Universidade do Estado do Pará é premiada por ações do Núcleo de Apoio a Imigrantes
Federação Nacional de Estudantes de Relações Internacionais reconhece projetos de extensão, estudos, pesquisas e ações humanitárias
Equipe do Núcleo de Apoio a Imigrantes e Refugiados (Naire), da Universidade do Estado do Pará (Uepa)O Núcleo de Apoio a Imigrantes e Refugiados (Naire), da Universidade do Estado do Pará (Uepa), que oferta serviços gratuitos de assistência médica, assessoramento jurídico e promove atividades de acolhimento e integração cultural a imigrantes, refugiados e solicitantes de refúgio, recebeu o Prêmio Aracy de Carvalho, concedido pela Federação Nacional de Estudantes de Relações Internacionais. A premiação reconhece projetos de extensão, grupos de estudos, de pesquisa e ações humanitárias que garantam o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
A estudante Luciana Pena, do oitavo semestre do curso de Relações Internacionais da Uepa, coordena as reuniões de alinhamento e planejamento das atividades do Naire. Ela explicou que o Núcleo iniciou, em 2019, a partir da percepção de que Belém estava recebendo um grande fluxo de refugiados e migrantes venezuelanos, em especial indígenas da etnia Warao.
“Nosso interesse pelo projeto (do Núcleo de Apoio a Imigrantes e Refugiados (Naire)) foi se desenvolvendo com o intuito de ajudar essas pessoas a terem uma melhor recepção na cidade, além de ajudar os alunos no aperfeiçoamento da área, no caso para quem quer trabalhar com migração”, afirma a estudante, da Uepa, Luciana Pena.
Após o início do projeto, o grupo estabeleceu parcerias com instituições, como a Comissão de Relações Internacionais da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Pará. “A partir da realização de treinamentos para utilização das plataformas brasileiras de acesso à entrada e protocolo de refúgio, nós começamos a atender migrantes que procuravam a nossa ajuda. Até hoje, já atendemos mais de 130 migrantes. Tem uma demanda muito grande e o nosso trabalho consiste em várias frentes”, relata Luciana.
O assessoramento jurídico para a regularização migratória é um dos serviços prestados. O Naire, coordenado pela professora Aline Ferreira, auxilia os migrantes a obterem a documentação para a entrada no país com o status de refugiado e acompanha-os junto aos trâmites necessários na Polícia Federal. “Muitos deles chegam aqui numa situação de extrema vulnerabilidade, não têm acesso a celular e computador, especialmente os migrantes indígenas da Venezuela. Então, a gente fornece esse apoio, com a tecnologia, para dar o primeiro passo para que eles consigam o status de refugiado, ou pelo menos de solicitante de refúgio”, explica a estudante.
Além do atendimento ao público, o Naire também possui um grupo de estudos, que promove encontros a cada duas semanas e conta com 30 integrantes. Nas reuniões, são debatidas temáticas relacionadas à migração, com referências econômicas e políticas, buscando a compreensão da realidade que leva populações a se refugiarem em outros países.
Premiação - A atuação multidisciplinar de alunos e professores do Naire foi reconhecida com o 1º lugar na categoria Projeto do Prêmio Aracy de Carvalho, concedido durante o Encontro Nacional de Estudantes de Relações Internacionais (Eneri), realizado em setembro, no Rio de Janeiro. O Eneri é o maior evento de estudantes de Relações Internacionais do Brasil e também o maior da América Latina em número de participantes. A premiação possui o objetivo de reconhecer os (as) estudantes de Relações Internacionais que buscam transformar o mundo por meio de projetos sociais e pelo desenvolvimento de ações no âmbito da Responsabilidade Social.
Além de vencer como melhor projeto, os alunos do Naire conquistaram as categorias de Melhor Artigo e Sustentação Oral, e o terceiro lugar em Melhor Banner. Segundo Luciana Pena, a premiação mostra que os integrantes do Naire fazem a diferença para a comunidade acadêmica e para as pessoas atendidas pelo Núcleo: “Nós nos esforçamos muito para desenvolver o projeto. Ter esse reconhecimento foi muito gratificante, porque assim a gente pode mostrar que o nosso trabalho tem potencial. Em todos os atendimentos, percebemos que as pessoas ficam agradecidas pelo serviço prestado e se sentem acolhidas”.
Conforme a estudante do quarto semestre do curso de Relações Internacionais e voluntária do Naire, Samilly Trindade, ter vencido a premiação “representa uma vitória para a Uepa e para a região Norte”. “Ficamos muito felizes com o prêmio, isso só mostra o quanto os alunos são dedicados e se esforçam para levar o nome do nosso curso para o Brasil. O Naire é muito importante para as Relações Internacionais e para a Uepa”, destaca.