Uepa certifica 246 novos especialistas em Transtorno do Espectro Autista em três cidades do Pará
Curso de especialização formou profissionais aptos ao atendimento de pessoas com TEA e à promoção de sua efetiva inclusão na sociedade
Santarém As primeiras turmas do curso de Especialização em Transtorno do Espectro Autista: intervenções multidisciplinares em contextos intersetoriais, ofertado pela Universidade do Estado do Pará (Uepa), receberam este mês a certificação nas cidades de Belém, Santarém e Marabá. A formação continuada de 246 novos especialistas em TEA, coordenada pelo Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE) da universidade, representa uma conquista, celebrada neste 2 de abril, Dia Mundial de Conscientização do Autismo.
Em Marabá, o evento, realizado nesta quinta-feira (30), certificou 77 pessoas. Já em Santarém, a certificação, ocorrida no último dia 24, foi entregue a 84 novos especialistas. Em Belém, a cerimônia, que aconteceu no dia 17 de março, certificou 85 profissionais de diversas áreas.
Muito emocionada com o momento, a coordenadora do curso, professora Scheilla Abbud, do Departamento de Educação Especializada do CCSE da Uepa, esteve presente em todas as cerimônias e afirmou que sentia-se “em estado de felicidade absoluta”. "Essa é a concretização de um sonho que não é só meu, mas de todos os autistas, familiares e profissionais", comemorou.
Durante os eventos, a coordenadora destacou a importância de dispor às pessoas um atendimento com dignidade. Segundo Scheilla Abbud, foi isso que norteou a existência do curso. De acordo com a professora, há expectativas de que, em breve, a Uepa divulgue o edital para uma nova turma, em Parauapebas.
O curso foi uma ação pioneira no Estado, tornando-se a primeira especialização pública e gratuita em Transtorno do Espectro Autista no Pará. A implantação da turma na universidade, vinculada ao Núcleo de Educação Popular Paulo Freire, surgiu como impulso para o processo de avanço científico e de posicionamento das instituições envolvidas na discussão das questões de atenção aos direitos da pessoa com TEA. A formação possibilitou a participação mais efetiva da Uepa na qualificação de profissionais das diversas áreas de conhecimento.
Baiana, a psicóloga Rosini Lima Silva, da turma formada em Belém, ficou no Pará para concluir o curso de especialização. "Foi um divisor de águas na minha vida, porque ter uma formação em autismo, por meio de uma universidade estadual, é muito significativo, além de ser uma oportunidade de melhorar o currículo para quem trabalha na área", destacou. A chance de atuar na área veio com o convite para integrar a Coordenação Estadual de Políticas para o Autismo da Secretaria de Saúde do Pará (Sespa), onde trabalha atualmente.
Ana Caroline dos Santos Oliveira, formada na turma de Marabá, definiu como “incrível” a sensação de receber a certificação. “Participar da especialização foi a realização de um sonho, porque eu já vinha desenvolvendo estudos na área da educação especial desde a minha graduação”, explicou. Ela relembra que o curso ocorreu em um momento atípico, o da pandemia de covid-19, com aulas na modalidade remota. "Mesmo assim, senti o profissionalismo de todos os professores, o envolvimento de todos os colegas. Estar aqui, neste momento, é uma grande vitória”, avaliou.
Para Valdice Silva Santos foi a aluna que fez o agradecimento em nome da turma de Belém. "Os profissionais de diversas áreas que fizeram parte do curso foram o diferencial para a nossa formação durante esse curso", pontuou. Ela também apontou que o Estado só tem a ganhar com essa formação. "Eu não tenho palavras, a dimensão do que seja você pensar que agora os municípios têm profissionais capacitados nessa área", finalizou.
Ao implantar a especialização, a Universidade atendeu à Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, instituída pela Lei 12.764/2012, bem como à Política Estadual de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, instituída pela Lei nº 9.6061/2020. O recurso financeiro para o desenvolvimento da especialização é proveniente de emenda parlamentar compartilhada entre 23 deputados estaduais.
TEA - A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 1 a 2% da população mundial tenha Transtorno do Espectro Autista. Assim, a partir dessa projeção, é possível estimar que, no Estado do Pará, existam cerca de 80 mil pessoas que necessitam de atenção adequada.
O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento que requer atenção específica e especializada. Por isso, o curso de especialização buscou consolidar conhecimentos acerca das características das pessoas com Transtorno do Espectro Autista, sua condição clínica, potenciais de desenvolvimento, com ênfase na compreensão de abordagens pedagógicas, terapêuticas, jurídicas e assistenciais necessárias para a efetiva inclusão desse indivíduo.
Texto de Fernanda Martins, Guaciara Freitas e Marília Jardim (Ascom Uepa)