Estado retoma ações de restauração florestal na Terra Indígena Alto Rio Guamá
Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade entrega materiais para a instalação de novos viveiros agroflorestais em aldeias indígenas
O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), em parceria com a Universidade do Estado do Pará (Uepa), retomaram as atividades de campo do Projeto Apoio à Gestão e Restauração Florestal da Terra Indígena Alto Rio Guamá (Tiarg). A continuidade dos trabalhos ocorreu no período de 22 a 29 de maio, ocasião em que foram realizadas diversas reuniões com lideranças dos povos tradicionais e entidades governamentais.
Os encontros discutiram o planejamento das ações e as principais demandas comunitárias de seis aldeias da terra indígena. Na oportunidade, o Instituto também efetuou a entrega de materiais para a montagem de viveiros agroflorestais nas aldeias localizadas no município de Santa Luzia do Pará, além da inspeção de três viveiros já instalados na área da Tiarg que está situada em Paragominas.
A iniciativa está sendo executada em parceria com organizações indígenas locais, com o objetivo de incentivar nas populações tradicionais a importância da restauração florestal no território, o qual já conta com pelo menos 33,33% de suas áreas desmatadas. Além disso, será estimulado o aumento na produção de sementes e mudas florestais para o reflorestamento da região nordeste paraense.
Vale lembrar que há 45 dias, o Governo Federal deu início à operação de desintrusão da Tiarg, com a saída voluntária de quase 90% dos ocupantes irregulares do território situado entre as regiões nordeste e sudeste paraense. Apesar de homologada há 30 anos, a área de 279.897,7 hectares e uma população estimada em 1.425 pessoas, dos povos Tembés e Timbiras, sempre conviveu com a presença irregular de não indígenas.
Importância - O Ideflor-Bio atua no território devido a área demarcada estar localizada no Centro de Endemismo de Espécies Belém, uma das regiões biogeográficas mais ameaçadas da Amazônia, do ponto de vista da perda de cobertura vegetal e, consequentemente, perda de biodiversidade endêmica.
A Tiarg abriga o último contínuo de floresta primária de toda a região nordeste paraense, e um importante banco de sementes e mudas de árvores nativas. Além disso, o local é refúgio de pelo menos 41 espécies da fauna ameaçados de extinção, dentre eles, os macacos Cuxiú (Chiropodes satanas) e Cairara (Cebus caapori), que são os primatas mais criticamente vulneráveis da Amazônia.
Metas - Para os próximos anos, estão previstos a instalação de seis viveiros agroflorestais, em três aldeias da terra indígena, a criação e cadastro de duas áreas de coleta de sementes florestais, formação de 60 agentes agroflorestais indígenas para atuarem na produção de 60 mil mudas de espécies nativas que serão utilizadas na implantação de oito hectares de Sistemas Agroflorestais (SAFs) Indígenas.
O Ideflor-Bio, em parceria com a Uepa, vai realizar atividades formativas e a certificação dos indígenas participantes do projeto sobre a cadeia produtiva de mudas e sementes florestais. Todo esse trabalho está alinhado ao Plano Estadual de Recuperação da Vegetação Nativa do Estado do Pará, liderado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).
De acordo com a titular da Gerência de Manejo e Uso Sustentável da Biodiversidade do Ideflor-Bio, Claudia Kahwage, “tanto as lideranças indígenas, quanto as comunidades da base, estão animados e esperançosos com o cumprimento das metas do projeto e já vislumbram a formação que será oferecida como uma atividade importante para a geração de renda via o manejo e uso sustentável dos recursos da biodiversidade florestal”, afirmou.
Durante a expedição, que contou com a presença de membros da Fundação Nacional dos Povos Indígenas, também foram realizadas reuniões de trabalho com a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (Semma) de Paragominas e o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad) do Governo Francês, visando a formação do arranjo institucional de execução do projeto.