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HUMANIZAÇÃO

Práticas de pintura promovem relaxamento em pacientes oncológicos no Ophir Loyola

Usuários e acompanhantes contam com recursos como esse enquanto aguardam atendimento ou esperam a volta para casa

Por Luana Laboissiere (SECOM)
11/04/2022 09h05

Ambiente de escuta, amparo, aprendizado e compartilhamento de vivências. O Espaço Acolher do Hospital Ophir Loyola (HOL) amplia diariamente o rol de serviços aos assistidos e acompanhantes que chegam à casa de saúde. Priorizando o atendimento humanizado, os servidores mudam a rotina hospitalar, resgatam a autoestima e senso de valor de cada paciente. Durante as aulas, usuários conhecem ou aperfeiçoam técnicas de pintura em camisetas, uma oportunidade para relaxar, espairecer e até empreender.

A instrutora Maria da Conceição Almeida trabalha com arte há 12 anos. Descobriu esse potencial junto com a necessidade do sustento e viu no trabalho voluntário um propósito de vida. “Quando eu me vi divorciada, desempregada e com dois filhos, comecei a fazer decoupage em telhas para vender. O negócio deu certo e integrei vários cursos. Agora, me sinto feliz em poder repassar isso para outras pessoas. Não podemos desanimar diante dos desafios que a vida nos impõe e, ao avaliar a prática dos pacientes nesta atividade, sei que muitos podem encontrar neste trabalho um lazer, uma paixão e até uma fonte de renda. O primeiro e grande passo já foi dado”, afirma.

É com essa expectativa que Conce, como é carinhosamente chamada pelos alunos, inspira-os a acreditarem em si mesmos. “Quando faço trabalhos voluntários como esse no Ophir Loyola, saio cada vez mais grata. E aprendo muito com os pacientes e pretendo voltar mais vezes, pois acredito que é capacitando as pessoas que transformamos vidas. A mudança no semblante deles é praticamente instantânea. Ao serem convidados a participar, alguns dizem, de antemão, que não conseguem. Depois, quando apresentamos a técnica, eles ficam muito animados”, explica.

Atenta ao passo a passo indicado pela arte-educadora, Benedita Gonçalves, de 56 anos, não esconde o sorriso no rosto ao mostrar o coração florido desenhado pelas próprias mãos. “Ficou lindo, não ficou?”, indaga. A dona de casa tratou de um câncer no colo uterino em 2011 no HOL e, em 2020, descobriu uma neoplasia maligna na mama. No retorno ao hospital, notou mudanças. “Antes eu não via no hospital um ambiente para relaxar. Esse sentimento mudou, porque hoje contamos com essas atividades. Aqui eu me distraio de verdade e já estou pensando na possibilidade de pintar algumas peças e aumentar a renda”, adianta.

Renda

A estudante de pedagogia Melry Araújo, 31 anos, já se rendeu às atividades e hoje lucra com os trabalhos aprendidos no Espaço Acolher. Ela acompanha o cunhado, que realiza tratamento quimioterápico desde fevereiro deste ano.

“Fomos muito bem acolhidos e, enquanto meu cunhado faz a quimioterapia, eu fico aqui. Me surpreendi com o espaço, com os profissionais e comigo mesma. Nunca imaginei fazer artesanato e aqui aprendi a ganhar dinheiro com minhas peças. Já aprendi a fazer strep (peça feita com miçangas em um cordão usado como adorno de celulares), chaveiros, costuras, pinturas. Montei uma loja virtual e já tenho uma encomenda de 100 bonecas para o dia das mães”, comemora. 

Como gratidão, a estudante presenteou a recreadora Zoe Cotta com um chaveiro personalizado. O gesto emocionou a servidora. “É gratificante demais receber esse carinho. Contamos com muitos parceiros, servidores, voluntários, profissionais dedicados que fazem com que esse espaço cumpra o propósito de proporcionar bem-estar geral para os pacientes oncológicos”, afirma Zoe, anunciando que, em breve, o Espaço implantará novas práticas integrativas, yoga e acupuntura.

Quando o momento da doença fragiliza o usuário e familiares, é no tratamento humanizado e individualizado, que há garantia de dignidade e o resgate do amor-próprio por meio da afetividade.

“Só quem enfrenta um câncer sabe da importância dessas atividades. No HOL, eu me sinto acolhida de verdade. Estava passando pelo corredor, quando me abordaram e perguntaram se eu não queria tomar um café e descansar enquanto aguardava o atendimento. Quando entrei no Espaço, fiquei encantada, pois amo artesanato. Já fiz 32 sessões de radioterapia e quatro de quimioterapia. É uma luta difícil, mas a gente luta até vencer. Eu me emociono porque os profissionais não imaginam o quanto isso muda a nossa rotina”, confessa a brevense Oscarina Seixas, de 62 anos.

“Nos voltamos, constantemente, para pensar e repensar formas para melhor atender nossos usuários. Em breve, novas atividades serão implantadas e isso se deve a um compromisso firmado por essa gestão para com todos os servidores, usuários e familiares. Preconizando o conforto e bem-estar do paciente, a medicina humanizada busca o envolvimento de todos em um real compromisso voltado para a recuperação e promoção da saúde do paciente. É acolhendo, ouvindo e oferecendo tratamento digno e de qualidade que transformaremos a vida dessas pessoas”, conclui a diretora-geral do HOL, Ivete Vaz.

Texto: Ellyson Ramos/Ascom Hospital Ophir Loyola