Ioepa e UEPA promovem live para falar de Dalcídio Jurandir nos 20 anos do 'Cuma'
Núcleo de Pesquisa Culturas e Memórias Amazônicas (Cuma) atua para registrar e dar visibilidade ao patrimônio histórico cultural da região
Leitura de trecho de livros, cantorias e mesa de conversa “Chão de Dalcídio – criador e criaturas”, sobre a obra do título homônimo lançado em 2022, pela Editora Pública Dalcídio Jurandir, da Imprensa Oficial do Estado, marcaram a programação online do Dia de Alfredo, o bloomsday amazônico que celebrou a data de falecimento do renomado escritor marajoara Dalcídio Jurandir, neste final de semana, em Belém.
A programação, que também marcou os 20 anos do Núcleo de Pesquisa Culturas e Memórias Amazônicas (Cuma), do Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE), da Universidade do Estado do Pará (Uepa), foi transmitida de forma gratuita pelo canal do Cuma, no Youtube.
A live teve início com leitura de trechos do livro do escritor marajoara pela professora Dani Lobato que fazem referência a uma carta endereçada a Dalcídio Jurandir por Maria de Belém Menezes, em 16 de agosto de 1971, sobre as notícias referentes ao escritor e publicadas nos jornais locais, além das provocações para ‘atiçar’ as memórias olfativas e gustativas dos cheiros e sabores da província de Belém do Grão Pará, além de citações do jornalista Lúcio Flávio Pinto, do escritor Max Martins, entre outros.
Na sequência, a professora Dia Favacho leu uma carta data de 20 de agosto de 1971, enviada pelo Dalcídio Jurandir, em que Dalcídio Jurandir, já residindo no Rio de Janeiro, respondia a Maria de Belém Menezes. “Sempre Maria de Belém, sempre generosa para com este velho caboclo distante de seu Pará. Você me manda um ar da terra e da bondade dos nossos amigos...Não esqueço o jambu, folha mágica da minha vida, agora envolvido nos planos japoneses mas ele há de tremer o beiço sempre, o nosso beiço, pois é folha encantada...”, citou ela.
O evento on-line foi conduzido pelo escritor Fernando Farias, professor doutor do campus da Universidade Federal do Pará (UFPA) em Altamira, e organizador da obra Chão de Dalcídio - Perspectivas, que reúne 15 artigos sobre estudos do escritor marajoara feitos por 25 pesquisadores do Campus da UFPA, em Altamira. Também participaram o presidente da Ioepa, Jorge Panzera e os professores e pesquisadores Clei Souza e Mailson Santos.
O titular da Ioepa, Jorge Panzera, lembrou que o autor da obra foi um dos convidados selecionados para julgar as obras inscritas no 1ª Edital Literário Dalcídio Jurandir, que premiou os autores com a publicação de livros em prosa e poesia em todas as regiões do estado, com lançamento conjunto na 25ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, em 2021, em Belém.
Panzera aproveitou para falar sobre a importância de celebrar o Dia de Alfredo com a divulgação das obras de um dos mais importantes escritores brasileiros e que dá nome a Editora Pública da Ioepa, construída a partir de um minucioso levantamento entre as Imprensas Oficiais do Brasil e em reuniões com representantes de movimentos literários e culturais do Estado, sobretudo de Marabá e Santarém.
“Quando a gente olha o Dia de Alfredo, acho que é fundamental pensarmos agora em mecanismos de como tocar o processo de circulação das obras, a partir das universidades, instituições públicas e da sociedade civil organizada para instituir uma cultura do livro em nosso estado”, disse ele.
Criada em 24 de agosto de 2021, por meio da publicação de um decreto assinado pelo governador Helder Barbalho, a Editora Pública Dalcídio Jurandir já publicou mais de 130 livros de autores paraenses em quatro linhas editoriais. A previsão para este ano é entregar em torno de 50 obras, sendo uma boa parte com lançamentos na 27º Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, agendada para setembro.