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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

Regulariza Pará promove ações sustentáveis na Flota do Iriri

A expedição durou duas semanas com a atuação integrada de equipes da Semas, Ideflor-Bio e do Museu Paraense Emílio Goeldi

Por Aline Saavedra (SECOM)
05/04/2022 16h36

Servidores e moradores na região da Floresta do Iriri O Programa Regulariza Pará deu início à primeira etapa do Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia na Unidade de Conservação (UC) Floresta Estadual (Flota) do Iriri, no município de Altamira, no sudoeste paraense. A expedição durou duas semanas e foi realizada de forma integrada por equipes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas), pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio) e pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (Mpeg). 

A ação compõe a estratégia do projeto de apoiar a implementação de programas de promoção de conservação, recuperação e uso sustentável dos ecossistemas amazônicos. O objetivo é o de fortalecer políticas públicas, planos e ações voltados à proteção e recuperação da vegetação nativa e à gestão das florestas.

O principal objetivo desta primeira incursão foi dar início ao inventário florestal e realizar o diagnóstico ambiental da Floresta Estadual do Iriri para identificar áreas que tenham potencial para implantação de coleta de sementes, espécies florestais, folhas e frutos. Também houve aplicação de diagnóstico socioeconômico junto à população local.

A expedição teve início no último dia 14 de março, quando equipes de Belém e São Félix do Xingu se deslocaram para Altamira. A subida dos rios Xingu, Iriri e Curuá durou aproximadamente cinco dias de viagem de barco até a chegada na Flota do Iriri, onde permaneceram em contato com a população local.

Localizada ao sul da Altamira e com área de 440.493,00 hectares, a Flota do Iriri é uma Unidade de Conservação (UC) Estadual, gerenciada pelo Ideflor-Bio e integrante do Mosaico de áreas protegidas da Terra do Meio, constituído por UCs federais e estaduais, além de terras indígenas da região do Xingu. É categorizada como UC de uso sustentável e, a utilização de seus recursos florestais e ambientais, deve ser compatibilizada com a manutenção de sua biodiversidade.

A incursão foi a primeira oportunidade de contato direto com as famílias ribeirinhas ou beradeiras, que moram às margens do rio Curuá. O trabalho da equipe consistiu no diagnóstico socioeconômico daquelas famílias e na identificação das possíveis potencialidades para a geração de renda na região. Neste contato, foi apresentada à população local a proposta de implementação de uma Área de Coleta de Sementes (ACS), com foco no reflorestamento e no desenvolvimento da cadeia extrativista da região.

Nas entrevistas, a comunidade destacou a castanha do Pará, o cacau, o açaí nativo, a pesca, e o artesanato a partir das fibras do cipó-titica e ambé, utilizadas na fabricação de artigos usados diariamente pela população, como possíveis potencialidades econômicas da região. O desenvolvimento de projetos de apoio à produção local será debatido em parceria com os órgãos envolvidos para melhoria da qualidade de vida da população local.

Para as lideranças e moradores da Flota, essa primeira visita representa uma perspectiva de alento às dificuldades enfrentadas em área remota, principalmente em relação ao escoamento da produção de produtos florestais ou agrícolas, devido ao alto custo de transporte. Outra dificuldade que a população local enfrenta é a presença de atravessadores, que costumam comprar a produção das famílias beradeiras à um custo bastante inferior ao de mercado para posterior revenda.

Moradores locais, como Roberto dos Santos, o sr. "Bebé", que já rodou a Amazônia com o jamanxim (cesto feito de cipós) nas costas em busca do sustento de sua família, algumas soluções passam por Acordos de Pesca e produção de artesanato com os cipós titica e ambé. Para Vânio da Silva, o sr. "Pacu", a possibilidade de uma produção rentável o ano todo, com culturas agroflorestais cíclicas, é uma boa possibilidade de obtenção de renda. Ambos são os moradores mais antigos da Flota do Iriri, sendo considerados e respeitados como lideranças locais.

De acordo com o secretário adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental da Semas, Rodolpho Bastos, a implementação da área de coleta de sementes na Floresta Estadual do Iriri “é fundamental para a conservação de espécies florestais de significativos valores, pois essas áreas irão fornecer sementes e mudas para viveiros florestais que subsidiarão a recuperação de áreas degradadas e alteradas e assim contribuir com outros instrumentos da regularização ambiental”.

Segundo Fernanda Martins, gestora da unidade, “a ação foi importante para o fortalecimento do vínculo do Ideflor-Bio e demais instituições presentes na ação para com as comunidades, no qual nós temos o compromisso de levar alternativas sustentáveis para a melhoria da qualidade de vida das pessoas que lá residem e para a conservação ambiental destas áreas”.

Para Simone Gurgel, que ao lado de Dário Amaral e Carlos Silva integrou a equipe de pesquisadores do Museu Emílio Goeldi que participou da expedição, "o primeiro passo para obtenção sistêmica de propágulos, visando a recuperação de áreas cujos ecossistemas tenham sido alterados, é o planejamento para determinação das Áreas de Coleta de Sementes (ACS), importantes para obtenção de propágulos de qualidade”.

O estabelecimento de uma ACS começa com a prospecção para determinar a localização das matrizes (porta sementes) das espécies florestais, que ocorrem no ecossistema alvo do projeto de recuperação. Após a identificação e georreferenciamento das matrizes, estas passam a ser objeto de monitoramento fenológico, visando a coleta de sementes.

Reuniões - As próximas etapas do Projeto envolvem reuniões entre os órgãos envolvidos a respeito das informações coletadas, que subsidiarão discussões de estratégias conservacionistas e sustentáveis que contribuam para a obtenção da melhoria da qualidade de vida das famílias locais e, a manutenção da floresta “em pé”. A próxima etapa do projeto deve ser executada ainda no primeiro semestre de 2022, dando continuidade à execução das atividades.

COP26 - Durante a Convenção das Nações Unidas (COP26), em Glasgow, na Escócia, no final de 2021, o secretário adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental da Semas, Rodolpho Bastos, foi um dos painelistas do Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia. Na ocasião, ele destacou o apoio do projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia. No evento foram apresentadas as ações dos órgãos estaduais, que atuam de forma integrada no Projeto na APA Triunfo do Xingu: Semas, Ideflor-Bio, Emater e Instituto de Terras do Pará (Iterpa).