Ação integrada garante a soltura das 100 primeiras tartarugas de 2023, na Praia do Atalaia
Quelônios agora dão início a um novo ciclo de crescimento, reprodução e continuidade da espécie, que está ameaçada de extinção
Após semanas acomodadas em um berçário nas adjacências da Unidade de Conservação (UC) Monumento Natural do Atalaia, em Salinópolis, 109 filhotes de tartarugas marinhas agora dão início a um novo ciclo de crescimento, reprodução e continuidade da espécie.
O fenômeno natural registrado no final da tarde da última terça-feira (13) só foi possível devido à dedicação dos pesquisadores do Projeto de Monitoramento de Desovas de Tartarugas Marinhas (PMDTM) e profissionais ligados às instituições do Governo do Pará, como o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), o Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran) e demais agentes de segurança pública.
A soltura dos quelônios, que é a primeira registrada no local em 2023, atraiu curiosos que aproveitavam o principal balneário do litoral paraense, a Praia do Atalaia, além de estudantes da rede pública municipal e moradores do entorno. Na ocasião, o público pôde compreender o papel que a UC do Ideflor-Bio - Monumento Natural do Atalaia - desempenha para a manutenção do ecossistema da região.
Paulo Mendes e o filho curtiram a experiência em meio à naturezaQuem acompanhou o momento de perto, juntamente com o filho, foi o turista Paulo Mendes. “Essa é uma boa iniciativa. Aliás, qualquer ação que preserve a natureza é bom para o meio ambiente e, consequentemente, para todos nós. Trouxe meu filho para acompanhar essa experiência porque incentiva ele a crescer tendo noções de sustentabilidade e de conhecimento sobre a importância dessa causa”, afirmou.
Desde fevereiro deste ano, o Ideflor-Bio e os órgãos de segurança pública realizam o bloqueio de 3 km da faixa de areia da Praia do Atalaia para a proteção de cinco espécies de tartarugas marinhas: Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda), Lepidochelys olivacea (tartaruga-oliva), Chelonia mydas (tartaruga-verde), Eretmochelys imbricata (tartaruga-de-pente) e Dermochelys coriacea (tartaruga-de-couro) - que utilizam o local para desova e, posteriormente, é o local onde ocorre a eclosão dos ovos.
Trabalho em equipe - Para a bióloga e coordenadora de campo do PMDTM, Josie Barbosa, “a sensação é de dever cumprido, mas ainda há muito trabalho pela frente. O monitoramento realizado por nossas equipes não terminou. A gente vai continuar com os trabalhos até julho. Há muitas tartarugas previstas para subir, fora que mais de 500 ovos continuam em incubação e sob nossos cuidados”.
Josie Barbosa é coordenadora do PMDTM e destaca que muitos outros quelônios ainda serão liberados para o marBarbosa disse, ainda, que o envolvimento de toda a sociedade é fundamental para o progresso das atividades.
“Quanto mais pessoas entenderem a importância da conservação da espécie [tartarugas marinhas], mais a gente consegue garantir a continuidade desses animais. É um trabalho de formiguinha e assim conseguimos instituir uma rede do bem, para que as pessoas entendam a relevância delas para o nosso ecossistema”, concluiu a especialista.
Atualmente, a Mineral Engenharia e Meio Ambiente executa o PMDTM, que monitora áreas de desova de tartarugas no litoral paraense. O projeto é uma medida de mitigação exigida pelo licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O empresário Júnior Oásis conta que se sente honrado de participar como voluntário do projeto desde o início. Ele acredita que é preciso desenvolver o turismo na região e preservar o meio ambiente, além de conciliar o desenvolvimento com a sustentabilidade, trabalhando em conjunto para que se possa encontrar um equilíbrio.
“O que a gente tem observado é que essa iniciativa tem fomentado o ecoturismo na praia, atraindo mais pessoas que buscam conhecer o funcionamento desse trabalho. É preciso dizer que existe uma parte da comunidade que apoia o projeto, que também rejeita, mas a gente entende que o processo de aceitação vem com o tempo. A comunicação das instituições envolvidas nesse trabalho conosco está bem melhor”, enfatizou.
Preservação - O Monumento Natural do Atalaia é uma UC de Proteção Integral do Ideflor-Bio, criada em 2018 para preservar os ecossistemas de manguezais, restingas e dunas do Atalaia. Este é um dos últimos locais preservados nessa área e que abriga diversas espécies de animais, entre mamíferos e uma rica avifauna residente e migratória, com atenção especial aos períodos de reprodução das tartarugas marinhas que sobem à Praia do Atalaia, no período noturno, para depositar seus ovos.
Adriana Maués é técnica em Planejamento e Gestão Ambiental do Ideflor-Bio e reforça o apoio do Governo do Pará na iniciativaDe acordo com a técnica em Planejamento e Gestão Ambiental do Ideflor-Bio, Adriana Maués, é de suma importância que o Governo do Pará, por meio do Ideflor-Bio, incentive a continuidade dos trabalhos desempenhados pelo projeto de monitoramento e soltura dos quelônios nas adjacências da UC.
“Nós estamos plantando uma poupança de biodiversidade, ou seja, possibilitando que uma fauna que hoje está ameaçada de extinção, que são as tartarugas marinhas, tenham a plena continuação. Temos recebido feedbacks bastante positivos de turistas e moradores do município, e é importante destacar que ainda temos mais ninhos para fazer futuras solturas nos meses de junho, julho e agosto”, detalhou a servidora.