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AGRICULTURA E PESCA

Pesquisa sobre a Emater indica estratégia de aplicativos para atendimentos de agricultores

Agrônoma, Alda Lúcia do Remédio, do escritório da Emater em Marituba, diz que a assistência presencial é vital, mas a tecnologia também ajuda

Por Ascom (Ascom)
02/05/2023 14h03

Engenheira agrônoma, Alda Lúcia do Remédio (de laranja), atuante no escritório em Marituba, exibe os estudos feitos no NAEA/UFPA, para a dissertação ’Gestão de Acompanhamento da Assistência Técnica e Extensão Rural’ O uso de aplicativos de mensagens pode facilitar e melhorar consideravelmente o atendimento prestado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) aos agricultores familiares paraenses, encurtando distâncias e agilizando processos. É o que indica a pesquisa de mestrado em Gestão Pública realizada pela engenheira agrônoma, Alda Lúcia do Remédio, do escritório em Marituba, na Região Metropolitana de Belém. 

Vinculada ao Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (Naea) da Universidade Federal do Pará (Ufpa), a dissertação “Gestão de Acompanhamento da Assistência Técnica e Extensão Rural Durante a Pandemia da Covid-19: uma Análise das Estratégias de Comunicação Digital” foi defendida em 5 de abril e aprovada com excelência. 

A extensionista compilou dados sobre a conversa interpessoal e a oferta de serviços públicos por meio do whatsapp, no período de março de 2020 a junho de 2021, entre a equipe multidisciplinar da Emater em Marituba e uma amostra de 22 famílias artesãs e horticultoras das zonas central e periurbana do município: bairro Centro e comunidades Bela Vista, Boa Vista, São Brás e São Francisco. Na região, há destaque, ainda, para processamento de alimentos, com o aproveitamento de ingredientes amazônicos e resíduos de outras atividades nas propriedades a fim de culinária para consumo próprio e comercialização, a exemplo de bolos e doces. 

A pesquisadora sugere nunca uma substituição de abordagem, e sim uma complementação: “Como método de ater, a presença física é fundamental, porém identificamos que, em principal, nos picos da crise sanitária, o aplicativo de mensagens garantiu suporte e manutenção mínimos, dando condições de agendamentos, esclarecimento de dúvidas, envio de documentos, entre várias circunstâncias. As plataformas eletrônicas como um todo também impulsionam performances de delivery e marketing”, situa. 

Transformação 

Em termos de comunicação digital a partir da Emater, o que antes da pandemia era uma iniciativa pontual transformou-se de súbito na única alternativa de contato e continuidade de atendimento ao longo da emergência, sobretudo pela obrigatoriedade de isolamento e distanciamento sociais, sob ondas consecutivas e lockdowns. 

Considerando a necessidade de acompanhamento quanto a acesso a políticas públicas por parte dos agricultores familiares, tais quais crédito rural e de escoamento da produção, o Órgão precisou improvisar os canais para não desamparar os beneficiários, com a atenção de que uma lacuna agravaria questões como vulnerabilidade econômica e desabastecimento alimentar urbano. 

“A tecnologia é uma realidade inevitável e já estávamos protagonizando esta transição, mas com certeza a pandemia acelerou e impôs um outro tipo de planejamento. Não podemos dizer que já é uma dinâmica fluida e consistente, porém é um acontecimento, sim, aos poucos, que faz parte do nosso dia a dia de trabalho e favorece, abrevia caminhos e aproxima a atuação estatal da agricultura familiar”, explica o chefe do escritório local da Emater em Marituba, o sociólogo Elielson Farias, especialista em Serviço Social e Políticas Públicas e mestre em Agriculturas Amazônicas. 

Artesã Laucenir Lima, 43 anos, utiliza o aplicativo WhatsApp para obter informações de órgãos públicos e parceirosUma família inteira

A artesã Laucenir Lima, 43 anos, e o filho, Victor Charles Lima, 20 anos, dividem  um terreno de cerca de um terço de hectare com a mãe dela e avó dele, Maria Raimunda Lima, 73 anos, na comunidade São Francisco. Na vizinhança, mora Lauricélia Lima, 38 anos: irmã de Laucenir, tia de Victor Charles e filha de Maria Raimunda. Todos são agricultores familiares atendidos pela Emater e usam whatsapp para se comunicar com os agentes do governo, bem como para se informar sobre as novidades. 

“É rápido e inclusivo. Temos grupo de divulgação do que ocorre e do que podemos participar, como capacitações e feiras. Sem internet, poderia demorar dias pra ficarmos sabendo, poderíamos perder prazos e oportunidades, e com internet não tem como a gente ficar de fora”, conta Laucenir, que recebe assistência da Emater há mais de uma década. 

Além de artesanato de floricultura, a família trabalha com banana branca, limão, plantas medicinais e plantas ornamentais. Junto com orquídeas e rosas-do-deserto, um projeto de Farmácia Viva no quintal fornece remédios da natureza, no contexto da sabedoria ancestral, transmitida de geração para geração: “Aqui tem de chá de folha de amora, para endometriose, a erva-cidreira, para gripe”, explica. 

A marca empresarial  dos Lima possui uma conta experimental no instagram: Bonitas Artesanatos (@laucenirlima). Eles costumam visitar as redes sociais da Emater (instagram e facebook) e o site, atrás de notícias que lhe interessem. “Sim, porque somos agricultores e internautas!”, afirmam.

Ampliação

Em janeiro deste ano, Do Remédio apresentou os resultados preliminares em assembleia do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Público e Fundiário do Pará (Stafpa). A Entidade encaminhou para a Comissão de Legislação Participativa (CLP) da Câmara dos Deputados, no sentido de propositura de projeto de lei (pl) de atualização da Lei federal 12.188/10, a qual tange à Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária (Pnater) e o Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária (Pronater). A ideia é oficializar ferramentas de internet como instrumento de ater pública. 

Até junho, após a homologação pela pós-graduação, a pesquisa deve ser pronunciada, ademais, para a Diretoria Executiva (Direx) da Emater, com o objetivo de exame quanto à possibilidade de se institucionalizar a ferramenta de aplicativo de mensagens e de se regulamentar no âmbito interno. “Um dos desafios é a despersonalização do uso, na retirada de acesso de telefones e contas pessoais para oficialização de acesso de telefones e contas exclusivamente institucionais, para que não confundamos, tampouco estressemos os recursos”, explica. 

Texto de Aline Miranda