Ministério da Saúde busca apoio dos estados para aumentar cobertura vacinal
Em Belém, gestores da Sespa e do Ministério discutem estratégias para superar desafios e levar vacinas a todo o vasto território paraense
A equipe de Imunização da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) recebeu nesta quarta-feira (09), na sede do Nível Central, o representante do Ministério da Saúde, Éder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunização, para debater estratégias destinadas a aumentar os índices de cobertura vacinal em todo o Estado.
As reuniões são realizadas em todo o País, pois na última década os níveis de vacinação caíram devido a vários fatores, entre eles a grande disseminação de notícias falsas.
“A vacinação precisa de comunicação e mobilização social, e uma agenda que priorize suas áreas como um todo. Nesse espaço, as fake news ganham mais notoriedade quando chegam antes da comunicação social. Por isso, é um processo permanente da saúde pública estar em contato com a comunidade esclarecendo as lideranças comunitárias, para manter a população sempre vacinada”, disse Jaíra Ataíde, coordenadora Estadual de Imunização da Sespa.O grupo conheceu o Centro de Referência de Imunológicos Especiais (Crie), na Santa Casa de Misericórdia do Pará
Desafios da região -O Ministério da Saúde busca apoio para melhorar as estratégias de vacinação. O Pará é o terceiro Estado que mais recebeu recursos para incentivar a vacinação, o que aumenta a necessidade de articulação entre os municípios com o governo federal para levar vacinas a mais habitantes.
“A região Norte possui muitos obstáculos, pois ela compartilha desafios que são comuns a todos os Estados. Por exemplo, o registro de doses aplicadas nos nossos sistemas de informação, e isso acontece no Brasil como um todo. Só que a isso se somam os desafios geográficos, pois a Região Norte possui um território muito extenso e com uma densidade populacional muito baixa. Para vacinar uma pessoa que está em uma área indígena, por exemplo, demanda uma logística muito grande de deslocamento. Logo, o custo dessa dose acaba sendo maior do que o da dose aplicada no Centro-Sul, que possui áreas urbanas maiores. Isso significa que o Ministério da Saúde precisa olhar de forma diferenciada para viabilizar uma vacinação adequada”, disse Éder Gatti.
“Na verdade, nós temos várias vacinas que estão com sua cobertura reduzida. Nós deveríamos ter 95% da cobertura do público-alvo. No entanto, a nossa média está em torno de 52% de cobertura. Por isso, a nossa busca será por alavancar esses números de forma homogênea. Afinal, são doenças imunopreveníveis. Algumas, inclusive, já estavam erradicadas, e nós perdemos a certificação, como é o caso do sarampo. Nós precisamos que a população entenda a importância das campanhas de vacinação para prevenir essas doenças”, informou Alessandra Bentes, diretora de Vigilância em Saúde da Sespa.Equipes do Ministério da Saúde e da Sespa na reunião em que foram debatidas estratégias para ampliar a imunização
Campanha nacional - Na quinta-feira (10) haverá o lançamento da Campanha de Multivacinação na Usina da Paz Cabanagem, em Belém, organizado pela Sespa em parceria com o Ministério da Saúde. “O Estado tem um papel fundamental no Plano Nacional de Imunização, que é coordenar as ações de saúde nos municípios que fazem parte da sua Unidade Federativa. Nós estamos trabalhando junto ao Ministério da Saúde e secretarias municipais para reformular as estratégias de vacinação através de buscas ativas, alimentação de sistemas e melhoria do atendimento da população, para que a gente possa aumentar e conscientizar as pessoas de que elas podem vir novamente se vacinar, pois a vacina é segura e protege contra uma série de doenças. O nosso objetivo é consolidar o PNI como referência mundial de imunização de toda a população brasileira”, disse o secretário de Estado de Saúde Pública, Rômulo Rodovalho.
Após a reunião na sede da Sespa, o grupo visitou o Centro de Referência de Imunológicos Especiais (Crie), instalado na Santa Casa de Misericórdia, em Belém. Esses espaços são estratégicos para levar imunização a pessoas em condições especiais, que não teriam condições de acesso às Unidades Básicas de Saúde.
“Os Cries são de responsabilidade técnica do Estado, e muito estratégicos para o Plano Nacional de Imunização, pois é onde nós realizamos ações do ponto de vista clínico com vacinações diferenciadas. Nós temos manuais que padronizam a conduta clínica para todo o País, mas há muitas particularidades, por isso é muito importante que os Estados mantenham os Cries. Cabe ao Ministério da Saúde manter estes espaços de forma adequada. Essas visitas permitem que a gente conheça a realidade local, e a partir daí façamos adequações necessárias, além de sentir as necessidades de quem está nos locais”, reiterou o represente do Ministério da Saúde.