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21º FESTIVAL DE ÓPERA

Público de Belém se emociona durante o ensaio geral da ópera barroca "Armide"

Obra foi apresentada pela primeira vez no Brasil, depois de mais de 300 anos de sua estreia na França. Temporada segue no Theatro da Paz, nos dias 02 e 04 de dezembro, às 20h.

Por Iego Rocha (SECULT)
29/11/2022 12h09

Montagem que remonta ao barroco francês trouxe desafios à equipe paraense, que surpreende com a montagem de ’Armide’Quem passou pelo Theatro da Paz, centro de Belém do Pará, na noite da última segunda-feira (28), pôde apreciar e se emocionar com a prévia da aclamada ópera “Armide”, que encerra a 21ª temporada do Festival de Ópera do Theatro da Paz. Na ocasião, foi realizado o ensaio geral do espetáculo operístico apresentado pela primeira vez no Brasil, depois de mais de 300 anos de sua estreia na França. Após a estreia, que ocorrerá nesta quarta-feira (30), a montagem cumpre temporada no Theatro da Paz, nos dias 02 e 04 de dezembro, sempre às 20h.

A montagem paraense de ‘Armide’, do compositor Jean-Baptiste Lully (1632-1687), tem direção musical e regência do maestro e cravista carioca João Rival, que vai comandar uma orquestra de vinte e dois músicos, sendo nove da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP). O maestro já teve a oportunidade de reger trechos dessa ópera muitas vezes, porém, será a primeira vez que regerá toda a obra, com elenco e músicos brasileiros.

“Estou muito feliz com esta oportunidade maravilhosa de apresentar a primeira versão de ‘Armide’ no Brasil (após mais de 300 anos de sua estreia na França) em Belém e no Theatro da Paz. Será um marco na história da música brasileira, feito com muita dedicação, apoio genial do Governo do Estado do Pará, muita competência dos músicos, um momento especial, único, de alta qualidade artística, para o deleite de todos”, explicou o maestro.

Para Nandressa Nunes, diretora de produção do Festival de Ópera, esse é um momento importante e de celebração. “Estamos chegando ao fim da temporada 2022 e o nosso saldo é muito positivo, principalmente por conseguirmos concluir mais uma etapa da formação dos nossos cantores líricos e trazê-los para o palco do TP com uma ópera barroca que será realizada pela primeira vez no Brasil e cujos desafios são inúmeros para toda a equipe. A missão foi dada e estamos cumprindo com louvor”, afirmou a diretora.

Sobre a produção musical e os detalhes, Daniel Araujo, diretor do Theatro da Paz e diretor geral do Festival de Ópera, explica que apesar de muito trabalho, a produção está tendo muito carinho com a montagem. “Nosso esforço maior foi aproximar a sonoridade dos nossos instrumentos aos instrumentos como eram tocados no período barroco, com a sonoridade que eles tinham na época. As cordas dos instrumentos foram trocadas por cordas como aquelas usadas no período barroco, a afinação da orquestra está diferente, próxima da afinação que era usada à época e estamos preservando toda a questão estilística, como se canta a música barroca, como se canta o barroco francês. Então, o público que comparecer ao Theatro da Paz não vai se arrepender e vai ter uma ótima experiência ao apreciar a música barroca da melhor qualidade”, finalizou.

O diretor de teatro e figurinista Marcelo Marques assina a direção de cena, figurino e cenografia da versão paraense de ‘Armide’ e com sua equipe vem mantendo suas criações em sigilo, gerando muita expectativa.

“Essa ópera fala de amor e o amor é sempre positivo, a experiência mais transformadora da vida, a mais fundamental, porém, a história já provou que pode ser terrível também. ‘Armide’ não é diferente disso. Foi escrita no século XVII e o nosso trabalho aqui é fazer ‘Armide’ respeitando seu tempo, mas olhando para os dias de hoje, nos debruçando sobre o mundo em que vivemos. Então, a visão que se tinha da mulher no século XVII era muito diferente do que temos hoje, e ainda mais do que se pretende para a mulher em curto e médio prazo”, explicou o diretor.

Para Bruno Chagas, secretário de Estado de Cultura do Pará, em 144 anos, o Theatro da Paz vem ajudando a escrever diversas páginas da rica arte amazônida, reunindo artistas de diversas áreas, cujos ofícios se complementam, resultando no árduo trabalho de profissionais do canto lírico, dança, orquestra, cenografia, visagismo, figurino e cenotécnica.

“A ópera ‘Armide’ finaliza uma temporada muito importante para o Theatro da Paz, que em 2022 viu surgir sua Academia de Ópera, que contribuiu para a formação de diversos profissionais; a continuidade do projeto Sons de Liberdade, que visa a reinserção de egressos do Sistema Prisional no mercado de trabalho da economia criativa; e uma parceria com a Embaixada da Áustria no Brasil, que acenou com o patrocínio de parte do orçamento do Projeto. Todas essas conquistas ressoam a esperança em um novo ano ainda mais promissor para a economia criativa do Estado, para a cadeia produtiva da ópera e para os amantes da arte em todas as suas dimensões”, finalizou o secretário.

Ópera Armide - A história da feiticeira Armide é uma adaptação de um poema épico de Tasso. Ela captura suas vítimas masculinas usando as artimanhas de seu sexo, fazendo com que se apaixonem por ela sem retribuir o amor. No entanto, quando a própria feiticeira se apaixona, tudo muda. Ela está dominada pelo amor que a consome à ruína. O herói, Renaud, é subjugado pelo charme erótico e corruptor dela.

Ambientada na Primeira Cruzada, é a história da paixão da feiticeira Armide por seu ferrenho inimigo Renaud. Incomum na época, a ópera concentra-se quase toda no personagem-título e em suas emoções conflituosas. Lully também é cativado pelo charme de sua feiticeira apaixonada. É o personagem que menos se espera inspirar nossa empatia que acaba conquistando pela beleza, emoção e poder expressivo de sua música.

"Armide" foi um sucesso imediato e tornou-se um clássico do repertório francês. Foi a ópera de Lully montada com mais frequência em Paris no séc. XVIII.

Texto: Úrsula Pereira/Ascom Theatro da Paz