"Álvares de Azevedo" completa 68 anos como referência para pessoa com deficiência visual
Coordenada pela Seduc, a unidade tem mais de 170 alunos matriculados, que dispõem de apoio pedagógico no contraturno ao ensino regular
Comunidade escolar comemora 68 anos de educação inclusiva da Escola José Álvares de Azevedo, em BelémO bolo branco com os números 6 e 8 azuis, à esquerda, e grande topos com a palavra “Parabéns”, além de topos com balões azuis, estrelinhas amarelas e lançador de confete no centro, junto com o símbolo da Unidade Educacional Especializada (Uees) José Álvares de Azevedo marcou, nesta quarta-feira (19), a celebração dos 68 anos da escola, referência para para pessoa com deficiência visual no Pará.
O caráter minucioso do parágrafo acima sobre o bolo de aniversário de 68 anos da instituição quer remeter o leitor à importância das descrições de situações com características físicas, sentimentos, gestos, entre outros, para que o leitor com deficiência visual ou mesmo sem nenhuma visão possa construir uma imagem mental do que está sendo dito.
Aniversário oficial da José Álvares de Azevedo foi no dia 15 deste mês, mas a comunidade comemorou nesta quarta-feira (19) No aniversário de mais de seis décadas do "Álvares de Azevedo" não faltaram depoimentos sobre a contribuição do ensino assegurado pela unidade. “A escola é, sem dúvida, um lugar de acolhimento. Minha filha é cega por conta de uma retinopatia da prematuridade e desde um aninho de idade participa das atividades do Álvares de Azevedo. Ela sempre teve muita dificuldade em aceitar a deficiência e o contato com os professores, servidores e outras pessoas com deficiência, além das atividades que desenvolve aqui, fizeram com que ela tivesse uma nova percepção sobre a deficiência. Eu sinto uma tranquilidade em saber que, com a ajuda da unidade, ela está caminhando para ser independente quando eu não estiver mais aqui. É sempre muito emocionante ver o desenvolvimento dela”, conta Alice Brígida, mãe da Ana Paula, de 13 anos.
Na "Álvares de Azevedo", Ana Paula tem aula de informática, atividades de vida autônoma e social, dança, atletismo, soroban (instrumento para cálculo) e acompanhamento regular de disciplinas como português, geografia, ciências e matemática. A adolescente contou que tem duas aulas preferidas: a aula de braile e a de orientação e mobilidade.
“Comecei a ler em braille com 6 anos e já escrevi três poemas autorais. Entrei ano passado na orientação e mobilidade, que ensina os deficientes visuais a utilizar a bengala e traz mais independência pra gente. Aqui eu me sinto acolhida. A escola representa muito pra mim”, explica Ana Paula.
Escola Álvares de Azevedo assegura a alfabetização de alunos e a sequência do ensino pelo sistema de leitura em braileCoordenada pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc), a unidade de ensino oferece apoio pedagógico no contraturno ao ensino regular estadual e conta, atualmente, com mais de 170 alunos já matriculados. O atendimento é feito pelo currículo funcional, que prevê reabilitação educacional em conjunto com o ensino regular.
“A escola tem um papel fundamental no ensino-aprendizado dos alunos. Diferente da escola regular, trabalhamos em período alternativos, com toda a flexibilidade curricular e conteúdo adaptado de acordo com a necessidade deles. Aqui, o aluno vai ter a vivência na prática de tudo o que é tratado no ensino regular com o estímulo também dos outros sentidos deles. Somos referência no atendimento da pessoa com deficiência visual no estado e tem muitos motivos a comemorar. Nos colocamos a disposição da sociedade porque a inclusão não é escolar, é social e devemos levar isso além dos nossos muros”, ressalta Lindalva Carvalho, diretora da Unidade José Álvares de Azevedo, que também realiza formação de servidores em escolas estaduais.
O Murilo Ramos, 10 anos, entrou na escola há um ano e a sua mãe, a autônoma Michelle Pessoa, celebra a evolução da criança. “Estou muito feliz com o desenvolvimento dele, já vemos a maior autonomia, o aprendizado em braile, a maior qualidade de vida que ele apresenta. As atividades oferecidas pela unidade ajudam muito a combater o preconceito da nossa sociedade e nos lembram todos os dias que uma pessoa com deficiência pode chegar a qualquer lugar e a escola é uma base para que isso aconteça. Todos são bem receptivos e preparados, o que faz a diferença”, destaca.
A criança adora as aulas de música e está aprendendo a tocar o instrumento Ukulele. “Eu gosto muito das aulas, essa escola é uma maravilha pra mim. É muito importante porque ela ajuda os deficientes visuais. Estudar aqui era um sonho pra mim e estou realizando isso. Me sinto muito feliz por isso”, afirma.
O aniversário da Uees José Álvares de Azevedo foi, oficialmente, no dia 15 de abril. A escola está com matrículas abertas até esta quinta-feira (20) para pessoas com deficiência visual matriculadas regularmente na rede estadual de ensino do Pará.
A escola fica na avenida Presidente Pernambuco, entre as avenidas Gentil Bitencourt e Conselheiro Furtado, nº 497, no bairro de Batista Campos, em Belém.