Pecuária sustentável é tema da quarta edição do “Sexta com Ciência”
Promover uma discussão a respeito de assuntos concernentes à pecuária sustentável no Pará, e como as ferramentas tecnológicas podem contribuir para otimizar os recursos pecuaristas e dar suporte a quem trabalha no setor. Esse foi o principal objetivo do debate ocorrido, na manhã desta sexta-feira (18), na sede da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet), em Belém, que configurou a realização da quarta edição do projeto “Sexta com Ciência”, organizado pelo órgão.
O “Sexta com Ciência” se caracteriza como uma série de debates sobre temas importantes que visam o desenvolvimento do Pará a partir do espírito inovador, da prática científica e do uso da tecnologia em favor da redução das desigualdades sociais.
A quarta edição do evento reuniu servidores públicos, instituições parceiras, pesquisadores da área, empresários, representantes da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), da Universidade Federal do Pará (UFPA), da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), do Sindicato de Produtores de Carne e Derivados e outras entidades ligadas ao setor pecuarista.
A pecuária sustentável destaca-se como uma das cadeias estratégicas dentro do plano de desenvolvimento do Estado, denominado Pará 2030. Durante o evento, a adjunta da Sectet, Maria Amélia Enríquez, mostrou os números relacionados à pecuária no Pará. De acordo com dados da Adepará, o rebanho paraense já supera os 22 milhões, sendo o 3º maior efetivo do país.
Além disso, a cadeia da pecuária está presente em todos os municípios paraenses, sendo que em 52 deles se destaca como uma das atividades econômicas predominantes. Em 2014, o estado do Pará conquistou a Certificação Internacional de Área Livre de Aftosa por meio da vacinação e, com isso, os produtores paraenses passaram a ter acesso a novos mercados nacionais e internacionais.
Entretanto, é necessário pensar em formas de melhorar a qualidade do rebanho paraense e aumentar a produtividade, acima de tudo de forma sustentável. Nesse ponto, o foco da discussão foi observar quais são os aparatos tecnológicos e inovadores que podem contribuir para que o Pará alcance esse objetivo.
Para a pesquisadora da Embrapa, Luciana Brito, o momento atual, no Brasil e no mundo, exige uma pecuária sustentável. “Essa sustentabilidade é tanto econômica, quanto ambiental e social, então precisamos de todo o suporte tecnológico para o setor pecuário para que tenha um bom alicerce e que, cada vez mais, ganhe mercado, mas mercado de qualidade, não de quantidade, esses mercados, que estão em um patamar superior, exigem que estejamos totalmente alinhados ambientalmente e socialmente para termos os ganhos econômicos vindos da atividade”, enfatizou.
A construção de uma atividade pecuarista sustentável no Estado perpassa pelo planejamento do uso do solo e restauração florestal de áreas desmatadas ilegalmente ou que não têm aptidão agropecuária. O desenvolvimento da cadeia traz sinergias ambientais e socioeconômicas e é a chave para o crescimento econômico do Pará.
Nesse sentido, a professora da Ufra e coordenadora do grupo Grupo de Estudos em Pecuária Sustentável na Amazônia, Natália Barbosa observou que há uma demanda cada vez mais urgente pela melhoria da pecuária paraense. Ela apontou alguns desafios, em termos de ciência, tecnologia e inovação (CT&I), para esse avanço, entre eles a necessidade do fomento à manutenção de equipamentos; da aproximação entre a academia e o setor produtivo; de estimular a inovação e registros de patentes e softwares; além de estabelecer o Pará como centro inovador na Pecuária.
Para a professora, debates como os organizados pela Sectet “são fundamentais para haver o alinhamento das ideias e uma atuação de forma conjunta para solucionar os problemas, em vez de ter várias ações pulverizadas, concentramos os esforços e realizamos uma ação realmente impactante, é fundamental a Secretaria promover isso”.
O representante do Sindicato de Produtores de Carne e Derivados, Daniel Freire, concordou e enfatizou a necessidade de se buscar sempre o melhoramento do rebanho. “O pecuarista evoluiu e melhorou muito geneticamente em peso, porém em qualidade ainda precisa atingir um nível melhor, por isso a sinergia desses debates é muito importante”, pontuou.
Aparato Tecnológico
No que diz respeito à contribuição da Ciência, Tecnologia e Inovação para a melhoria da qualidade do rebanho, destaca-se que o estado do Pará já dispõe de instituições e equipamentos necessários para apoiar a cadeia da pecuária a dar este salto tecnológico e qualitativo tão necessário. Além das Universidades públicas – Ufra, Uepa UFPA e IFPA – e Centros de Pesquisa, como a Embrapa, o Estado tem um arcabouço legal e espaços de inovações, como o Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá.
O PCT é o primeiro parque tecnológico da Amazônia, com laboratórios qualificados, tanto para auxiliar no melhoramento genético da produção animal, na melhoria dos insumos para aprimoramento da qualidade da carne, como no aperfeiçoamento e qualificação da produção leiteira, devido à instalação, em 2017, do laboratório da qualidade do leite, preparado para certificar o leite produzido na Região Norte, além de realizar outros serviços importantes para a criação de estratégias de agregação de valor ao leite, com a diversificação e adensamento de valor na produção.