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PROTEÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS

Ideflor-Bio e órgãos de segurança concluem operação de bloqueio na Praia do Atalaia

Medida restringiu circulação de veículos motorizados para preservar a reprodução de cinco espécies de tartarugas marinhas

Por Vinícius Leal (IDEFLOR-BIO)
09/04/2023 19h42

Tartaruga na 'Ponta da Sofia', local em que a espécie coloca os ovos para que o calor da areia ajude as tartarugas a se desenvolverem dentro deles A conscientização, o diálogo e a tranquilidade marcaram o último dia da operação de bloqueio em 3km da faixa de areia da Praia do Atalaia, em Salinópolis, local conhecido como a “Ponta da Sofia”. A área é um dos pontos de reprodução de tartarugas marinhas no litoral paraense.

Cinco espécies de quelônios, todas em risco de extinção, utilizam a área para a desova e, posteriormente, também é onde ocorre a eclosão dos ovos. O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) e órgãos de Justiça, segurança pública e a prefeitura municipal, trabalharam conjuntamente para resguardar a preservação das tartaruras marinhas. 

A medida possibilitou uma nova experiência de turismo para quem visita o balneário, sem a presença de veículos motorizados. A passagem de pedestres às barracas que comercializam alimentos e bebidas nessa área permaneceu autorizada. O mesmo valeu para quem utiliza o local para a prática do surf, kitesurf e parapente. 

Quem aproveitou o feriadão e trouxe os filhos para curtir a Praia do Atalaia foi a médica Daia Hausseler. Ao chegar no balneário, a moradora da capital ficou impressionada com o bloqueio na faixa de areia e aprovou a iniciativa.

“Eu achei uma ótima ideia. Primeiro pela causa ambiental e segundo porque a gente tem mais segurança para brincar com nossas crianças, que inclusive estão jogando bola, correndo na areia, estão fazendo castelinho, sem que a gente se preocupe que um carro vai passar a qualquer momento. Aquela parte muito cheia da praia, é onde a gente se preocupa mais com isso”, frisou a profissional de saúde, médica Daia Hausseler, de folga na Atalaia. 

Daia conta, ainda, que o Atalaia era um lugar que ela quase não trazia mais os filhos porque sabia que eles não teriam como aproveitar com segurança, devido ao fluxo intenso de carros.

“Agora com essa ação, a gente só quer vir para cá. É menos preocupante, a praia está nitidamente mais limpa nesse trecho e as crianças podem brincar à vontade. A gente fica de olho, claro, mas dá para ficar super despreocupada. A grande dificuldade do outro lado, é o grande fluxo de carros e às vezes tem veículos que passam em alta velocidade e os pais nunca ficam tranquilos. A sensação é como se a criança estivesse brincando no asfalto e isso não dá”, concluiu a médica.

Unidade de Conservação - O Ideflor ressalta que a área bloqueada está na Zona de Amortecimento do Monumento Natural Atalaia, uma das 27 Unidades de Conservação (UCs) do Pará, gerenciadas pelo Ideflor-Bio. O Monumento é uma UC de Proteção Integral, criada para proteger os ecossistemas de manguezais, restingas e dunas do Atalaia.

O local é um dos últimos preservados nessa área, que abriga diversas espécies de animais, entre mamíferos e uma rica avifauna residente e migratória, com atenção especial aos períodos de reprodução das tartarugas marinhas que sobem a Praia do Atalaia, no período noturno, para depositar os seus ovos.

A conselheira do Monumento Natural do Atalaia pela Associação dos Artesãos de Salinópolis, Patrícia Sales, agradeceu o empenho de todos para a proteção do meio ambiente. “Parabenizo o Governo do Estado, o Ideflor-Bio e os agentes da segurança pública, que foram maravilhosamente pontuais em todas as situações desse bloqueio. Sem dúvidas, essa medida vai ajudar na preservação de milhares de animais que estão inclusive em risco de extinção”.

Ideflor-Bio e órgãos parceiros conduziram com sucesso o bloqueio em 3km da faixa de areia da Praia do AtalaiaA diretora de Gestão e Monitoramento das Unidades de Conservação do Ideflor-Bio, Socorro Almeida, informa que essa ação vai continuar, mas também com forte e pesado trabalho de educação ambiental. “A gente está jogando nas mídias, conversando com as pessoas e nós vamos continuar esse trabalho como medida educacional, para que possamos chegar realmente no resultado que se espera, que é a preservação dessas espécies. Então para isso a gente conta com toda a sociedade e agradece por todo apoio”.

Socorro Almeida disse, ainda, que “a ação que aconteceu no feriado prolongado não vai parar, pois a atividade das tartarugas não para. Por isso, contamos com a parceria de toda a sociedade que frequenta a área do bloqueio, para que continue não permitindo a entrada de veículos, a fim de resguardarmos e preservarmos as tartarugas, seus ovos e seus filhotes”, concluiu a dirigente.

Cooperação - O coordenador da Consultoria Jurídica da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), Márcio Emídio, vê de forma muito positiva as ações que foram realizadas de forma integrada entre os órgãos de segurança pública e ambientais do Estado. Ele afirma que isso é importante para que realmente se consiga, de forma conjunta, realizar uma proteção mais rígida em relação ao meio ambiente. 

“O Ideflor-Bio está de parabéns pelo serviço que foi realizado aqui, fico muito feliz de ver vocês do Instituto acompanhando, vendo como tudo funciona e a gente precisa dessa colaboração. O Sistema de Segurança Pública, através do secretário Ualame Machado, está aqui para colaborar diuturnamente nessas ações, mas essa parceira é o que faz tudo ficar mais forte, mais fácil e mais leve para todos trabalharem”, enfatizou o dirigente.

Durante três dias, a operação conjunta do Ideflor-Bio teve o apoio da Segup, Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran), Corpo de Bombeiros Militar (CBM), Polícia Militar do Pará (PMPA), Prefeitura de Salinópolis, por meio das secretarias municipais de Meio Ambiente e Turismo. Fora da esfera governamental, também houve o suporte de voluntários do Conselho Gestor do Monumento Natural do Atalaia e do Projeto Suruanã.