Novo Mangueirão estreia com espaço de atendimento a mulheres dentro do estádio
Ação conjunta da Secretaria das Mulheres, SEEL e Polícia Civil visa reduzir episódios de assédio e importunação sexual nos dias de jogos
O último domingo (9), foi especial para os apaixonados pelo futebol e torcedores dos dois principais times da capital: Paysandu e Remo. Com um público aproximado de 50 mil pessoas, o jogo levou milhares de mulheres ao estádio, que agora contam com uma sala de atendimento específico para caso sofram alguma situação de violência dentro do estádio. O espaço, comandando pela Polícia Civil em parceria entre Seel e Secretaria das Mulheres, foi criado para evitar episódios de assédio e importunação sexual.
Ricardo Menezes, Delegado Assistente do grupo de atendimento aos grupos vulneráveis da Polícia Civil, explica que o espaço dentro do Mangueirão é uma mini-delegacia especializada em atendimento a mulheres vítimas de violência. “O objetivo é acolher e dar celeridade ao atendimento dessas mulheres, além de desenvolver a campanha contra importunação sexual, que já foi realizada em outros eventos. O objetivo é oferecer acolhimento e orientação, além de verificar os direitos que foram lesados e dar o direcionamento devido”, detalha o Delegado.
Menezes ressalta que o espaço não serve apenas para denúncias, mas para o acolhimento dessas vítimas. “No evento teste aqui no Mangueirão, houve um caso de importunação sexual que foi resolvido com celeridade, fornecendo apoio e segurança para a vítima. A sala dentro do estádio é a consagração de um projeto que foi desenvolvido há muito tempo e agora conta com o apoio do Governo do Estado para oferecer ainda mais suporte”, conclui.
Paula Gomes, Secretária das Mulheres, reforça o compromisso da recém criada SEMU com a segurança da público feminino dentro do novo Mangueirão. “A Secretaria das Mulheres e a Polícia Civil estiveram presentes com suas ações de prevenção, conscientização e combate a qualquer tipo de violência: seja assédio ou importunação sexual contra as mulheres nos estádios, porque acreditamos e trabalhamos para que o ambiente seja seguro, tanto para as mulheres que estão trabalhando, quanto para quem vai torcer. Então, vamos reforçar essas ações também nos próximos jogos, para que o estádio seja sempre um espaço seguro para a presença feminina”, finaliza a Secretária.
Márcia Jorge, coordenadora de Integração de Política para Mulheres, explica que a ação da SEMU vai além do atendimento, pois visa também levar informação para as mulheres que hoje frequentam os estádios de futebol, e sempre reforçar que assédio moral, sexual e importunação sexual são crimes. “Essa atividade começa também com a perspectiva de um projeto educativo que visa potencializar a participação da Federação Paraense, dos times e das torcidas - principalmente as femininas, para que as mulheres possam construir essa campanha com a gente. E a partir daí, vamos iniciar também um trabalho de formação e publicidade das políticas públicas em defesa das mulheres, garantindo que a mulher possa estar sempre onde ela quiser. O futebol é importante para muitas mulheres e é um direito dessas mulheres frequentar os estádios sem sofrer violações”, arremata.
Para a Supervisora da Catraca do Paysandu no Mangueirão, Adriane Diniz, a importância disso é extrema. “Falo por mim como torcedora, que já fui, sim, agredida, e principalmente como trabalhadora, pois trabalhando com muitas mulheres, posso afirmar que sofremos isso diariamente no trabalho, tanto verbal quanto fisicamente. Já tivemos casos de colaboradoras nossas que foram agredidas, infelizmente, por homens e com mulheres e crianças ao lado. É complicado. E essa sala de atendimento, vai servir bem as mulheres que vêm assistir os jogos, com certeza. Agora a gente já se sente mais segura como mulher”, comemora Diniz.