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AGRICULTURA E PESCA

Quilombolas comemoram aniversário de Salvaterra com incentivo da Emater para turismo rural e merenda escolar

Governo do Estado é parceiro em projetos da UFPA sobre 17 territórios no município

Por Governo do Pará (SECOM)
10/03/2023 15h13

No aniversário de 61 anos de Salvaterra, no Marajó, nesta sexta-feira (10), mais de 2,5 mil quilombolas de 17 territórios estabelecidos no município podem se considerar cada vez mais protagonistas da celebração, com o apoio do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater): a equipe do Governo do Estado participa desde o ano passado de uma mobilização multiinstitucional em torno de dois projetos da Universidade Federal do Pará (UFPA) para os segmentos de turismo rural comunitário e merenda escolar pública. A iniciativa recebe contribuição, também, de pesquisadores da Argentina e da França. 

O objetivo geral é ajudar a gestão participativa das próprias comunidades a estruturar atividades, facilitando burocracia, difusão tecnológica e inovação. O potencial de turismo comunitário, para oferta de experiências de imersão, hospedagem e comercialização de produtos culturais, alia-se ao potencial de acesso ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), com valorização de culinária e tradição ancestrais. 

“A diretriz é a efetivação plena de políticas públicas que fortaleçam a autonomia quilombola e a geração de trabalho e renda e, no mais, que consagrem o viés étnico, cultural e histórico, sempre ouvindo as comunidades e respeitando os interesses, vontades e vocações. Pensamos em cadeias produtivas populares e socioeconômicas que possam ser divulgadas, desenvolvidas e protegidas, como extrativismo de açaí, artesanato e plantio e beneficiamento de mandioca”, explica o chefe do escritório local da Emater em Salvaterra, o engenheiro agrônomo Orlando Lameira, especialista em georreferenciamento de imóveis rurais. 

No município, a Emater atende com regularidade 200 famílias: além de agricultores tradicionais e quilombolas, ainda aquicultores, artesãos e pescadores, com serviços como crédito rural, cadastro ambiental rural (car), acompanhamento técnico-científico, cursos, oficinas e intercâmbios. A meta imediata deste ano para quilombolas é assistência direta para 45 pessoas em três territórios. 

Dinâmica - No cumprimento de uma agenda inicial de reuniões com as lideranças e movimentos sociais a fim de contato, diagnóstico socioeconômico e mapeamento, a Emater estará presente no próximo 31 de março, no Mirante do Coró, ponto turístico de Salvaterra, em um novo encontro com Ufpa e entidades parceiras, para aprofundamento das pautas. 

Conforme Lameira, o foco é contextualizar ferramentas ante as demandas de rede de turismo de base comunitária, manifestações culturais, organizações sociais e melhoria da disponibilidade para definição de fornecimento e acolhimento da merenda pública nas escolas dentro dos territórios quilombolas. “Foram montadas equipes e subgrupos e direcionado o uso de ferramentas tais quais ‘cartografia social’ e ‘matriz de fonte de renda”, enumera. 

Parceria - Desenvolvidos não só em Salvaterra, mas também no vizinho Soure, os projetos da Ufpa “Inovações Sociomateriais na Ilha do Marajó: da Produção de Alimentos de Qualidade à Construção Social de Mercados por Famílias Rurais Quilombolas” e “Inovação e Transição Sustentável: Cesta de Bens e Serviços em Territórios Amazônicos” são financiados pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e têm duração de dois a três anos, em respectivo. O de turismo de base comunitária é articulado com outras instituições federais públicas de ensino e pesquisadores internacionais.  

De acordo com Monique Medeiros, professora do Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares (Ineaf) e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Agriculturas Amazônicas (PPGAA) da UFPA, o primordial da prática é “ouvir essas pessoas, compreender as formas de vida dessas populações pela fala delas, porque só elas podem falar por si mesmas, e por isso precisamos dar espaço para que essas pessoas possam se manifestar publicamente”, diz.  

Ela explica que os projetos vinculam estudantes da Universidade, as comunidades quilombolas como agricultores experimentadores desses processos e, em caráter mais recente, a Emater: “Estamos construindo uma rede interinstitucional mais sólida de interação, de cooperação, para garantir resultados, iniciativas e ações de continuidade além do período de financiamento, no sentido de que os projetos possam se perpetuar adiante desta fase de apoio externo”, pontua. 

Texto: Aline Miranda