Agência Pará
pa.gov.br
Ferramenta de pesquisa
ÁREA DE GOVERNO
TAGS
REGIÕES
CONTEÚDO
PERÍODO
De
A
MEIO AMBIENTE

Projeto que propõe a descontaminação do solo a partir de plantas entra em sua fase final

Por Carol Menezes (SECOM)
22/04/2022 15h52

Iniciativa apoiada pelo Governo do Pará por meio da Fundação Amazônia de Amparos a Estudos e Pesquisas (Fapespa), o projeto de fitorremediação, desenvolvido pelo grupo de pesquisa Estudos da Biodiversidade em Plantas Superiores (EBPS) da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), e que tem como objetivo descobrir as melhores espécies que podem contribuir para a recuperação de áreas degradadas, entra em sua fase final já neste mês de maio, com a listagem daquelas com potenciais fitorremediadores.

Coordenado pelo professor e pesquisador Cândido Ferreira, que também coordena o EBPS, o projeto, criado há cerca de três anos, busca estudar e desenvolver um banco de dados de plantas nativas da Amazônia com grandes potenciais fitorremediadores, aprimorando a técnica de fitorremediação a partir de recursos locais, além de contar com auxílio de biocarvão ativado como agente purificador de solos e águas contaminadas por metais pesados.

Como funciona - A técnica consiste na utilização de plantas no auxílio de minimização e purificação de solos, águas e até mesmo o ar em situações de contaminação por metais pesados e outros poluentes. Assim, funcionando como um filtro biológico, as plantas, através de suas raízes profundas, absorvem os componentes presentes em terra firme evitando a dispersão para águas. A alternativa é viável, sendo de baixo custo e promove a manutenção da fertilidade do solo em uma área de forma natural e não agressiva.

O uso de biochar (resíduos naturais como: restos de alimentos, folhas, serragem e estrumes que podem ser transformados em biocarvão ativados), como auxiliador da técnica, demonstra-se como método interessante de estimulação para plantas submetidas aos estresses do processo, sendo um mecanismo de resistência ou tolerância para as mesmas, ajudando na purificação e recuperação dessas áreas degradadas.  

"Tivemos que parar por conta da pandemia, mas agora com o apoio da Fapespa, retornamos e já temos alguns resultados a partir de dezembro do ano passado, temos algumas teses, dissertações. Com isso vemos quais espécies tem potencial de ação em áreas degradadas ou contaminadas, e é uma técnica que vem crescendo muito o uso, porque de um modo geral é uma técnica barata, e podemos ter um banco de dados de plantas fitorremediadoras para evitar contaminação não só do solo, mas também dos seres humanos e animais que têm contato com esse solo. Com novos equipamentos que pudemos adquirir, vamos promover novas análises e técnicas laboratoriais que devem refinar mais ainda essa pesquisa", detalha Ferreira.

O projeto - Inicialmente, o grupo efetuou levantamentos fisiológicos, bioquímicos e moleculares das plantas estudadas como: Paricá (Schizolobium amazonicum), Mogno (Swietenia macrophylla), Ucuuba (Virola surinamensis), Cedro (cedrus), Paliteira (Ammi visnaga) e entre outras, no propósito de entregar respostas referentes a suas particularidades e reações em cada tipo e quantidade de diferentes metais, prevendo seus fatores fitorremediadores para indicar a diferentes áreas contaminadas. Essa fase já aplicada avaliou, revisou e monitorou os comportamentos das espécies das plantas em suas finalidades naturais, separando para experimentos específicos. 

A segunda e última fase, que deve começar nesse mês de maio, através de experimentos, deverá selecionar os metais contaminantes mais comuns no Pará e analisar variáveis e novas espécies, concluindo definitivamente seus perspectivos potenciais fitorremediadores. Por fim, propondo entregar dados e novas nomenclaturas em literatura da área, e que auxiliem em medidas de políticas públicas referentes a restaurações florestais e conservação da natureza.

Para Marcel Botelho, presidente da Fapespa, projetos como o da fitorremediação são fundamentais para a qualidade de vida e saúde da população. "Tem que se fazer estudos dessa natureza para que as soluções sejam possíveis por meio da própria flora, nós apoiamos todos os projetos desse tipo, é muito importante tanto para a Fapespa quanto para o governo do Estado investir em produção e inovação a partir da academia, da ciência e da tecnologia de nossa região", destaca.