Indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais participam da construção do Plano Estadual de Bioeconomia
Grupo de trabalho conta com a participação, ainda, da CBC e TNC para realizar levantamentos prévios e dialogar com lideranças de diferentes setores buscando alternativas no segmento
Em mais uma roda de debates acerca da elaboração do Plano Estadual de Bioeconomia, representantes de Povos Indígenas, Quilombolas e Comunidades Tradicionais (PIQCTs) asseguraram espaço e voz, na última quarta-feira (25) na criação do Planbio, articulado pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas). O evento teve início na última segunda-feira (23) e se estende até a próxima sexta-feira (27).
O novo grupo de trabalho encarregado de intermediar a criação do Planbio, além da equipe da Semas, conta com a parceria da The Nature Conservancy (TNC) e da organização Centro Brasil no Clima (CBC), por meio de seus consultores responsáveis em realizar levantamentos prévios e dialogar com lideranças de diferentes setores buscando alternativas a serem incrementadas no plano. Pela CBC, participam das oficinas o consultor sênior, Sérgio Besserman; a consultora Carmynie Barros Xavier e o gerente de Estudos, Guilherme Lima.
Com a presença da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa) e representantes de associações, quilombolas e produtores individuais, a reunião contou com a participação ativa dos envolvidos que comemoraram este novo marco.
"Entendemos que é um processo de construção do plano por meio dessas oficinas, em que ajustes ainda existirão para inserir nossas propostas nesse planejamento. Não é sempre que temos essa oportunidade de participar de um evento como esse. Deixando claro que estamos representando um povo inteiro, de todo um território, para levarmos essa oitiva para cada local, para que as peculiaridades de cada local sejam atendidas", explica Gilson Curuaia, presidente da Associação Indígena Kirinapãn.
Prioridades
Dentre as principais reivindicações dos representantes estão a questão de demarcação territorial, créditos para os produtores, proteção territorial e outros.
"Nós, indígenas, estamos alinhados com os quilombolas e todos os presentes nesta reunião. Precisamos de maior incentivo com relação ao crédito disponibilizado, de mais debates sobre a demarcação e proteção territorial e principalmente, queremos ser parte integrante de tudo que vai ser montado no Plano Estadual. Nós vivemos tudo isso, somos conhecedores da realidade e queremos também ser responsáveis pela elaboração das diretrizes", colocou o coordenador da Fepipa, Ronaldo Amanayé.
"Considerando tudo que nos foi apresentado, somando com as nossas propostas, vai haver melhorar em diversos pontos, desde a logística, qualificação do produtor, do fortalecimento das nossas associações e organizações, com fomento do empreendedorismo, de como comercializar, e que o próprio Estado siga nos ajudando a mostrar que nosso produto é qualificado, sem agrotóxico, vai aumentar muito nossas vendas e melhorar a vida daqueles povos", finalizou Amanayé.
Nas mais de seis horas de reunião, representantes do Governo do Estado, por meio da Semas, tomaram o papel de ouvinte para entender e avaliar todas as questões colocadas como primordiais pelos povos tradicionais para elaboração do Plano Estadual de Bioeconomia.
"Especificamente para os Povos e Comunidades Tradicionais foram feitos dois dias de reuniões preparatórias para a oficina de hoje, o que os deixou maduros para proporem ações específicas sobre a bioeconomia. Pautas como infraestrutura nos diferentes territórios, entendimento do conhecimento ancestral e do seu valor agregado e todas as atividades específicas desenvolvidas, tiveram toda nossa atenção neste dia", frisou a coordenadora de Bioeconomia e Mudanças Climáticas da Semas, Camila Miranda.
"Foi um dia muito rico de escuta qualitativa e uma cocriação de política bioeconômica. É uma posição inovadora do Estado em realizar processos coletivos, mas com proposições de ações concretas a curto e médio prazo ouvindo a individualidade de cada setor envolvido", conclui Camila.
Programação
Após reuniões na segunda-feira com representantes do Governo, na terça com ONGS e nesta quarta-feira com os representantes de Povos Indígenas, Quilombolas e Comunidades Tradicionais (PIQCTs), nesta quinta-feira é a vez do setor privado; e, na sexta-feira (27), participantes do meio acadêmico levarão propostas à construção do Plano.