graça para o meu filho, que está com quatro meses”, disse.
A conquista da casa própria foi o motivo que trouxe o repositor Felipe Vieira à Trasladação. “No ano passado, eu e minha esposa fizemos uma promessa de que se conseguíssemos a nossa casa, a gente viria todo ano com uma casa em réplica para agradecer essa bênção. Então nós casamos, conseguimos a nossa casa e eu estou aqui pra agradecer”, compartilhou.
Corda - A Trasladação é a primeira procissão de corda da programação oficial do Círio de Nazaré e, este ano, pela primeira vez, esse que representa um dos principais símbolos da festa da Rainha da Amazônia foi produzido no Pará. Graças a uma articulação do Governo do Pará, a corda do Círio 2023, de 800 metros, foi produzida com fibras vegetais de malva e juta, cujas sementes oriundas dos municípios de Alenquer e Óbidos, são transformadas em fibra em Castanhal, na região metropolitana de Belém, por uma empresa do setor têxtil.