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Edital selecionará professores para projeto de educação warao

Por Redação - Agência PA (SECOM)
12/06/2018 00h00

Indígenas venezuelanos estiveram reunidos nesta terça-feira (12), com representantes da Universidade do Estado do Pará (Uepa); das Secretarias de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster); e de Educação do Pará (Seduc). Na ocasião, foi anunciado o edital que selecionará 10 professores para o projeto voltado para a educação indígena warao, e que terá 50% das vagas reservadas para os próprios imigrantes. Nesta terça, os gestores públicos se reuniram com o procurador da República, Felipe Palha, em Belém, para dar prosseguimento às tratativas do projeto.

“Seguir em frente” esse é o significado do termo Kwarika Nakuri que deu nome ao projeto de educação elaborado por um grupo de trabalho formado por órgãos estaduais, municipais e não governamentais coordenados pelo Núcleo de Formação Indígena (Nufi) da Uepa com a participação efetiva dos próprios indígenas. “Buscamos considerar as leis nacionais e internacionais que garantem os direitos indígenas, como a Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho”, explicou a coordenadora do Nufi Joelma Alencar.

A proposta renova as esperanças de quem saiu do país natal em busca de melhores condições de vida. “Particularmente, sou muito grato por esse momento e por todas as pessoas que tem dedicado tempo para nos apoiar. O projeto é muito importante para nós, porque temos crianças, jovens e adultos que querem seguir estudando. Dói esse contexto que estamos vivendo, com as mulheres nas ruas. Com o projeto poderemos nos profissionalizar e ter outra via de sustento”, declarou o imigrante Freddy Cardona.

Integrante do primeiro grupo que chegou a Belém em setembro de 2017, José Cedeño mora em um espaço no bairro do Comércio, com outros indígenas. “Antes de Belém, passamos por Manaus e lá nos sentimos um pouco frustrados porque o projeto de educação não foi desenvolvido. Estou mais confiante de que essa proposta pode mesmo nos ajudar”, ansiou.

O amigo de José, Jesús Paredes, conta que logo na chegada ao país deparou-se com a necessidade de se comunicar em português, que junto ao espanhol e a língua materna warao, será aperfeiçoado no projeto. Durante a reunião, Paredes atuou como intérprete e falou da importância dos três idiomas para a sua autonomia. “Como tenho um conhecimento sobre a minha própria cultura e língua, isso ajuda a fazer um intercâmbio”, analisou. Pela desenvoltura, ele e mais cinco warao foram escolhidos pela comunidade a atuar como professores de aspectos culturais.

Por já ter estudado antes, Omar Sifontes está entre os eleitos. “Estou muito feliz e grato, pois nunca pensei que poderia ser escolhido pela minha própria comunidade”, afirmou. “Eles poderão passar a mitologia, tradição e valores, sobretudo, para as crianças, se não daqui a pouco elas perdem a referência de suas raízes”, explicou o venezuelano José G. Albarrán Lopez, que também trabalhou como intérprete junto à Seaster.

O edital da Seduc também selecionará outros professores licenciados em Língua Portuguesa com habilitação em espanhol. “Para além do bilinguismo, tivemos experiência com indígenas brasileiros. Agora o português será a língua estrangeira então há um diferencial muito grande e um desafio maior ainda”, explicou a coordenadora de Educação de Jovens e Adultos da Seduc, Núlcia Azevedo.

As aulas devem começar ainda esse mês e ocorrerão no Bosque Rodrigues Alves e na Escola Estadual Dom Pedro II, que fica no bairro da Pedreira. O curso será dividido em ciclos de formação, considerando a faixa etária dos indígenas, e de conhecimento, em que serão ministradas disciplinas em torno de Política Linguística; Sustentabilidade Econômico-Financeira; Migração e Direitos Humanos; e Cultura e Meio-Ambiente.