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Roda de conversa no Hospital Octávio Lobo acende alerta para o câncer infantil

Evento integra programação alusiva ao Setembro Dourado, voltado à conscientização sobre os tipos de cânceres que acometem crianças

Por Ellyson Ramos (HOL)
23/09/2023 18h23

A brinquedoteca do 5º andar do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol) foi palco, na sexta-feira (22), de mais uma roda de conversa sobre o câncer em crianças e adolescentes. A oncopediatra Karoline Silva convidou usuários e acompanhantes a compartilharem suas vivências com o enfrentamento à doença.

A especialista elencou ainda sinais e sintomas dos principais cânceres que acometem a faixa etária de 0 a 19 anos incompletos, e reforçou a relevância do diagnóstico precoce para o aumento das chances de cura.

Movimento global voltado à disseminação de informações sobre o câncer infantojuvenil, o Setembro Dourado destaca a importância de manter-se atento aos sintomas da doença. Isso para que a visita a um especialista seja feita em tempo hábil e a detecção precoce da patologia possibilite a adoção de terapêuticas mais simples e o aumento das taxas de cura.

Sinais de alerta - Febre sem associação com inflamações, perda de peso excessiva, inchaço abdominal, tontura, perda de equilíbrio e sudorese noturna precisam ser observadas com atenção. Outros sintomas, como o surgimento de hematomas sem explicações, nódulos e caroços, cansaço extremo e palidez podem indicar a necessidade de avaliação médica especializada.

“Existe um estigma com a palavra câncer, e muitas pessoas nem querem falar sobre o assunto. O câncer infantil e seus sinais e sintomas ainda são pouco conhecidos no Brasil e, mesmo depois de já ter iniciado o tratamento e conviver com a rotina, algumas famílias têm dúvidas em relação ao o que causou a doença, o que poderia ou não ter sido feito. Eventos como a roda de conversa surgem para um público geral e quanto mais temos contato com essas informações, de uma forma clara, lúdica e informal, mais essas são absorvidas de modo simples e natural”, explicou a médica.

Joseane Dutra e o filho Theo de 5 anos, diagnosticado com Leucemia Linfoide Aguda, no ano de 2019A dona de casa Joseane Dutra, de 34 anos, é mãe de Theo, 5 anos, e acompanhou atentamente as explicações da oncopediatra. “A explicação da doutora foi muito interessante. Meu filho tinha apenas 11 meses quando teve toda a rotina modificada. Na época, a médica dele pediu para que eu o isolasse, porque ele já não poderia mais fazer vacinas. Ele passou por exames, biópsia e desde então cresce nessa realidade, usando máscaras e distante de muita gente por precaução”, afirmou.

Theo foi diagnosticado com Leucemia Linfoide Aguda (LLA) em 2019. Em abril deste ano, foi submetido ao segundo transplante de medula óssea e segue em acompanhamento ambulatorial no Hoiol. Foi em mais uma visita ao médico que a mãe da criança participou da roda de conversa e compartilhou experiências vividas com o filho.

“Há preconceito por falta de conhecimento. As pessoas precisam se conscientizar que o câncer não é transmissível e que as crianças usam máscara para se proteger de infecções por vírus, bactérias. Tem perguntas e comentários que magoam. Hoje nós temos a internet à disposição e as pessoas poderiam se informar melhor, ou conversar com alguém que saiba ou vive essa realidade, antes de comentar coisas sem sentido e agredir com palavras. A palestra com a doutora foi muito boa e tenho certeza que muita gente vai sair daqui com algo para compartilhar lá fora”, completou a dona de casa.

Dados - De acordo com o Registro Hospitalar de Câncer do Hoiol, de 2019 a agosto de 2023, a unidade registrou 389 novos casos de leucemias e 117 pacientes com linfomas. No mesmo período, 87 crianças e adolescentes deram início ao tratamento contra tumores malignos no sistema nervoso central.

“Somos um centro de referência, então, temos incidência de vários tipos de câncer, mas os que mais acometem as crianças ainda são a leucemia, os tumores do sistema nervoso central e os linfomas. Aproveitamos a oportunidade para enfatizar que o diagnóstico precoce é o que faz a diferença nas taxas de cura. Então, se a doença está muito avançada, ou se é uma doença metastática, as chances de cura caem vertiginosamente”, alertou a especialista.

“Tem familiares de crianças em tratamento que, muitas vezes, não sabem pronunciar o nome da doença, pois é algo muito raro. Mas a gente se solidariza com as crianças e adolescentes que enfrentam essa doença. É bom conscientizar e mostrar que, apesar de não ter prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento correto, como a doutora explicou, pode salvar vidas”, disse Joseane.

Serviço

Credenciado como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), o Hoiol é referência na região amazônica no diagnóstico e tratamento especializado do câncer infantojuvenil, na faixa etária entre 0 a 19 anos.

A unidade é gerenciada pelo Instituto Diretrizes, sob contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), e atende pacientes oriundos dos 144 municípios paraenses e de estados vizinhos. A instituição está situada na Travessa Quatorze de Abril, 1394, bairro de São Brás, Belém.

Texto de Ellyson Ramos / Ascom Hoiol