Centro de Reabilitação investe em aulas de Libras para promover inclusão e interação
Profissionais que atuam no CIIR usam Libras para comunicação e auxílio no atendimento aos usuários com deficiência auditiva ou surdos
No mês dedicado à celebração da Língua Brasileira de Sinais (Libras), a gestão do Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), em Belém, investe na capacitação de seus profissionais com aulas de Libras, para proporcionar maior inclusão e interação com deficientes auditivos de todas as idades. O objetivo é quebrar barreiras invisíveis e melhorar, cada vez mais, a comunicação entre usuários e atendentes, fortalecendo o vínculo e a empatia entre profissionais e o público atendido.
O Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais - 24 de Abril - foi instituído pela Lei nº 10.436/2002, com o objetivo de contribuir para a superação de desafios, e assim proporcionar maior inclusão especialmente aos deficientes auditivos, que atualmente somam 9,8 milhões de pessoas no Brasil, representando 5,2% da população. Deste total, 2,6 milhões são surdos e 7,2 milhões apresentam grande dificuldade para ouvir, segundo pesquisa do IBGE em 2010.Libras está presente desde a recepção do CIIR para facilitar o entendimento do usuário
Segundo a coordenadora da Gestão de Pessoas e coordenadora interina do Núcleo de Ensino Permanente (NEP), Wellem Cavalcante, atualmente o CIIR mantém 110 profissionais que usam Libras para comunicação e auxílio no atendimento aos usuários com deficiência auditiva ou surdos, desde a Portaria até o setor de Arte e Cultura.
A profissional destaca que a tendência é aumentar o número de profissionais com aula de Libras, ministradas pelos intérpretes e tradutores do CIIR Géssica Feitosa e Fernando Lima, com formação em Pedagogia e especialistas em Libras. “Essa atuação se dá em duas frentes: a de interpretar/traduzir Libras para a Língua Portuguesa e vice-versa para usuários e colaboradores surdos, e ministrar treinamento ensinando Libras no nível comunicativo, para os colaboradores ouvintes”, informa.
O atendimento aos usuários surdos ocorre durante todo o acompanhamento nas consultas, exames e marcações de procedimentos, quando os intérpretes atuam como canal de comunicação com os ouvintes. “No primeiro trimestre desse ano foram realizados 425 atendimentos”, informa a gestora.
Apoio durante as consultasExperiência - Entre os profissionais do CIIR que usam Libras na rotina pessoal e para auxiliar no atendimento aos usuários está o recreador do setor de Arte e Cultura Luan Almeida Tavares, 29 anos. Ele é surdo e também é atendido na instituição. “Uso Libras porque sou surdo, e isso facilita a comunicação com os outros usuários surdos. A gente faz a mediação dessa comunicação entre os colaboradores. Isso também nos oportuniza um ganho maior de experiência e essa empatia para com outras pessoas”, diz Luan, que faz parte do quadro funcional do CIIR desde outubro de 2019, por meio do Projeto de Empregabilidade para Pessoas com Deficiência (PcDs).
“Ao exercer minhas atividades percebi a importância da Língua de Sinais e também do conhecimento para pessoas com o uso de Libras. Isso proporciona uma comunicação bem mais efetiva. Trabalhei no setor de Arte Cultura fazendo essa intermediação. Depois passei para a atividade de recreador, e isso me trouxe outra experiência com o aprendizado de Libras. Este projeto do CIIR nos trouxe experiências para currículo e mais visibilidade”, acrescenta.
O Centro de Reabilitação cumpre o Decreto 5.626/05, o qual prevê que “os serviços de saúde devem atender diferenciadamente a comunidade surda, minoria sociolinguística e cultural, usuária da Língua Brasileira de Sinais (Libras)”. O CIIR possui dois profissionais intérpretes de Libras.
Capacitação – Segundo o intérprete e tradutor Fernando Lima, o treinamento em Libras “é feito em módulos progressivos, objetivando que os ouvintes se apropriem do nível comunicativo (não interpretativo) de Libras. Para que isso ocorra foi implementado o uso de metodologias ativas, tornando efetivo e assertivo o treinamento”.
O módulo 3 aborda especificidades linguísticas. Atualmente, há 110 profissionais nos três módulos de treinamento, o que referenda a instituição como um centro de inclusão pelo acolhimento aos surdos. Entre eles, cerca de 20 conseguem se comunicar integralmente com pessoas surdas (usuárias ou profissionais), respeitando assim a Lei da Acessibilidade (10.098/2000).
Fernando Lima ressalta que o CIIR valoriza a pessoa surda por respeitar sua língua e tratá-la com dignidade, “tanto por ter acompanhamento de intérpretes/tradutores, como por fomentar e estimular que os ouvintes, que aqui trabalham, sejam sensíveis ao uso do idioma materno do povo surdo, por meio do treinamento em serviço da Libras”.
Estrutura – O CIIR oferece, em um único complexo, atendimento para pessoas com deficiência física, intelectual, auditiva e visual de todas as faixas etárias. São diversas especialidades, tecnologias e estrutura de última geração, associadas à qualidade, segurança e humanização destinadas 100% aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
O acesso aos serviços do CIIR é por meio de encaminhamento das Unidades de Saúde, acolhido pela Central de Regulação de cada município, que por sua vez encaminha à Regulação Estadual. O pedido será analisado conforme perfil do usuário, pelo Sistema de Regulação (Sisreg).
Serviço: O CIIR é um órgão do Governo do Pará, administrado pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). O Centro funciona na Rodovia Arthur Bernardes, n° 1000. Mais informações: (91) 4042-2157/58/59.
Texto: Vera Rojas – Ascom/CIIR