Pará participa em SP de diálogo sobre políticas públicas integradas para a Amazônia
O evento realizado pelo jornal O Estadão de S. Paulo e pela Rede de Ação Política pela Sustentabilidade teve o lançamento de um documento com propostas para essa agenda integrada
O documento “100 primeiros dias de governo: propostas para uma agenda integrada das Amazônias” foi lançado em São Paulo (SP) nesta quarta-feira (26), evento realizado pelo jornal O Estadão de S. Paulo (Estadão) e pela Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps). O documento, desenvolvido pela iniciativa “Uma Concertação da Amazônia”, apresenta políticas públicas e agendas para superar desafios da região e de seus povos. O material compõe ainda propostas que abrangem diversas áreas, em uma agenda a longo prazo para desenvolvimento da região.Secretário Mauro O'de Almeida em sua intervenção no diálogo promovido em São Paulo
O secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, Mauro O'de Almeida, participou do lançamento ao lado de Eugenio Scannavino, criador e coordenador do Projeto Saúde e Alegria; Renata Piazzon, diretora do Instituto Arapyaú e secretária executiva da iniciativa Uma Concertação pela Amazônia; Isabela Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente, e do senador eleito pelo Maranhão Flávio Dino.
O seminário abriu diálogo entre setor privado, sociedade civil, governos federal e estadual, e Poder Legislativo sobre soluções para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, com ênfase nas agendas social, econômica e ambiental.
Especialistas discutiram temas como democracia, criminalidade e desenvolvimento da Amazônia. O objetivo foi instigar a elaboração de políticas públicas e ações legislativas para superar os desafios da Amazônia e dos amazônidas, a serem implementadas pelos governos federal e estaduais. Foram realizados os painéis "Amazônia, democracia e criminalidade" e "Amazônia e desenvolvimento".
Conquista - Mauro O'de Almeida participou do painel "Amazônia e desenvolvimento", com mediação da jornalista Adriana Ferraz, e abordou a agenda ambiental sob o ponto de vista das pessoas da região. Segundo o secretário, a ênfase de trabalho nos 100 primeiros dias de governo deverá ser voltada ao desenvolvimento de garantias econômicas aos municípios que têm economia baseada em atividades que contribuem para a degradação ambiental.
"Fiquei muito feliz com este documento, porque ele vai ao encontro do que já se faz no Pará. Precisamos ver como a gente conquista a população desse Brasil profundo, do Pará profundo. Na minha opinião, se conquista respondendo à pergunta: 'O que é que eu vou ganhar com isso?'. Se a gente chega só com a mão forte do Estado em municípios que têm economia baseada na degradação, na ilegalidade, estes municípios vão regurgitar em violência, em baixa educação”, afirmou o titular da Semas (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade).
Mauro O’de Almeida destacou alternativas para mudar o futuro, e o que o governo do Estado já vem fazendo para mudar essa realidade. “Precisamos garantir alternativas financeiras para municípios que ficam com a economia paralisada. Para isso, a gente precisa consolidar as Unidades de Conservação neste momento em que a gente está falando de mercado de carbono, de restauração de áreas degradadas. Para que aqueles que queiram investir possam, no futuro, ter um crédito de carbono, uma monetização, para que determinadas áreas possam ser restauradas. Precisamos que as empresas possam se unir a nós e criar escritórios de projetos. A gente precisa que isso que vocês fazem muito bem possa ter permanente apoio dos estados e dos municípios. Esta iniciativa nos motiva, porque precisamos de união de iniciativas. No Pará estamos fazendo algo interessante, diferente. Estamos definindo nosso processo de Redd +, e vamos apresentar nossa estratégia de restauração e o Plano de Bioeconomia na COP 27. Estamos nos preparando para este futuro que já chegou; este futuro de mudanças climáticas”, afirmou.
Desenvolvimento humano - "Precisamos de políticas públicas que evitem retrocesso no futuro. O País tem que se pautar por soluções. O País precisa buscar um futuro melhor, mais associado às suas raízes. Por isso, os 100 dias serão determinantes. Quando a gente fala de desenvolvimento, também devemos falar do desenvolvimento humano; precisamos destacar questões da saúde. O processo de ruptura da relação com a natureza é um processo de surgimento de novas doenças", afirmou Izabella Teixeira.
A líder indígena Wanda Witoto, técnica em Enfermagem, abordou a necessidade de garantir a adesão às causas ambientais de quem atualmente apoia a degradação. "São mais de 500 anos de nenhuma escuta. A ‘Concertação da Amazônia’ parte de uma 'consertação' de nós, humanos. Consertar a Amazônia é consertar a nós, também. Com esta crise humanitária, a gente não consegue reconhecer a realidade do outro. O mundo ainda olha pra nós por satélites e não consegue enxergar nossas vidas. As estratégias propostas aqui não podem ficar só neste nível. Este caminho cheio de esperança tem que frutificar nos corações que estão em devastação", enfatizou Wanda Witoto.