Torcida exclusiva de mulheres e crianças assiste a Paysandu e Pouso Alegre
Decisão do STJD garantiu em Belém inclusão e segurança às torcedoras e ao público infantil
Animação, inclusão, cidadania e segurança: mulheres dão exemplo de lazer seguroUm público de mais de 10.400 pagantes participou de um momento histórico para o futebol paraense e o movimento de inclusão feminina nos estádios, no último domingo (20). O Paysandu Sport Club enfrentou o Pouso Alegre, de Minas Gerais, pela série C do Campeonato Brasileiro de Futebol, tendo nas arquibancadas do Estádio Leônidas de Castro (Banpará Curuzu) apenas mulheres e crianças. A medida, que enfatiza a inclusão, o respeito e a segurança no ambiente esportivo, foi uma determinação do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
Paula Gomes, secretária de Estado das Mulheres, destacou a simbologia do evento. “O valor é entender que todo lugar é lugar de mulher; que a mulher pode ocupar qualquer lugar. E especialmente, esse lugar que é frequentado muito por homens. É bom a gente entender que o lugar pode receber as mulheres com respeito e oferecer segurança para essa mulher e para as crianças”, disse a secretária.
Eveline Maia, diretora da Mulher no Paysandu, ressaltou que “hoje o Paysandu provou a sua torcida feminina que o clube é feito de mulheres, que o futebol também é feito de mulheres. Agradeço a todos e todas, agradeço à Secretaria da Mulher do governo do Estado pela presença, com muita emoção”.
Longe da violência - Daiane Santos, defensora pública, enfatizou o simbolismo da partida. "O assédio tem sido uma queixa recorrente das torcidas femininas organizadas. Mas também é uma queixa daquelas mulheres que desejam vir ao estádio, mas não se sentem seguras. E ter um jogo específico para mulheres permitiu que gente que nunca tinha vindo ao estádio pudesse hoje estar aqui se sentindo segura, longe do assédio, dos olhares, das ofensas e da violência”, explicou.
A fisioterapeuta Bruna Correa, torcedora do Paysandu, falou sobre a experiência. “Quando a gente chegou percebeu um clima diferente. Tem o barulho, mas a energia é diferente. Meu pai me leva para o estádio desde pequena, mas sempre tem aquele medo, sempre segurando na mão, sempre a minha mãe desesperada. E hoje a gente está se sentindo tão livre, tão tranquila”, contou a torcedora.
O evento em Belém enfatizou a importância da igualdade de gênero e da segurança das mulheres em ambientes tradicionalmente dominados pelo público masculino. A experiência positiva vivenciada por mulheres e crianças inspira a busca por espaços cada vez mais inclusivos e igualitários, não apenas no futebol.