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FCP abre o XIX Concurso Estadual de Quadrilhas nesta sexta-feira (16)

Em sua 19ª edição, o evento já é um dos mais aguardados pelo público do Arraial de Todos os Santos. A programação segue até o dia 2 de julho

Por Manuela Oliveira (FAPESPA)
14/06/2023 16h18

O XIX Concurso Estadual de Quadrilhas Juninas vai ser realizado a partir desta sexta-feira (16), às 18h, na sede da Fundação Cultural do Pará (FCP). Em sua 19ª edição, o evento já é um dos mais aguardados pelo público que prestigia o Arraial de Todos os Santos. A programação segue até o dia 2 de julho, com apresentação das quadrilhas, misses, pássaros e outros bichos, além do resultado do concurso.

Tradição no Pará, as quadrilhas reúnem participantes de mais de 40 municípios do Estado, como Abaetetuba, Barcarena, Cametá, Salvaterra, dentre muitos outros. Apenas em 2022, o Arraial de Todos os Santos reuniu um público com quase 11 mil espectadores nas noites de quadra junina, onde se apresentarão mais de 150 quadrilhas, mirins e adultas.

Além do concurso, que inclui as misses caipiras da diversidade, também haverá a performance do Folguedo Junino, com 60 grupos de cultura popular contratados a partir do edital de Credenciamento de Coletivos das Culturas Populares. Estão inclusos grupos de Carimbó, Parafolclóricos, Cordões de Pássaros e demais Bichos, Boi-Bumbá, Boi de Máscaras e Toada.

Este ano, em função de obra no Teatro Margarida Schivasappa, as apresentações de Pássaros serão no Teatro Waldemar Henrique, no período de 21 a 25 de junho. O teatro popular, como também é chamado, é uma das mais importantes expressões das culturas populares, uma vez que é uma manifestação genuinamente paraense.

As apresentações trazem elementos amazônicos importantes, e personagens que retratam a nossa identidade cabocla, indígena, ribeirinha, urbana-periférica, colorida e muito, muito criativa. Sua dramaturgia retrata a realidade sociocultural do nosso povo, com suas problemáticas cotidianas, especialmente as questões ambientais, quase sempre refletida nos seus enredos, e tão necessárias no atual contexto paraense, amazônico e brasileiro.

O Arraial - As festividades juninas têm grande importância, não apenas para a Fundação Cultural do Pará, mas para todo o Estado, uma vez que fomenta e diversifica a produção de cultura popular. Desde a sua inauguração, a FCP promove projetos voltados para o setor em seus mais diversos segmentos.

A grande novidade esse ano é a parceria com a Funtelpa, que fará a transmissão das atividades também para o interior do Estado, reforçando o alcance da festividade para os municípios do Pará. Será realizado, também, o programa Sem Censura Pará, no dia 28 de junho, para falar sobre o concurso Miss Caipira da Diversidade, e sobre as atividades alusivas ao Dia do Orgulho LGBTQIA+.

O Arraial começou oficialmente no dia 3 de junho, com o cortejo dos Pássaros Juninos na Casa das Artes. O festejo também foi marcado pelo Auto Junino, ocorrido no Curro Velho nos dias 09, 10 e 11 de junho. Ainda estão previstas rodas de conversa sobre as culturas populares na Casa das Artes, de 27 a 29 de junho.

Revoada dos Pássaros - A Revoada acontece há muitos anos e, tradicionalmente, abre a programação do Arraial de Todos os Santos da Fundação. O cortejo ocorreu no entorno da Basílica Santuário de Nazaré, seguido pela abertura da temporada junina e do Arraial de Todos os Santos 2023, no anfiteatro da Casa das Artes.

A apresentação dos grupos vai ocorrer no Teatro Waldemar Henrique, a partir do dia 21 de junho e vai contar com mais de 20 grupos de Pássaros e Cordões de Bichos.

Teatro Popular, Teatro de Pássaros ou Ópera Cabocla, como também pode ser definido essa manifestação, é uma expressão de grande importância por representar uma identidade
amazônica, uma expressão das culturas popular genuinamente paraense, visto que somente no Pará temos essa cultura. 

Traz elementos amazônicos importantes e personagens que muito bem retratam nossa cultura: a flora e fauna, presente no próprio enredo, que tem no personagem central sempre um pássaro da fauna amazônica, além dos povos indígenas, das culturas afro amazônica, da nobreza, (influência do teatro europeu do Século XIX), do caboclo, do ribeirinho e da gente da periferia, retratando problemáticas socioculturais do cotidiano.

Ainda temos quase sempre a questão ambiental nos enredos, tema muito pertinente no atual contexto paraense e brasileiro. Importante ressaltar que, apesar de única, essa manifestação é diversa e abriga diferenças nas formas de apresentar, em especial entre Pássaro Junino e Cordão.

Pássaros Juninos - Um espetáculo completo comporta os principais elementos do teatro (troca de figurino, uso do palco de acordo com o enredo). Chamado também de melodrama fantasia. Sempre traz uma temática (enredo).

Cordões - Podem ser de Pássaro, em que este é o personagem central, mas pode ser outro bicho. O grupo se posiciona em formato meia-lua no palco, em uma dinâmica que não necessita a troca de cena e de figurino; esta se detém ao espetáculo, que se desenvolve em um único ato, em que cada personagem tem sua vez de apresentação, sempre com a entoação das músicas que contam uma história. Também é chamado de teatro cantado.

Auto Junino - A Fundação Cultural do Pará, por meio do Núcleo de Oficinas Curro Velho, promoveu o Auto Junino a partir do dia 9 de junho. O evento faz parte da programação do Arraial de Todos os Santos e é resultado das oficinas de iniciação artística promovidas pelo espaço no primeiro semestre deste ano. 

O espetáculo “Abre o Livro, João” iniciou a noite de festejo, que tomou a Praça do Quiosque do Curro Velho às 18h. A peça é uma homenagem ao poeta, dramaturgo e professor, João de Jesus Paes Loureiro. O elenco é composto por 160 participantes, entre crianças, adolescentes e suas famílias (pais, mães, tios e avós), alunos e alunas das oficinas de teatro, música e dança. 

A história gira em torno de João, um garoto que tem o poder de viajar através de um livro. Junto com ele, uma turma de amigos vai mergulhar numa gostosa aventura, encontrando botos, a boiúna, o curupira e a cobra grande, pássaros juninos e mestres da cultura popular.

O Auto Junino acontece há 32 anos e trouxe muitas crianças e jovens para a Iniciação Artística. Hoje adultos, alguns são instrutores e/ou pais, que agora estão trazendo seus filhos para fazerem parte do processo. 

Segundo relatos da própria comunidade, as performances são essenciais pela dinâmica e pelos momentos de integração e convivência durante cada processo que envolve as oficinas. Toda e qualquer criança acima de seis anos de idade pode participar das oficinas, que também incluem os responsáveis, para fazerem parte do espetáculo final.

No ciclo junino, atende-se uma média de 200 pessoas, incluindo crianças, pré-adolescentes, suas mães, pais e responsáveis. A culminância de cada ciclo geralmente acontece com a montagem de um espetáculo cênico e/ou carnavalesco, com foco em questões cidadãs, sociais e ambientais; vivências que são exercitadas e vividas através de rodas de conversas e laboratórios cênicos. 

O espetáculo é de fundamental importância, já que faz parte de uma metodologia que visa trabalhar a autoestima e atua como um instrumento modificador da mesma, sem perder de vista as características culturais de cada indivíduo. Nesta ação, o teatro é potencializador da integração com as outras linguagens.

Serviço

Arraial de Todos os Santos 2023

03/06 – Revoada (Abertura Oficial do Arraial de Todos os Santos) – Casa das Artes;   

09 a 11/06 – Auto Junino – Curro Velho;

16/06 a 02/07 – Arraial Junino no Centur – Sede da FCP;

21 a 25/06 – Apresentação dos Pássaros e Cordões – Teatro Waldemar Henrique;

27 a 29/06 – Rodas de conversas sobre as Culturas Populares Juninas – Casa das Artes;

28/06 – Concurso Miss Caipira da Diversidade - Sede da FCP;

29/06 – Apuração do Concurso de Quadrilhas - Sede da FCP;

01/07 – Premiação das Campeãs - Sede da FCP;

02/07 – Encerramento com atrações no palco e grande roda de Carimbó - Sede da FCP.

Texto: Álvaro Frota/Ascom FCP