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Pacientes do Hospital Ophir Loyola recebem perucas feitas com fios naturais

Instituição recebe doações de fios e, em parceria com grupos voluntários, entrega perucas a pacientes em tratamento oncológico

Por Ellyson Ramos (HOL)
15/04/2023 12h35

Apesar de ser uma reação esperada por quem é submetido à quimioterapia, a queda de cabelo e outros efeitos colaterais dependem de diversos fatores, como o tipo de medicamento, os ciclos de tratamento e o organismo do paciente oncológico. Para mulheres que enfrentam a baixa autoestima trazida pela alopecia induzida por quimioterápicos, o Hospital Ophir Loyola (HOL), em parceria com grupos voluntários parceiros, arrecada doações de fios de cabelos naturais e entrega ao Projeto Amor em Fios, instituição beneficente responsável por confeccionar perucas e doar a pacientes oncológicas.

Para a confecção de uma única peruca são necessárias cerca de cinco doações, pois depende do tipo, espessura do fio e da quantidade de cada cabelo. As doações são recebidas por servidores do Serviço Social do HOL e encaminhadas ao Projeto Amor em Fios, de Belém. Da capital paraense, o material segue para o peruqueiro da instituição paranaense, localizada na cidade de Curitiba (PR).

A empresária Hozana Arruda, 58 anos, conta que conheceu o projeto pelas redes sociais. Atualmente, ela é representante da instituição beneficente no Pará e uma das voluntárias do HOL, onde faz tratamento contra tumores malignos no fígado, traqueia, fêmur e coluna.

“Contamos com a ajuda do hospital e de outros grupos de voluntários. Não importa o tipo de cabelo, pode ser pintado ou com química. Assim que os voluntários do Paraná recebem as doações, eles começam a produção e nos enviam de volta. De Curitiba vem as perucas, mas os lenços, toucas, turbantes e acessórios são produzidos por outros voluntários, em Cascavel (PR)”, contou Hozana.

Alento - A luta de Hozana contra o câncer começou em 2018. “Fui fazer exame de rotina e o médico notou um nódulo pequeno na minha mama esquerda durante o exame de toque. O tumor cresceu absurdamente em pouco mais de 50 dias e tive de retirar toda a mama. Comecei a quimioterapia e perdi os cabelos. No início, tinha muita dificuldade, parecia que nada se encaixava na minha cabeça, mas não me abati, porque sabia que o cabelo iria crescer de novo. A gente sabe que é difícil se achar linda e, de repente, descobrir uma doença, ficar isolada, sem cabelos, sobrancelhas e cílios”, recordou.

No HOL, a Humanização atua em conjunto com a equipe multiprofissional, conforme as diretrizes da Política Nacional de Humanização (PNH). Além de reunir com os setores para elaboração de projetos, o serviço articula parceria com diversas instituições voluntárias, visando o acolhimento, a empatia e a ambiência para promover a sensação de bem-estar do paciente, considerando a adaptação na rotina de vida e os cuidados dos quais precisam.

“Essas doações são um ato solidário e de amor, pois possibilita a confecção de perucas, que são doadas aos pacientes com a finalidade de proporcionar melhoria na autoestima e segurança social. A representação do cabelo vai além do estético, é um importante elemento na formação da imagem pessoal, ele transmite a personalidade, os valores e evidencia o estilo”, explicou a psicóloga e coordenadora de Humanização do HOL, Rayssa Imbiriba.

Em 2013, a aposentada Jaqueline Carvalho, 42 anos, iniciou um tratamento contra o câncer de mama. Atualmente, ela é uma das representantes da Casa de Apoio Mulheres Poderosas, que também promove ações para arrecadar cabelos para a confecção de perucas. “Por mais que a pessoa diga que vai crescer de novo, quando perdi os meus cabelos, eu senti muito. Fiquei muito abalada. Foi aí que eu vi a necessidade de usar perucas. A gente que já passou por esse momento, a gente sabe da importância desse ato de amor”, afirmou Jaqueline.

As assistentes sociais Laudilene Gonçalves e Eulália Martins são as responsáveis por receber as doações de fios e intermediar a entrega das perucas e acessórios concedidos às pacientes.

“Nós fazemos o acolhimento das pacientes e, a partir da leitura da carteira e da ficha de tratamento, sabemos se é uma paciente que poderá ter perda capilar. Orientamos sobre a existência do projeto e perguntamos se ela deseja receber uma peruca, lenço ou outros acessórios. E o sorriso floresce nos rostos delas”, afirmou Laudilene. “Nos sentimos muito gratificadas em vê-las resgatando a autoestima. Criamos vínculos com os pacientes e eu me emociono quando as ouço dizer que podem ter perdido a mama para o câncer, mas que não vão perder a autoestima”, completou Eulália, emocionada.

A pedagoga Marcela Paz, 26 anos, foi uma das beneficiadas com o Projeto Amor em Fios. Ela recebeu peruca, touca e lenço nesta quinta-feira (13). “Há dois anos, quando fiz as primeiras sessões de quimioterapia, o meu cabelo não caiu. Mas agora, desta vez, perdi o cabelo e me senti mal com a minha imagem. Com cabelo ou sem cabelo, nós somos maravilhosas, mas comecei a pesquisar preços de perucas porque queria melhorar. Fiquei muito surpresa e feliz em receber de graça no hospital, ainda mais em um dia como hoje, que é a minha última sessão de quimio. É um presentão!”, disse a jovem.

Vale ressaltar que, para doar o cabelo para a confecção de perucas às usuárias do HOL, os fios precisam estar limpos, secos e devem medir acima de 12 cm. O material pode ser entregue na recepção do Hospital Ophir Loyola (Av. Gov Magalhães Barata, nº 992 - São Brás, Belém). Os cabelos entregues no posto de coleta serão direcionados ao Projeto Amor em Fios, que possui representantes no Pará e em outros 16 estados brasileiros.