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SAÚDE PÚBLICA

Profissionais da Santa Casa atuam como educadores junto a crianças

Meninas e meninos com insuficiência renal são acolhidos com orientações importantes sobre o processo teraupêutico

Por Governo do Pará (SECOM)
19/04/2022 12h23

A equipe da Santa Casa que desenvolve métodos lúdicos para orientar crianças sobre a insuficiência renalOs profissionais atuantes em serviços de terapia substitutiva renal pediátrica exercem um papel essencial como educadores em saúde. Eles oferecem os melhores esclarecimentos sobre o tratamento, e consequentemente, uma melhor qualidade de vida para crianças com insuficiência renal, e, claro, para os familiares delas.

Na Fundação Santa Casa, a equipe humanizada está diretamente envolvida no vínculo afetivo com a criança. Os profissionais se predispõem a solucionar problemas demonstrando empatia na assistência prestada e apoiam aos familiares, diante de situações de extremo estresse.

No contexto da hospitalização, os pais são para a criança a sua maior referência, tornando-se mediadores das intervenções terapêuticas ao oferecerem à criança o suporte necessário para enfrentar o processo da hospitalização.

Há quase quatro anos, a dona de casa, Raimunda Reis, acompanha o filho, Wallace. Ele faz parte do programa de terapia renal substitutiva pediátrica da Fundação Santa Casa do Pará. Com o diagnóstico de câncer renal. O menino, que tem 1 ano e 4 meses de idade, enfrentou uma longa batalha pela vida. 

Entre trocas de cateter venoso central e procedimentos cirúrgicos como nefrectomia, correção de fimose e reparação de  hipospádia - condição congênita relativamente rara em que a abertura do pênis encontra-se abaixo da glande -, Wallace passou grande parte da vida entre o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo e a Santa Casa, em Belém.

“Minha benção chegou chegando. Aos poucos, tive que me desprender do medo para me preparar e entender o tratamento do meu filho, pois muitas crianças nesse cenário entram em hemodiálise e precisam de um tratamento conservador, com o uso de medicamentos e dieta rigorosa para retardar a piora da função renal, reduzir os sintomas e prevenir complicações até atingirem a idade e peso ideal para transplantar”, contou Raimunda Reis, emocionada. 

As crianças com doenças renais crônicas, que necessitam de terapias substitutivas dos rins, por vezes, não conseguem realizar todas as atividades comuns à idade. Marcos Juah, de 5 anos, e a mãe, Jarlene Marques, saíram de Dom Eliseu, município no nordeste do Pará, em busca de atendimento, na capital paraense, onde Marcos faz hemodiálise no Serviço de Terapia Renal Substitutiva da Santa Casa.

Marcos Juah tem menos de 20 quilos e já foi submetido a diversos procedimentos cirúrgicos, como o implante de acesso venoso central e correção de má formação testicular. 

“A educação que recebemos sobre o tratamento dos nossos filhos contribui para melhorar a qualidade de vida das pessoas, tanto das crianças quanto, para nós, familiares. É interessante essas dicas mostrando a importância sobre o uso correto da alimentação e a ingestão de líquido, além dos deveres e direito”, disse a mãe de Juah, Jarlene Marques.

A nefrologista, Monick Calandrini, explica, que, apesar de a população pediátrica representar um menor número de pacientes com doença renal crônica em relação à população adulta, o grupo enfrenta um desafio a mais: além das complicações comuns também aos adultos, crianças manifestam prejuízo ao desenvolvimento neurológico e emocional. Esses aspectos repercutem muito na inserção social.

Estatísticas apontam que uma em cada 10 pessoas no planeta tem doença renal crônica (DRC), que pode ser grave, sobretudo quando evolui para estágios avançados, quando são necessários tratamentos como a diálise e o transplante renal.

O papel de educadores em saúde - Fernanda Lobato, terapeuta ocupacional com atuação no Centro Renal Pediátrico, diz que a questão educativa em saúde é algo contínuo, e que precisa ser desenvolvido ao longo do tratamento. Por isso informações relevantes e pertinentes precisam ser disseminadas para que crianças, familiares e equipes de saúde estejam cientes das informações, principalmente, no cotidiano.

“A gente escolhe um método lúdico e educativo para aplicar de uma forma mais dirigida à nossa clientela. A gincana é uma metodologia de saúde que faz com que consigamos disseminar informações de modo grupal, porque a gente trabalha as equipes, e de um modo mais acessível para todos, com atividades lúdicas e psicopedagógicas que fazem com que eles assimilem melhor essas informações e consigam ver na prática como isso se dá em sua rotina.

"As crianças brincando aprendem, os familiares no tempo que passam aqui, além de acompanharem seus filhos também estão sendo munidos dessas informações que vão dar uma assertividade melhor na rotina de tratamento”, diz a terapeuta Fernanda Lobato.

Cuidados – A Doença Renal Crônica (DRC) se caracteriza pela lesão irreversível nos rins, mantida por três meses ou mais, afetando uma em cada 10 pessoas no mundo e com taxas crescentes de acometimento na população. Quando diagnosticada de forma precoce, sua progressão pode ser controlada ou retardada, na maior parte dos casos.

A médica, Monick Calandrini, considera que se o mundo falhar no objetivo da prevenção da saúde básica e na informação, no ano de 2040, a doença renal crônica será a quinta causa de morte no mundo. 

“Nós já sabemos os principais fatores de risco e é em cima desses fatores que a prevenção deve ser realizada: ter uma vida saudável, praticar exercícios físicos evitando a obesidade, dieta controlada com pouca quantidade de sal. Hidratação, beber bastante água. Sabemos que temos fatores de risco como a hipertensão, o diabetes, que são doenças que são as principais causas de desenvolvimento renal no adulto. Na criança, são as más formações no trato urinário e as glomerulopatias (doenças variadas que causam inflamação dos glomérulos - a rede de pequenos vasos sanguíneos onde é realizada a filtração do sangue)”, explica a nefrologista, que também reforça outros fatores relacionados à prevenção da doença renal crônica na infância.

“Na atenção básica de saúde, a criança deve ser acompanhada pelo pediatra pelo menos uma vez no mês, no primeiro ano de vida. Depois ela precisa fazer um check-up anual com um pediatra e ali vão ser avaliadas por exames simples que vão detectar qualquer alteração na função renal”, conclui.

Outras recomendações são manter uma alimentação saudável, controlar a pressão arterial e o peso, não fumar, não tomar remédio sem orientação médica, consultar um médico regularmente e fazer exame de creatinina no sangue.

*Texto de Rafaela Soeiro (Ascom FSCMP)