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Chuvas aumentam riscos de propagação da esquistossomose, alerta Sespa

Secretaria notificou 78 casos da doença no ano passado, no Pará

Por Roberta Vilanova (SESPA)
03/02/2023 12h36

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) reforça que a esquistossomose, também conhecida como “barriga d’água”, transmitida pelo caramujo Biomphalaria glabrata, exige cuidados redobrados no período chuvoso no Pará.

A Sespa observa que embora se acredite que a esquistossomose, por ser uma doença de registro antigo, não exista mais, reitera que ela continua ativa no estado.

A doença transmitida pelo caramujo Biomphalaria glabrata, que habita córregos e áreas alagadas, também está associada a precárias condições de saneamento. O caramujo se infecta com larvas denominadas miracídios, que surgem a partir de ovos do verme Schistossoma mansoni eliminados nas fezes de pessoas contaminadas. No interior do caramujo, as larvas se transformam em cercárias, que são expelidas diretamente nos córregos, e penetram na pele humana por qualquer parte do corpo, principalmente nos horários mais quentes do dia e com alta incidência luminosa. Quando a cercária penetra no corpo se transforma no verme adulto, o Schistossoma mansoni, causando a esquistossomose.

Os riscos de infecção aumentam no inverno amazônico porque, com o aumento das chuvas, ocorre um transbordamento das áreas alagadas que contêm os caramujos infectados, facilitando o contato das pessoas com a água contaminada.

Segundo a médica veterinária Patrícia Cunha, técnica da Coordenação Estadual de Controle de Esquistossomose, Filariose, Geo-helmintos e Tracoma, a esquistossomose é uma doença de notificação compulsória e houve registro de 78 casos confirmados em 2022, sendo 61 em Belém, 12 em Bragança, 04 em Primavera e 01 em Quatipuru. 

Cunha ressaltou que os municípios mais incidentes são Belém e os de abrangência do 4º Centro Regional de Saúde (Bragança, Capanema, Primavera, Quatipuru e Cachoeira do Piriá), que, por isso, são considerados prioritários nas ações de saúde.

“Na capital, os bairros afetados foram Guamá com 37 casos, Terra Firme com 23 casos e Benguí com 01 caso da doença. E ainda há um caso em investigação, identificado no mês de dezembro, de um paciente proveniente do município de Ourém”, detalhou.

Foram também confirmados 08 casos importados, ou seja, casos que a investigação epidemiológica concluiu que a contaminação ocorreu em localidades de fora do estado do Pará. “Esses casos foram registrados nos municípios de Altamira, Marabá, Água Azul do Norte, Redenção e Santa Izabel”, acrescentou  a médica veterinária.

Sinais e sintomas - Os principais sintomas da doença são febre, dor de cabeça, suores, fraqueza, falta de apetite e diarreia. Na fase crônica, a diarreia se torna mais constante, alternando-se com prisão de ventre, prurido anal e emagrecimento. Nessa fase, surgem complicações como aumento do fígado, baço, hemorragia digestiva e hipertensão pulmonar e portal.

Diagnóstico e tratamento - Patrícia Cunha informou que o diagnóstico e tratamento estão disponíveis na Rede Básica de Saúde. O diagnóstico é feito pelo exame parasitológico das fezes do paciente. “É realizado pela equipe de microscopia municipal ou, quando o município não realiza o exame, pode ser feito pela Seção de Parasitologia do Instituto Evandro Chagas, instituição com a qual a Sespa tem um termo de cooperação técnica”, informou.

Caso o resultado dê positivo, o tratamento é feito com dose única do medicamento Praziquantel, fornecido pelo Programa de Controle da Esquistossomose (PCE). “O tratamento é supervisionado pela equipe de Atenção Primária de cada município”, disse.

Prevenção – As principais medidas preventivas contra a esquistossomose são: destinar adequadamente os dejetos humanos contaminados em fossas; evitar o contato com água que tenha o caramujo hospedeiro; evitar o acúmulo de lixo que propiciam a formações de áreas alagadas; e, em casos de sintomas de diarreia, constipação, aumento do abdômen, a pessoa deve procurar a Unidade de Saúde mais próxima da sua casa para a realização do exame.

Ações – O papel da Sespa, por meio da Coordenação de Controle de Esquistossomose/Departamento de Controle de Endemias, Filariose, Geo-helmintos e Tracoma, é assessorar e apoiar as Secretarias Municipais de Saúde, principalmente com a capacitação dos profissionais de saúde para fortalecer as ações de vigilância e controle da do vetor transmissor da doença, com técnicas de identificação, testes de infectividade, noções de georreferenciamento e monitoramento das áreas com potencial risco de transmissão.

Serviço: A pessoa com suspeita de esquistossomose  deve procurar a unidade de saúde mais próxima da sua casa, para confirmação do diagnóstico e tratamento da doença.