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BIONEGÓCIOS

Moda, culinária e cultura gastronômica da floresta foram destaques no Bio Business 2023

O objetivo do evento foi reunir produtores da bioeconomia e investidores para fortalecer nova matriz econômica no estado 

Por Aline Saavedra (SECOM)
17/03/2023 09h24

Propor a criação de oportunidades e ambientes catalisadores de bionegócios, bem como um espaço de inovação para a interação entre os setores de produção, investimento, mercado, pesquisa, governo e sociedade civil. Esses são alguns dos objetivos do Bio Business Pará,  realizado pelo Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), na última quinta-feira (16), na Estação das Docas, em Belém. A abertura contou com a participação da cantora paraense Juliana Sinimbú e o encerramento foi feito por Gabriel Xavier.

O encontro propôs ainda a criação de novos produtos, serviços, negócios e soluções baseadas na natureza inspirados em seus ativos ambientais com alta tecnologia, conhecimento e valor agregado. O Bio Business foi realizado em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), e tem o apoio da Embaixada do Reino Unido.

O Bio Business é uma das ações contidas no Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio). O Pará é o único estado brasileiro que possui um plano de bioeconomia, lançado na última Conferência do Clima, no Egito.

Produtos feitos com a escama de peixe, com a borra e caroço de açaí, látex da seringueira, por exemplo, foram expostos durante o evento com desfiles valorizando as peças e as pessoas da Amazônia.

“É a ciência e o conhecimento tradicional vindo para a contemporaneidade, transformando isso num objeto de agregação de valor que não só mostra a nossa ancestralidade e a floresta amazônica como um potencial elemento da transformação econômica, mas como oportunidade também de negócios”, destacou o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, Mauro O’de Almeida.

Entre suas definições, a bioeconomia é uma solução baseada na natureza que vai ao encontro dos objetivos da Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC) e do Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA). “Nós também queremos transformar o Pará num estado de baixo carbono. Combinado a isso com fiscalização, com comando e controle, com fomento, com abertura de crédito a pequenos e médios produtores rurais, para este tipo de negócio, criação de startups. Vem aí a implementação do nosso Plano Estadual de Bioeconomia e o nosso Parque de Bioeconomia, que é uma outra iniciativa e que vamos, no decorrer dos próximos anos, implementar aqui no estado do Pará”, completou o titular da Semas.

Novidade - Uma das novidades do evento foi o processo seletivo de iniciativas de bioeconomia, oriundas das 12 regiões de integração do Estado: Cooperativa de Agroextrativismo da Comunidade do Urubutinga, Preciosa Amazônia, Jambu Sinimbu, Polo de Proteção da Biodiversidade e Uso Sustentável dos Recursos Naturais, Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas da Ilha de São Salvador -ATAISS, Fazenda Bacuri, Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (CAMTA), Cacauaré Cacau Nativo da Amazônia, Coopatrans, Associação dos Moradores da Reserva Extrativista Rio Iriri (Amoreri), Amazon Tasty e 100% Amazônia Exportação e Representação Ltda.

As iniciativas inscritas foram avaliadas por um comitê formado pelas instituições organizadoras com base em critérios definidos no edital. A intenção do edital foi alcançar iniciativas ligadas à Bioeconomia de forma descentralizada e democrática. Além disso, a capacitação e o intercâmbio realizados durante o evento geram um ecossistema de negócios em bioeconomia cada vez mais forte.

"O objetivo é mostrar a cadeia produtiva, a floresta em pé, as pessoas que residem nela e mostrar aos possíveis investidores a importância que a gente tem para construir um mundo melhor”, disse Katia Fagundes, empreendedora da Da Tribu.

José Hailton Brilhante, presidente da Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas da Ilha de São Salvador (ATAISS), em Gurupá, representou 120 famílias em trabalham com sistemas agroflorestais plantando e colhendo açaí, buriti, óleo de andiroba, entre outros produtos da natureza e veio em um busca de um objetivo: ampliar e melhorar os seus negócios. “Nós sabemos do papel da natureza para as nossas famílias e também para todo o mundo. Então, estar aqui é a oportunidade para buscar mecanismos de produzir mais, protegendo a natureza”, afirmou. 

Para incentivar ainda mais as conexões entre as iniciativas de bioprodutos e bionegócios aos representantes dos diferentes setores, foi aplicada a metodologia matchmaking, combinada com a exposição de painéis dinâmicos intercalados a outras atividades, como desfile, apresentação cultural, dentre outros. E durante esses intervalos serão organizadas rodadas de negócios para que cada um  dos setores possam ter contato com essas iniciativas de bioproduto, além de espaço para a exposição dos produtos físicos das iniciativas participantes.

“O Ipam contribui numa visão mais estratégica, contribuindo na construção da estratégia, da política, do plano, do conceito do que é um biossistema, um parque de bioeconomia. Então, um evento como esse já traz a possibilidade de demonstrar quais são as iniciativas de desenvolvimento de negócios a partir da bioeconomia. Precisamos que iniciativas como essa, que contribuam para esse fortalecimento da bioeconomia, mantendo a floresta viva, em pé, contribuindo com toda essa dinâmica necessária que a gente precisa para proteger a floresta amazônica, ao mesmo tempo que a gente desenvolve economicamente as pessoas que aqui vivem. Isso contribui com a emergência climática, contribui também com o processo de inclusão econômica do Pará, da Amazônia num contexto nacional e global”, afirmou Eugênio Pantoja, diretor do Ipam.

Painéis – Durante o Bio Business foram realizados painéis dinâmicos para possibilitar diversas apresentações e atividades simultâneas voltadas a oportunidades de negociações. Nos painéis foram abordados os temas Mercado, Produção, Investimento e Inovação. Especialistas da área discutiram o desenvolvimento de uma economia sustentável na região, que valorize a floresta em pé e possa gerar renda para as populações locais. Houve ainda desfile com a temática da sustentabilidade e atrações culturais.

Anterior ao evento, as 12 iniciativas participaram de um workshop em que foram abordados temas como “Empreendedorismo: a força que transforma” a fim de ampliar o conhecimento dos participantes. 

"Nós estamos pegando pessoas do campo, ensinando essas pessoas a melhorarem  as suas plantações, mas sem degradar o meio ambiente e abrindo mercado para essas pessoas”, citou o diretor- superintendente do Sebrae/Pa, Rubens Magno.