Governo vai investir mais de R$ 2 bilhões em logística de transporte no Pará
O Governo do Pará vai investir mais de R$ 2 bilhões em logística de transporte em todo o Pará, dos quais mais de um bilhão se destinam a projetos de mobilidade urbana na Região Metropolitana de Belém (RMB). Durante o VII Congresso & Feira Internacional de Transporte e Logística Sustentável da Amazônia, o secretário de Transportes, Kleber Menezes, coordenou as apresentações das ações do governo paraense no setor.
A Companhia de Hidrovias do Pará tem obras envolvendo quatro sub-regiões: Belém, Marabá, Santarém e Xingu, com a construção de portos, terminais hidroviários e estradas. O governo também lançou o aplicativo Caminhos do Pará, que vai monitorar estradas, engarrafamentos, pavimentações, tudo envolvendo a infraestrutura de transporte no estado, permitindo assim aos usuários se programarem em relação a horários, distâncias, contratempos, facilitando a circulação de pessoas e cargas.
O governo paraense detalhou, ainda, os projetos para garantir mobilidade urbana na Região Metropolitana de Belém, num investimento total de R$ 1,1 bilhão. Entre as principais obras, a maioria em fase e conclusão, estão: prolongamento da Avenida Independência; duplicação da Avenida Perimetral; duplicação da Yamada/Tapanã (em andamento, conclusão em dezembro de 2019); BRT Metropolitano, trecho até a Alça Viária, em Marituba (as propostas estão em análise de preços); e prolongamento da Avenida João Paulo II (obras em fase de conclusão).
A hidrovia Araguaia-Tocantins ligará o porto de Vila do Conde, em Barcarena, aos Estados do Mato Grosso, Goiás e Tocantins, num modal de transporte quase 200 vezes mais barato que o rodoviário. Acontece que, para tornar o rio Tocantins navegável o ano inteiro é preciso pulverizar o Pedral do Lourenço, obra de R$ 400 milhões (o outro impedimento, as eclusas de Tucuruí, foram inauguradas em 2010, investimento de R$ 1,6 bilhão).
Sem o derrocamento do Pedral, as eclusas se tornaram uma espécie de elefante branco, sem eficiência. Estava tudo preparado para licitar neste primeiro semestre, mas o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) decidiu rever a licença ambiental, abrangendo não só o Pedral, mas outros possíveis impactos ambientais ao longo de todo o trajeto. Por causa disso, estima-se um atraso de até dois anos no início das obras.
Turismo
No mesmo evento, Joy Colares, da Secretaria de Estado de Turismo, detalhou as "belezas do Pará" e as ações do governo do Estado para potencializá-las. "Nosso turismo ainda é, basicamente, de negócios e eventos. Daí a construção do Centro de Convenções Carajás, já inaugurado, e o centro de Santarém, em fase de licitação", informou.
Ele disse também que a Ilha do Marajó é o principal destino turístico do Pará, com rotas regulares para Salvaterra e Soure, e anunciou uma nova rota: para Ponta de Pedras, por "lancha rápida". "Cinquenta e nove por cento dos destinos turísticos da Amazônia ficam no Pará, daí o nosso investimento em logística, hotelaria, gastronomia e outros, que já se refletem na rota de queijo do Marajó e também da antiga estrada de ferro de Bragança".
Falta de investimento federal é o principal entrave
O Pará tem tudo para se tornar o principal Estado brasileiro em logística de transporte, mas para isto o governo federal precisa interromper quatro décadas de omissão e agir, de forma direta, para desenvolver o estratégico potencial local no setor. Esta é a opinião de alguns especialistas reunidos no VII Congresso & Feira Internacional de Transporte e Logística Sustentável da Amazônia, que começou na quarta-feira, 20, e segue até esta quinta-feira, 21, no Hangar – Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém.
Quatro décadas atrás, o governo federal em vez de investir na dragagem do canal de acesso ao Porto de Barcarena para exportar o minério extraído pela Vale no Pará, optou pelo porto de Itaqui, no Maranhão. Hoje, novamente, o governo federal pode tomar uma decisão que prejudicará o Pará, sobre onde aplicar os bilhões que a Vale vai pagar com a renovação antecipada da concessão da ferrovia de Carajás.
De acordo com Adnan Demachki, a lei prevê que esses recursos sejam aplicados em investimentos em infraestrutura. No caso dos recursos que a Vale vai pagar pela renovação da estrada de ferro Vitória Minas, o Governo Federal já anunciou que os recursos ficarão naquela região mesmo, ou seja, serão aplicados na construção de uma ferrovia ligando o Porto de Tubarão até Presidente Keneddy, no Espírito Santo.
''Pois bem, seria mais do que justo e sensato que os recursos da renovação da ferrovia de Carajás também ficassem na região, já que os impactos que os seis projetos da Vale causam estão no Pará. Esses recursos poderiam ser aplicados na construção do primeiro trecho da Ferrovia Paraense, ou na dragagem do canal do Quiriri no Porto de Barcarena. Mas infelizmente o que já se anuncia é que os recursos irão para o Nordeste brasileiro para concluir a ferrovia transnordestina'', finaliza Adnan, que correu todos os gabinetes de Brasília sustentando essa proposta.
Ele, inclusive, solicitou apoio de todos os parlamentares do Pará e em razão disso o deputado Joaquim Passarinho convocou uma sessão especial na Câmara Federal, em Brasília, e o senador Flexa Ribeiro outra no Senado, para discutir com os membros do Governo Federal a destinação desses bilhões. Adnan comentou ainda que somente estavam presentes nas audiências os dois parlamentares paraenses citados. "Demandas estruturantes para o Estado devem ser abraçadas por todos'', ponderou o ex-secretário estadual de Desenvolvimento Econômico do Pará.