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IDEFLOR-Bio promove recuperação de áreas alteradas por meio de Sistema Agroflorestais

Instituições parceiras promovem a capacitação dos agricultores para a produção de mudas frutíferas e florestais, destinadas à recomposição de áreas que sofreram degradação

Por Aldirene Gama (SEDEME)
06/05/2022 11h15

A recuperação de áreas alteradas por meio de Sistema Agroflorestais (SAF´s) em propriedades de agricultores familiares está entre as atividades fins do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (IDEFLOR-Bio), uma das instituições que integram o Programa Territórios Sustentáveis (TS), com ações integradas que buscam fortalecer a cadeia produtiva da agricultura familiar na Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu (ATX), no município de São Félix do Xingu, no sudeste do Pará.

Mais de 200 propriedades da Triunfo do Xingu estão cadastradas no Programa, entre elas o Sítio Rancho Fundo, do agricultor familiar Joaquim Barbosa, localizado na colônia do Xadazinho, atendida pelo IDEFLOR-Bio em parceria com instituições do governo estadual que integram o Territórios Sustentáveis, aliados a instituições públicas e de pesquisa e organizações não-governamentais (ONGs) que atuam na região.

A propriedade de 25 hectares é assistida pelos técnicos do IDEFLOR-Bio e instituições parceiras, como a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) e Secretaria de Agricultura de São Félix do Xingu (Semagri). A família foi contemplada com a instalação de um viveiro individual, resultado do Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia (PSAM), intermediado pelo IDEFLOR-Bio. De forma integrada, as instituições parceiras promovem a capacitação dos agricultores para a produção de mudas frutíferas e florestais, destinadas à recomposição de áreas alteradas, além do fomento de insumos utilizados na cadeia produtiva do cacau, espécie frutífera de maior interesse econômico no SAF´S.

Agricultor Joaquim Carlos Barbosa e esposa Generiz Pereira LopesSegundo o agricultor Joaquim Barbosa, com a instalação do viveiro, doação de insumos e a capacitação recebida por meio dos  técnicos do Instituto, aumentou a área de plantio e novas espécies foram inseridas, gerando lucro. Na propriedade, o agricultor cultiva roça de mandioca, milho, feijão, além do plantio de espécies frutíferas, como o cacau, acerola, muruci, cupuaçu, maracujá e outras, que são beneficiadas e vendidas como polpa de fruta para produção de sucos, garantindo renda extra para o sustento da família.

Dentre as mudas que já foram produzidas no espaço estão a acerola, golosa, pupunha, cupuaçu, açaí e cacau, além das espécies florestais para composição do SAF´S como a sapucaia, jatobá, ipê e seringa.

“O plantio por meio do Sistema Agroflorestal é uma alternativa que está dando certo aqui na APA Triunfo do Xingu, na recuperação de áreas alteradas. O agricultor precisa ficar atento para a preservação do meio ambiente, afinal é de onde ele tira o sustento da família. Graças a ação do Programa Territórios Sustentáveis (TS), do Governo do Estado, hoje eu estou com minha propriedade regularizada”, disse o agricultor.

Etapas

A regularização dos imóveis rurais no Pará começa a partir da análise do Cadastro Ambiental Rural (CAR), seguida da elaboração de Projetos de Recuperação de Áreas Degradadas (Prada) e adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), incluindo o licenciamento ambiental.

Segundo o engenheiro agrônomo Jean Gualdez, as espécies cultivadas na propriedade por meio de SAFs visam o estabelecimento de um conjunto de medidas para a recuperação das áreas antropicamente alteradas na região.

A principal estratégia para recompor a vegetação é o plantio de Sistemas Agroflorestais, consorciada com espécies florestais e frutíferas nativas da Amazônia. No caso da região de São Félix do Xingu, é possível encontrar diferentes arranjos produtivos que compõem os Sistemas, mas o cacau é a principal cultura, em função da rentabilidade e do manejo atribuído para manter a produção.

O engenheiro reforça ainda que a capacitação dos agricultores para o manejo adequado das mudas é importante para manter o sistema ao longo da cadeia produtiva, considerando desde a produção de mudas até o beneficiamento das amêndoas. “Além disso a adoção de tecnologias sociais adaptadas à realidade local contribui para redução do custo de produção, valorizando o produto final”, destacou Gualdez.

O gerente da ATX, Dílson Lopes, destaca que cerca de 200 famílias de agricultores familiares aderiram voluntariamente ao Programa Territórios Sustentáveis, na Unidade de Conservação (UC) de uso sustentável, APA Triunfo do Xingu, demonstrando a credibilidade nas ações do Governo nos últimos três anos.  

No Ramal do 'Xadazinho' foi implantado um viveiro comunitário com capacidade para produção de 20 mil mudas anual, entre frutíferas e essências florestais. As mudas produzidas são utilizadas em ações de reflorestamento de áreas antropizadas.

“Se consideramos o cacau como o principal espécie dos arranjos de SAF, somente nessa região traremos uma implemento de mais de 100 mil reais para essa comunidade no final do ciclo produtivo da espécie, mostrando a eficiência econômica e ambiental dos Sistemas Agroflorestais para recuperação dos passivos ambientais para agricultores familiares”, disse o gerente.     

Dilson Lopes reforça ainda a importância da regularização fundiária e ambiental.

"Com a fortalecimento e ampliação do Programa Regulariza Pará e do Territórios Sustentáveis e as novas políticas de serviços ambientais, chegaremos a um cenários bastante promissores para os próximos anos desta região. Após a validação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) teremos identificados de maneira exata o que temos de passivo para aplicação das políticas integradas de governo", entre elas, a ampliação das nossas Agroflorestais”, reforçou o gerente.

O CAR é um registro público eletrônico obrigatório para os imóveis rurais, que reúne informações ambientais das propriedades e posses rurais. O cadastro gera uma base de dados para ações de controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico.

A diretora de Gestão e Monitoramento das Unidades de Conservação (DGMUC), Socorro Almeida, destaca que a UC APA Triunfo do Xingu, que abrange os municípios de São Félix do Xingu e Altamira, foi criada com os objetivos básicos de proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais, visando à melhoria da qualidade de vida da população local.

Segundo a diretora, há que se considerar todo o processo de ocupação da região e da criação da ATX, pois a UC faz uma espécie de barreira de impactos para duas UCs federais, de Proteção Integral, cujos atributos naturais são de alta relevância para o Mosaico Terra do Meio.

“Fazer a gestão dessa Unidade de Conservação é um desafio enorme, pois há inúmeras atividades impactantes ao meio ambiente. Porém, o IDEFLOR-Bio vem, por meio da gestão da UC, de grandes parceiros atuando na região e, principalmente por meio do Programa Amazônia Agora, trazendo alternativas para a recuperação dessas áreas alteradas, bem como para a sensibilização dos produtores e demais moradores da APA, levando a repensar o modelo de produção que vem sendo utilizado e a importância de novos modelos visando o desenvolvimento sustentável, com a manutenção da floresta em pé”, disse Socorro Almeida.