Pesquisadores elaboram plano de gestão do patrimônio arqueológico para museus do Estado
Secult coordena o trabalho, por meio do Sistema Integrado de Museus e Memoriais, que deve ser lançado no primeiro semestre de 2023
O acervo museológico do Governo do Pará guarda recortes importantes da tradição cultural amazônica. São inúmeras peças de valor histórico inestimável, salvaguardadas nos 12 equipamentos museais sob a gestão da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), por meio do Sistema Integrado de Museus e Memoriais (SIMM). Para garantir o tratamento adequado a toda essa riqueza arqueológica, o SIMM realiza pesquisas para apresentação do Plano de Gestão do Patrimônio Arqueológico do Estado do Pará, com previsão de lançamento neste primeiro semestre.Cerâmica arqueológica do Museu do Forte do Presépio
Até o momento, já foram quantificadas quase 3 mil peças do período pré-colonial - inteiras, com fissuras e fragmentos -, que representam a maior quantidade do acervo, e também materiais líticos (artefatos em rocha). Desse total, cerca de 400 peças estão expostas em três espaços: Museu de Arte Sacra, Museu do Forte do Presépio e Museu de Gemas do Pará. Já o trabalho com fragmentos e materiais de Arqueologia Histórica ainda será iniciado.
Coordenador do estudo e servidor da Secult, o técnico em Gestão Cultural Paulo do Canto explica que as pesquisas são fruto de um trabalho desenvolvido ao longo dos últimos 15 anos, o qual recebeu maior estímulo para ser discutido e executado na atual gestão estadual. Segundo ele, o Plano tem como base a legislação brasileira e normatizações estabelecidas e cumpridas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
“O Plano de Gestão do Patrimônio Arqueológico procurou elaborar um diagnóstico inicial do aparelhamento institucional, equipamentos, qualificação de pessoas, informatização, acessibilidade e compartilhamento de informações. Esses dados possibilitaram a compreensão das necessidades mais urgentes e a busca pelo aprimoramento da gestão. A partir dessas informações, houve a possibilidade de planejar a retomada do inventário dos acervos arqueológicos em exposições, e os salvaguardados em reserva técnica de arqueologia, além de possibilitar o desenvolvimento de pesquisa de campo arqueológico e de educação patrimonial, executada pelo Museu do Estado do Pará (MEP)”, detalha o coordenador.
Outros projetos - Atualmente, Secult, SIMM e MEP executam um projeto arqueológico em Resex (Reserva Extrativista) Marinhas da Zona Costeira Paraense, além de projetos arqueológicos institucionais relacionados ao Parque Soledade e ao Museu da Consciência Negra, em Belém, em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Estudos Antrópicos na Amazônia, da Universidade Federal do Pará (UFPA), campus Castanhal, e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).Artefatos líticos integram o acervo do SIMM
Paulo do Canto explica ainda que os vestígios arqueológicos encontrados no Parque Cemitério da Soledade foram coletados e encaminhados ao MEP, para higienização e análise. O Museu do Estado é o local de guarda desses acervos. Já as pesquisas arqueológicas no Museu da Consciência Negra estão em andamento.
“Estão ocorrendo o mapeamento e a escavação, além de estarmos iniciando as atividades de educação patrimonial, a partir do envolvimento dos trabalhadores da obra no processo de pesquisa e a organização de visitas guiadas para a comunidade. Essa troca de experiência entre pesquisadores e comunidade é importante para o processo de proteção do patrimônio arqueológico. Dessa maneira, o plano de gestão permite olhares variados, compreensão de processos históricos diversos e integração dos atores sociais atuais na dinâmica da pesquisa arqueológica”, informa o pesquisador.