Histórias e homenagens marcam as comemorações pelos 132 anos da Imprensa Oficial
Em 2022, a autarquia completa um ciclo iniciado em 2019, com a implantação do Diário 100% digital, por meio da tecnologia do sistema e-Diário
O diretor industrial Alan Brandão com os diagramadores Nilton Nunes, Raimundo Nonato e Edvaldo SalesCom o centésimo livro lançado no final de março pela Editora Pública Dalcídio Jurandir, a Imprensa Oficial do Estado (DOE) chega aos 132 anos de fundação com a marca do compromisso com a modernização e diversificação dos produtos e serviços ofertados à sociedade. Para lembrar a data, será montada uma tenda no estacionamento da autarquia, na manhã da próxima quarta-feira (20). A programação inclui homenagens aos servidores mais antigos e distribuição de kits com copo e caneca do Programa + Atitude, que incentiva a sustentabilidade.
“Será um momento voltado a todos os colaboradores, espaço também para lembrar a importância do funcionamento desta autarquia para o Estado, que desde sua fundação vem cumprindo a missão de publicizar o Diário Oficial, adotando hoje, uma gestão que moderniza e amplia seus serviços à sociedade”, comentou o presidente da Imprensa Oficial do Estado, Aroldo Carneiro.
O presidente reforça que neste ano de 2022, a autarquia estadual completará um ciclo iniciado em 2019, na gestão do governador Helder Barbalho, com a implantação do Diário 100% digital, por meio da tecnologia do sistema e-Diário, que é referência nacional nas imprensas oficiais, já sendo objeto de comercialização em municípios e estados, para publicação de diários oficiais digitais.
Aroldo Carneiro é presidente da IoepaO diretor Administrativo e Financeiro da Ioepa, Moisés Alves, lembrou que após a implantação do Diário Oficial on-line a Imprensa Oficial oficializou e reordenou um serviço que era feito há muito tempo, mas sem critérios definidos – a impressão de livros -, trabalhando na construção de uma política pública literária, com a criação da Editora Pública Dalcídio Jurandir, o lançamento de um edital público para publicação de obras de escritores de todas as regiões do Estado e impressão de livros em quatro linhas editoriais.
“Isso foi um grande avanço para o movimento literário no Pará, e o resultado desse trabalho está nos inúmeros exemplares impressos com selo da editora, nos livros comerciais, de autor e edição fora de catálogo, parcerias interinstitucionais e de produções científicas, que são lançados nas feiras literárias do Estado”, ressaltou.
História - Fundada em 14 de abril de 1890, pelo Decreto nº 137, assinado pelo governador Justo Leite Chermont, o órgão da estrutura administrativa do Estado tinha como uma das missões editar o Diário Oficial do Estado (DOE), impresso pela primeira vez em 11 de junho de 1891, na Praça da Independência, atual D. Pedro II, onde hoje funciona o Palácio Cabanagem, sede da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa).
A capa do primeiro “Diario Official” trazia, entre outras matérias, a Portaria nº 1, assinada pelo governador do Estado e capitão de mar-e-guerra, Duarte Huet de Bacelar Pinto Guedes, com o regulamento da própria Imprensa Oficial do Estado, trazendo a composição da diretoria, nomeando como administrador do órgão Hygino Amanajás, ex-deputado provincial, e como escriturário o oficial do Corpo da Polícia, Sérgio Dias Vieira Fontoura.
Homenagens - Um dos homenageados da programação pelos 132 anos da Ioepa, o servidor Ubirajara Antônio Frazano, 72 anos, contou que desde os 12 anos de idade aprendeu o ofício de gráfico na Imprensa Oficial do Estado, passando por vários setores até ser mecânico da gráfica. “Meu pai era marceneiro e carpinteiro da Imprensa Oficial, do Palácio do Governo e do Tribunal de Contas do Estado, e viu que eu não queria estudar e que gostava de ficar na rua, e começou a me levar desde cedo pra lá. Eu aprendi a dobrar jornal e a fazer uma parte da encadernação”, disse o servidor.
Ubirajara Frazano conta como funciona o trabalho realizado na IoepaMais conhecido como Bira, ele disse que virou uma espécie de aprendiz até por volta dos 16 anos, quando foi contratado, e até hoje se dedica à fotomecânica. “Fui criado aqui. O meu pai me ensinou a respeitar o meu trabalho e todos que também fazem parte dele. A Imprensa Oficial do Estado é como uma família”, acrescentou Ubirajara, que também trabalhou nos jornais “Folha do Norte”, por 5 anos, e “A Província do Pará”, por 23 anos.
Ele disse ainda que sentiu um pouco de dificuldade quando a Imprensa Oficial mudou de sede, passando a funcionar até 1985 no Chalé de Ferro, localizado na Avenida Almirante Barroso. “Eu morada em uma vila bem em frente ao antigo prédio da Imprensa Oficial, onde hoje funciona a Universidade do Estado do Pará (Uepa). Com a mudança de sede, tive que caminhar por uma hora do Telégrafo até a Avenida Almirante Barroso. Mas como sempre gostei de andar, não me importava”, afirmou.
Memórias - Também será homenageado o servidor José Roberto dos Santos, 70 anos, que entrou para a equipe de gráficos da Imprensa Oficial como aprendiz, em 1965, incentivado pelo irmão, que trabalhava no setor de encadernação.
Zé Roberto, como é chamado pelos amigos de trabalho, já tem mais de 50 anos na autarquia, onde passou por diversos setores. De ajudante de mecânica a organizador de matérias de linotipo e linotipista, foi acompanhando a modernização até a chegada das máquinas Offset.
“Demorei a me adaptar, pois era muito rebelde. Passava de setor para setor, mas foi bom pra mim, que aprendi muito com isso. A parte administrativa da Imprensa Oficial era no chalé de ferro, e atrás dele funcionava a banca de linotipo, o prelo de impressão, o jornal e a oficina tipográfica. Sete máquinas preparavam o Diário Oficial todos os dias, com dois turnos de funcionários”, recordou.
Nomeado aos 14 anos mediante licença do juiz de menor, em 12 de agosto de 1966, Zé Roberto começou a trabalhar como ajudante de mecânico. Aos 18 anos, foi nomeado linotipista, e agora está há mais de 10 anos trabalhando no setor de editoração, na montagem de livros, revistas e outros materiais gráficos que atendem aos órgãos e secretarias do Governo, ao lado dos servidores Raimundo Nonato, Edvaldo Sales, Nilton Nunes e Paulo Leite.
“A Ioepa faz parte da minha vida, e eu faço parte da vida dela, porque é mais de meio século de dedicação. Já passei por muitas gestões, e não estou aqui somente por estar, pois sei fazer o que me é repassado. Sigo cumprindo o meu trabalho, e espero continuar cumprindo bem”, finalizou.
Funcionário Zé Roberto e servidores da área de encadernação
Texto: Julie Rocha - Ascom/Ioepa