Ideflor-Bio promove mesa redonda sobre proteção das árvores gigantes da Amazônia
Encontro reuniu membros do Ministério Público, da Justiça e pesquisadores dos Estados do Amapá e Pará
A Amazônia é conhecida por abrigar algumas das árvores mais altas e imponentes do mundo. Elas desempenham um papel crucial na regulação climática, na manutenção da biodiversidade e no equilíbrio dos ecossistemas amazônicos. Neste sentido, é fundamental promover a conscientização e discutir ações sustentáveis que garantam a proteção desse tesouro natural.
Por esta razão, o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), por meio da Diretoria de Gestão da Biodiversidade (DGBio) promoveu, na terça-feira (30), no auditório do Centro de Acolhimento do Parque Estadual do Utinga “Camillo Vianna”, em Belém, uma mesa redonda para debater a proteção das árvores gigantes da Amazônia no estado do Pará.
Durante o encontro, foram apresentadas pesquisas científicas realizadas até o momento sobre os vegetais e o cada instituição tem feito para garantir a proteção das árvores, principalmente dos angelins-vermelhos e de outras espécies que também se encontram na região, como os cedros, as castanheiras e as samaumeiras, as quais possuem altura superiores a 65 e 70 metros.
Vale lembrar que, entre 2016 e 2016, um angelim-vermelho (Dinizia excelsa) de 88,5 metros de altura e 3,15 metros de diâmetro foi descoberto em território paraense, mais precisamente no município de Almeirim, na Unidade de Conservação (UC) de Uso Sustentável Floresta Estadual do Paru (Flota do Paru). O vegetal é considerado a maior árvore da América do Sul e a quarta maior do mundo e, de acordo com especialistas, a espécie possui de 400 a 600 anos de existência.
Além dessa, estima-se que haja outras 35 árvores acima de 80 metros, distribuídas pelos estados do Pará e Amapá. Com o intuito de proteger toda essa riqueza natural, o Ideflor-Bio já estuda a recategorização de 500 mil hectares da Flota Paru que, atualmente, é uma UC de Uso Sustentável, para uma UC de Proteção Integral.
Parceria - O titular da Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e Conflitos Agrários do Ministério Público do Estado do Amapá (MPAP), Marcelo Moreira, destacou que historicamente o Pará e o Amapá possuem um vínculo umbilical pelo fato de até 1943, o Amapá fazer parte do estado do Pará. Ele disse, ainda, que é uma grande oportunidade não só de um trabalho de cooperação interfederativa, mas de união, com o propósito de proteger essas espécies que ilustram a Amazônia.
“Acredito que essa iniciativa tem um significado muito importante. A natureza realmente reuniu o que o desenho político nacional separou, e a gente tem tido a oportunidade, via cooperação de proteção ambiental, de discutirmos a criação de uma UC tanto do lado paraense para a proteção das árvores gigantes, como também do lado amapaense com a requalificação de UCs já existentes, para proteger essas espécies individuais de angelim vermelho que chegaram a uma altura estratosférica”, ressaltou Marcelo Moreira.
Pesquisa - Para o diretor do IFAP Campus Laranjal do Jari, Diego Armando, as árvores gigantes são monumentos naturais de beleza cênica da Amazônia que, além disso, são centenárias e devem ser preservadas e conservadas. “São árvores que representam a simbologia da preservação da Amazônia e a necessidade da gente interagir com as comunidades tradicionais também”.
Diego disse, ainda, que essa interação interestadual surgiu em 2019 e, recentemente, com a descoberta da maior árvore no Pará, a cooperação com o estado vizinho ampliou e conseguiu aproximar o Ideflor-Bio do IFAP e de outras universidades do estado do Amapá. “Agora, a gente concentra uma série de pesquisas científicas, acordos de cooperações, para que possamos fazer pesquisas científicas que permitam a preservação dessas grandes árvores da Amazônia”, concluiu o diretor.
Compromisso - Segundo o titular da DGBio, Crisomar Lobato, essa descoberta das árvores gigantes no leste da Amazônia, feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foi fundamental para que o Governo do Estado do Pará pudesse tomar conhecimento de toda essa riqueza natural e, assim, estudar a adoção de estratégias que garantam a proteção desses vegetais.
“Ainda temos que estudar profundamente essa região da Amazônia, o seu ecossistema, o solo, a hidrografia, a radiação solar, a velocidade dos ventos, para entender o porque nessa localidade as espécies cresceram tanto. Portanto, a função do Ideflor-Bio é proteger essa riqueza e nós estamos fazendo isso, por meio de uma gestão de proteção efetiva dessas espécies que não ficarão ao alcance de aventureiros, e sim sob uma gestão correta e compartilhada por parte do Governo do Pará”, enfatizou.