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Parto humanizado é um direito de todas as mulheres

Sespa esclarece que a mulher deve ser a protagonista de todo o processo e sem intervenções desnecessárias

Por Roberta Vilanova (SESPA)
14/05/2023 08h30

“Eu tive acesso à massagem, fisioterapia, aromaterapia e consegui utilizar a banheira com água morna. As enfermeiras todas foram uns amores e, quando a Aila nasceu, foi um momento único”. A declaração é da técnica de enfermagem Adria do Carmo, 25 anos, que sentiu todas as emoções de um parto humanizado por ocasião do nascimento da sua filha Aila, no Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS), em agosto de 2022. 

O contato pele a pele imediato ao nascimento garante a estabilização dos parâmetros vitais do recém-nascidoVítima de violência obstétrica em um parto anterior, Adria do Carmo procurou o HRAS porque já sabia que era referência em obstetrícia e humanização. No entanto, ter acesso ao parto humanizado é um direito de todas as mulheres, que deve ser garantido por todas as maternidades que fazem parte do Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com a coordenadora estadual de Saúde da Mulher da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Nicolli Mendes, o parto humanizado não deve estar condicionado a uma via de parto. “Independentemente de ser parto vaginal ou cesáreo, toda mulher deve viver um parto humanizado, que nada mais é do que a garantia de atenção ao pré-parto, parto e pós-parto de forma respeitosa, explicou. 

O primeiro contato entre mãe e filho acontece logo após o parto“A humanização do parto tem o objetivo de colocar a gestante como protagonista do processo, considerando seus desejos, levando em conta sempre sua saúde e bem-estar, sem intervenções desnecessárias. Sendo assim, o parto cesáreo que, quando indicado corretamente, salva mães e bebês, também deve ser humanizado”, explicou Nicolli Mendes. 

Conforme a lei Nº 11.108/2005 o processo de humanização abrange todas as vias de parto e deve garantir o acesso às medidas não farmacológicas de alívio à dor, presença de acompanhante de sua livre escolha em todo período de pré-parto, parto e pós-parto, possibilitar o contato pele a pele entre a mãe e o bebê após o nascimento, respeitar a “hora de ouro” que é a amamentação na 1ª hora pós-parto, esperar o cordão umbilical parar de pulsar para que ocorra o corte, propiciando que o bebê receba maior quantidade de sangue ainda na placenta. E em caso de cesárea, a anestesia deve ser sem sedação e as mãos livres.  

Nicolli Mendes, coordenadora estadual de Saúde da MulherSegundo Nicolli Mendes, o parto humanizado garante um melhor puerpério, tanto fisiológica, quanto psicologicamente, fortalecendo o vínculo entre mãe e bebê. “O contato pele a pele imediato ao nascimento garante a estabilização dos parâmetros vitais do recém-nascido assim como a “Hora Ouro” ajuda na adaptação extrauterina e promove mais chances de efetivação da amamentação ao seio materno”, ressaltou.

Respeito às escolhas - Quando chegou ao HRAS, Adria do Carmo estava com 41 semanas de gestação e ainda não havia entrado em trabalho de parto.  “Eu escolhi induzir meu parto, o que foi feito com apenas um comprimido de Misoprostol. Quando eu desci para a sala de parto as meninas foram um amor e o técnico que estava comigo também”, contou.

Ela disse que só saia da banheira quando precisava ser examinada e o coração da bebê auscultado. “Eu sentia muita dor, mas elas foram incríveis. Todo momento me respeitaram, respeitaram as minhas vontades. E, quando eu quis desistir, pois tem uma hora que o psicológico começa a falar, elas conversaram comigo e também tive o meu esposo comigo. A presença dele foi primordial naquele momento, para me fazer forte. 

Banheira com água morna ajuda a aliviar a dorApesar de ter sido um processo bem cansativo, que durou a manhã toda, Adria afirma que foi uma experiência surreal não só para ela, mas para toda a equipe do HRAS. “Nós mulheres sofremos para colocar nossos filhos no mundo, mas o momento de parir é único. Valeu a pena eu ter tido essa experiência, não me arrependo das minhas escolhas e agradeço muito muito de coração, até hoje, aos profissionais que estiveram comigo. Foi um momento único na minha vida que eu jamais vou esquecer.”, afirmou.

HRAS – A enfermeira Thalita Beltrão Lopes, especialista em Ginecologia e Obstetrícia e coordenadora do Complexo Obstétrico do HRAS, informou que após a avaliação inicial, quando são vistos todos os exames, a paciente recebe as orientações sobre todas as fases de trabalho de parto e recebe toda assistência necessária da equipe multiprofissional para que tenha um desfecho favorável do processo.

Thalita Lopes, enfermeira e coordenadora do Complexo Obstétrico do HRAS“Nós contamos com enfermeiras obstetras que conduzem 95% dos partos dentro da nossa instituição. Na sala de parto, oferecemos métodos não farmacológicos para alívio da dor, como banho de aspersão com água morna, aromaterapia, livre exercício com apoio de fisioterapeuta em sala de parto, massagem relaxante e musicoterapia”, informou Thalita Lopes. 

Além da garantia da lei do acompanhante, o HRAS também cumpre a lei municipal, que assegura a entrada da doula para acompanhar sua paciente, sendo esse atendimento sem vínculo com o HRAS e sim com a paciente. 

Programas – O HRAS também desenvolve dois programas importantes: “Laços de Amor” e “Conhecendo seu Primeiro Lar”. “No “Laços de Amor”,  recebemos usuárias encaminhadas pelas unidades básicas de saúde para participarem de cursos sobre aleitamento materno, primeiros cuidados com o recém-nascido e sobre o trabalho de parto e parto”, informou Thalita Lopes.

Depois, elas participam do programa “Conhecendo meu Primeiro Lar”, por meio do qual a usuárias e acompanhantes visitam a maternidade, setor de urgência obstétrica, centro obstétrico, salas de pré-parto, parto e pós- parto e o setor de internação onde ficam mãe e o recém-nascido. “O objetivo é que conheçam nossa estrutura e parte da nossa equipe, criando um vínculo com a gente”, observou.

Ainda há o Projeto Árvore da Vida, que utiliza a placenta e tinta colorida para carimbar um papel em branco, que é dado à mãe como recordação desse momento tão importante para a família. E também o Certificado do Bebê.

A equipe do HRAS trabalha com conhecimento técnico baseado em evidências científicas. “Por isso, logo após o nascimento, o bebê vai para o colo da mãe, para o fortalecimento do vínculo entre eles e para o primeiro estímulo ao aleitamento materno”, disse Thalita Lopes. 

Thalita Lopes disse, ainda, que para o suporte necessário às usuárias do SUS que procuram a unidade hospitalar, o HRAS conta com equipes multiprofissionais, compostas por médico obstetra, médico pediatra, enfermeira obstetra, fisioterapeuta, psicólogo, nutricionista, assistente social e técnicos de enfermagem entre outros. “Por tudo isso, hoje, o Abelardo Santos é referência em parto humanizado”, afirmou.

“A gente recebe pacientes toda semana que já vêm com um bom acompanhamento de pré-natal, bem orientadas sobre o trabalho de parto e com o desejo da via de parto vaginal. Recebemos também pacientes que têm plano de saúde, mas que ainda assim, devido às boas práticas exercidas dentro da nossa instituição, procuram o HRAS e o SUS para ter um atendimento humanizado”, concluiu a coordenadora da Obstetrícia.

Serviço: O Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS) funciona de portas abertas para emergência obstétrica. Está situado na Av. Augusto Montenegro, em Icoaraci.