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Exposição ‘Reminiscências’ revela caminhos em busca da identidade amazônica

A artista Renata Aguiar mostra fotografias, fotoperformances e videoperformances na Galeria Theodoro Braga, no Centur

Por Manuela Oliveira (FAPESPA)
13/09/2023 19h26

Obra da exposição individual que pode se visitada na Galeria Theodoro BragaA busca da própria identidade guia a artista visual Renata Aguiar em sua exposição “Reminiscências”, que será aberta nesta quinta-feira (14), na Galeria Theodoro Braga, no Centur, em Belém. Neste trabalho, a artista apresenta fotografias, fotoperformances e videoperformances resultantes de suas investigações poéticas das relações corpo-território na Amazônia. Vencedora do Prêmio Branco de Melo 2023, da Fundação Cultural do Pará (FCP), a mostra individual tem curadoria de Marisa Mokarzel.

Renata Aguiar percorreu locais de travessia da mãe e de sua avó, voltando à cidade de sua juventude em busca de costurar, nessa interação com os espaços, sua história de mulher amazônida. Nascida em Urucará, no Amazonas, Renata se mudou para Porto Velho, em Rondônia, e também viveu em Capanema (AM), e Ajuruteua, no município paraense de Bragança. Em sua pesquisa no Pará, a artista segue os passos das matriarcas em Muaná, na Vila de São Miguel do Pracuúba, no Marajó, vai a Abaetetuba, Santarém e Santa Maria.

Renata Aguiar: imagens do imaginário na exposição“Essas muitas mudanças, esse certo nomadismo que marcou a história da minha mãe e da minha avó, marcou também a minha história. E durante muito tempo eu achei que nesse nomadismo existia uma falta de identidade. Foi essa falta que me fez buscar essas imagens que hoje preenchem não só o meu imaginário, mas também as paredes de minha exposição; que preenchem o meu corpo e dão forma para ele, mas que também preenchem essa lacuna que eu fui construindo e desconstruindo ao longo da experimentação como artista. Uma artista mulher amazônica, sim, em uma existência singular, que se afirma a partir da imagem materializada enquanto arte”, define Renata Aguiar.

Pesquisa - Quase todas as obras que integram a exposição foram criadas nos quatro anos de pesquisa da artista no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais, para obtenção do título de Doutora em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ao revisitar seus lugares de construção de memória e de pertencimento, Renata desenvolve o conceito “corpo-território”, que norteia a exposição. “Um corpo é pelas experiências que tem nos lugares em que existe, os lugares que percorre. E esse território também se modifica à medida que eu vou atuando nele. Uma vez que eu interfiro num espaço, ele também se torna parte de mim e eu parte dele. Esse é o conceito-chave na minha exposição”, destaca a artista.

“Renata mergulha na Amazônia e em outras terras. Seu corpo está em deslocamento. A performance voltada para a fotografia ou vídeo se solidariza à delicadeza de uma percepção de mundo que não se acomoda no óbvio da linguagem artística. A Renata transforma a pesquisa em ato poético”, diz a curadora Marisa Mokarzel.

Oficinas - A iniciativa traz como contrapartida social duas oficinas. A primeira, de iniciação à fotografia, com o tema “Oficina de câmera obscura”, será voltada a alunos da Casa Escola da Pesca, da Funbosque (Fundação Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira).

“São alunos ribeirinhos que vivem nas ilhas de Belém. A grande maioria deles nunca teve oportunidade de estar numa galeria de arte. Essa experiência é transformadora, e com a oficina quero trazer pra eles essa construção da imagem, mostrar como na verdade cada um de nós pode forjar imagem pra falar, narrar e construir as nossas próprias realidades. Na verdade, essa é uma das grandes qualidades da imagem pra mim: a possibilidade de construir mundos. Através da fotografia e da performance, somos capazes de construir mundos a partir da nossa própria perspectiva, muitas vezes invisibilizada pela mídia, pela televisão, pelo discurso colonial que fala da Amazônia, que nunca fala de si”, acrescenta Renata Aguiar.

A segunda oficina aborda fotografia e performance, com a participação de Carlos Vera Cruz. Voltada principalmente para artistas e estudantes de arte, a oficina propõe interação entre as duas linguagens. Também haverá roda de conversa sobre a exposição com a artista, a curadora e a artista convidada Carol Magno. As atividades serão gratuitas, no espaço da galeria Theodoro Braga.

Serviço: Exposição “Reminiscências: da fotografia à performatividade”. Abertura na quinta-feira (14), as 18 h, na Galeria Theodoro Braga, no subsolo do Centur - Avenida Gentil Bitencourt, 650, bairro Nazaré.